Dependendo do escopo de um projeto, é necessário formar uma equipe multidisciplinar – um time composto por profissionais de diferentes perfis, funções, conhecimentos e habilidades. A coordenação dessa equipe deve ser feita por um gestor, indivíduo que será responsável por criar o ambiente e o clima adequados para que profissionais de setores distintos deem vazão à multiplicidade de conhecimentos em benefício de um propósito comum.
“Normalmente, o comitê executivo da empresa recomenda as pessoas das áreas que serão envolvidas e essa indicação é feita a partir do perfil do profissional em relação ao projeto”, explica Edna Rodrigues Bedani, professora de Pessoas, Carreira e Liderança nos cursos de Pós-Graduação e MBA da ESPM.
Uma equipe plural abre espaço para a inovação e a criatividade que levam o time a enxergar novas possibilidades, novas soluções e novos resultados. Essa diversidade cognitiva é a grande vantagem da equipe multidisciplinar, porque a reunião de pessoas com repertórios diferentes tem um potencial enorme de criação de processos mais organizados e entregas com resultados diferenciados e eficazes.
O sucesso do projeto depende da transparência na definição dos objetivos e na comunicação. O gestor precisa ter clareza sobre qual é a meta, para pensar na estratégia e em como as áreas envolvidas poderão trabalhar e contribuir.
“Ele convida as pessoas, explica o que é o projeto e pergunta se têm interesse em participar. Depois define os papeis e a responsabilidade de cada uma”, diz Edna. “A equipe tem que trabalhar alinhada e engajada e, para isso, precisa de sinergia e colaboração.” Cabe ao gestor a responsabilidade de planejar as ações individuais e da equipe, zelar pelo “azeitamento” e o desempenho do time. Ele tem que valorizar todos juntos e individualmente, dando feedbacks de avaliação do trabalho.
No início do projeto, é desejável que o líder se reúna com a equipe uma vez por semana para o acompanhamento do status do trabalho, dos indicadores e das metas. Além disso, é importante uma conversa individual com os envolvidos pelo menos a cada 15 dias, mas o líder se coloca disponível para atender alguém sempre que necessário.
A especialista explica que existem 5 estágios que orientam o trabalho em equipe:
Estágio de conhecimento: o time está em formação, as pessoas estão se conhecendo e as reuniões semanais contribuem para isso e para o líder identificar a sinergia do grupo ou se alguém destoa dele.
Estágio de confronto: as pessoas estão mais confortáveis e começam a se manifestar e a se posicionar, emitindo opiniões contra ou a favor de algo. Aqui o gestor observa como os profissionais se comportam e identifica quem está sintonizado ou não com o grupo.
Estágio de normatização: as pessoas se conheceram, entenderam os perfis de cada uma, começam a ter mais consenso e estão mais abertas para se relacionar e receber feedback.
Estágio de execução e desempenho: as pessoas estão mais flexíveis e prestativas, a equipe se envolve no projeto e aumenta o entendimento do propósito e da expectativa das entregas e o líder começa delegar mais.
Estágio de encerramento: após a conclusão do projeto, o líder mede os resultados e reconhece a equipe e seus integrantes individualmente por sua competência, empenho e contribuição.
“Geralmente, os conflitos acontecem entre a primeira e a segunda etapas de formação do grupo”, afirma Edna. Ela cita o consultor norte-americano Patrick Leoncini, autor do livro Os 5 Desafios da Equipes, que aponta que o conflito é um desafio que pode ser resolvido a partir de uma comunicação objetiva, respeitosa e empática, e quem baliza isso é o líder.
O gestor pode ser um desafio do projeto se ele não estiver bem capacitado, tendo investido anteriormente em autoconhecimento para seu autogerenciamento emocional e para estabelecer relações verdadeiras com as pessoas. “Ele precisa se preparar para gerir pessoas, precisa entender de diversidade humana, precisa se conhecer, ter auto liderança, inteligência emocional e dar feedbacks”, destaca Edna “Essa é a grande dificuldade, porque a liderança precisa aperfeiçoar essa habilidade de dar feedback constante para cada pessoa e para o grupo”.
Se essas competências emocionais não são bem trabalhadas, podem ocorrer problemas de relacionamento na equipe. Afinal, o líder tem que proporcionar um ambiente seguro onde as pessoas possam falar de medos, anseios, erros e acertos sem se sentirem julgadas. Isso ajuda na identificação dos conflitos velados, como aquele “climão” entre algumas pessoas que pesa no trabalho e pode colocar tudo a perder.