Transformar em ouro qualquer metal menos valioso, criar o elixir da imortalidade contra todos os males e criar um ser humano artificial. Assim podemos traduzir brevemente a busca dos alquimistas na Idade Média.
Hoje, essas ilusões foram trocadas por outras mais, digamos, pé no chão: se tornar uma pessoa ou um profissional melhor, obter maturidade emocional, explorar todo o potencial mental e físico, crescer na carreira… E, em vez de alquimistas, temos hoje os coachs e os gurus dos treinamentos e palestras.
No universo dos treinamentos, sem dúvida, há muita coisa boa e séria. Porém, exemplos não faltam de simplificações e platitudes que, assim como placebo, podem até ter o dom de acalmar as ansiedades momentâneas – mas não curam os males reais de pessoas, empresas e profissionais.
Ideias edificantes são bem-vindas, claro. E o mercado da autoajuda promove milagres reais. Principalmente para autores, palestrantes, consultores, coaches etc. – que enriquecem com suas ideias, conceitos, dicas e conselhos de “how to” e livros e mais livros na lista dos mais vendidos. Já para quem consome tudo isso…
Confesso: hoje sou um cético. Ao longo de minha vida, não foram poucas as oportunidades em que fui exposto a essas ideias, conceitos e mantras, em treinamentos sobre quase tudo.
Com o tempo e a maturidade, porém, percebi que tudo girava em torno de variações sobre o mesmo tema. E que as “soluções”, ideias e inspirações, que tanto empolgavam durante os eventos, evaporavam com a mesma rapidez que a água da chuva sobre o asfalto quente do verão.
Afinal, você é atropelado pela realidade, pelo trabalho, pelos colegas que não fizeram o treinamento, pela empresa que não está a fim de botar algumas ideias exequíveis em prática, pela dificuldade de “mudar cultura”. Não funciona em 99% das vezes pois nem todos estão no mesmo capítulo da novela “como mundo perfeito em 10 passos”. E isso não é mero detalhe e está acima da capacidade e da iniciativa individual.
Parafraseando Garrincha: já combinou com os russos?