Por Matheus Noronha, Fernando Davidoff e Elbia Gannoum
A modernização dos setores de energia em todo o mundo tem sido discussão central para alcançar a descarbonização do mercado. Diversas estratégias como implementação de mercados de carbono, renovação de portifólio de ativos de energia e investimento em pesquisa e desenvolvimento, têm sido colocadas em prática por governos e empresas que perseguem cada vez mais os princípios da sustentabilidade. Para que essas estratégias sejam implementadas, especialmente em economias em desenvolvimento, os bancos e investimentos tem papel central na presente discussão.
Para financiar a transição energética e a descarbonização, a Europa se mobilizou oferecendo diferentes formas de investir e pacotes para retomada econômica, como o Green New Deal Europeu. A União Europeia destinará 1 trilhão de euros até 2030 a energias renováveis, economia circular, transportes sustentáveis, modernização de áreas rurais e outras ações inovadoras que podem proporcionar a redução do impacto climático, segundo informação divulgada pela Reuters. Estas ações visam reduzir a pegada de carbono até 2050, conforme aponta o relatório Net Zero by 2050 – A Roadmap for the Global Energy Sector, um dos principais documentos balizadores para estratégia governamental das nações.
Este mesmo movimento deve ser observado em países como Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia, que possuem diversos recursos naturais e cadeias produtivas em processo de estruturação, esperando investimentos para melhorar a infraestrutura energética local. Ao passo que estas economias possuem condições naturais e recursos para produção de energia, o risco institucional e a estruturação do arcabouço regulatório ainda são um desafio para muitos investidores e bancos que buscam retorno sobre as inovações trazidas pela transição energética.
Grande parte dos países em desenvolvimento também não possuem recursos para injeção de capital por meio dos governos, dada a forte deterioração fiscal das suas economias. Neste sentido, torna-se mais clara a importância de atrair recursos privados para investimentos em infraestrutura, cabendo aos governos propiciar um ambiente de negócios favorável, seja a capitais externos ou domésticos.
Não há dúvidas que existe no contexto global uma quantidade muito grande de capital buscando mercados para investir. Tais países se mostram importantes players globais em termos de atratividade, na retomada dos investimentos, sendo oportuno apresentar essas condições e buscar protagonismo neste processo.
O setor de energia renovável, potencializa a agregação de valor aos negócios, o que pode ser aprimorado com ações afirmativas para ampliar a confiança do investidor, a transparência e a melhoria do ambiente de negócios. Para que os países em desenvolvimento possam se destacar para angariar formas de financiamento global para transição energética, algumas ações são prioritárias, considerando a participação dos bancos e instituições financeiras. Confira a seguir:
É relevante ressaltar que os fluxos de investimentos de capital aportados por governos e bancos estarão concentrados em uma economia verde e conduzida pelas fontes de energia renovável, com destaque para energia eólica e solar, assim como demonstra o documento Financing Clean Energy Transitions in Emerging and Developing Economies da IEA. Estes investimentos serão uma janela de oportunidades para transição energética, e as economias emergentes terão notoriedade e papel central, visto que a produção de energia renovável em países como Brasil e China são extremamente competitivas, devido os recursos naturais e critérios de desenvolvimento de inovação tecnológica testados localmente.
Ao observar o contexto nacional, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, foi responsável por 70 a 80% do financiamento de infraestrutura no Brasil entre 2007-2017 e adotou estratégias de financiamento de longo prazo, baseadas no mercado, subsidiando empreendedores do setor de energia com flexibilidade para financiar projetos de fontes renováveis com retorno social. Por outro lado, o BNB – Banco do Nordeste Brasileiro, concentra concessões de créditos para o setor de infraestrutura, em que R$ 38,47 bilhões são direcionados para o setor de energias, especialmente geração eólica e solar, posicionando o banco como um vetor de fomento para o desenvolvimento do setor de energia da região.
Adicionalmente, segundo a Bloomberg New Energy Finance, bancos públicos e privados já se mobilizam e implementam estratégias de apoio a transição energética e inovação. Dentre estas ações estratégicas estão:
Agrupar em relatórios e documentos as principais empresas do setor energético que possuem práticas de governança corporativa com finalidade de impulsionar investimentos no setor. Incentivos financeiros para o mercado consumidor, objetivando a migração das empresas para o mercado livre de energia. Apoio na migração de pequenas e médias empresas para o mercado livre de energia, oferecendo contratos de fontes renováveis de forma personalizada à demanda do cliente. Adicionalmente, linhas de investimento exclusivas em empresas que possuem práticas ASG (Ambiental, Social e Governança).
Linhas de crédito para fontes de microgeração, especialmente energia solar fotovoltaica. Financiamento de placas solares com objetivo de fornecer acesso a energia lima e renovável para empreendedores e população.
Fundo de debentures incentivadas de infraestrutura e especialmente com foco em energia e ESG.
Títulos verdes para financiamento de projetos sustentáveis capazes de trazer benefícios ao meio ambiente, contribuindo para mitigar efeitos de mudanças climáticas.
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Fernando Davidoff é sócio da EWZ Capital e assessor de investimentos do BTG Pactual e sócio proprietário da Difuzão Sola, empresa do setor fotovoltaíco.
Elbia Gannoum é presidente executiva da ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica, Vice Chair do Board Global do GWEC – Global Wind Energy Council e Co-Founder da Energia da Transformação e Doutora na UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina.
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