“À mulher de Cesar, não basta ser honesta, deve parecer honesta.” Lá se vão quase 2100 anos desde que o imperador romano Júlio César sacramentou esse pensamento – exatamente em 63 a.C. Vista sob o prisma do hoje, da cacofonia das redes, dos cancelamentos e dos tribunais instantâneos da opinião pública, essa frase precisa ser repensada: “À mulher de Cesar não basta ser honesta, deve ser honesta”.
Por que digo isso? No mundo das aparências, o que mais vemos são influenciadores, figuras púbicas e até empresas criando uma versão “honesta demais” (ou perfeita demais, vá lá…) de si mesmos. Porém, nada que resista a uma confrontação do real.
Enquanto alguém que simula estar voando em primeira classe apenas para ganhar uns likes em seu perfil não prejudica muita gente além dos incautos seguidores da figura, há um campo minado quando empresas resolvem fingir ser o que não são. Ou seja: se esforçam para parecer – mas não para ser de verdade.
Tem mesmo um projeto social? Mostre. Mas, se apenas finge ou faz de conta, deixe pra lá. Seu produto é mesmo “verde”? Prove. Se não for, evite o mico. É mesmo uma empresa preocupada com os funcionários? Se uma busca breve na internet for desmenti-lo, melhor deixar pra lá…
Isso não significa que não deva perseguir esses valores – mas não cante vitória antes de o jogo começar. Ou seja: seja antes de querer parecer ser.
Tudo isso remete, portanto, a uma outra frase, essa de autoria desconhecida, mas que cabe aqui como uma luva: “você pode enganar uma pessoa por muito tempo, algumas por algum tempo, mas não consegue enganar todas por todo o tempo”.