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Bullying e invasão de privacidade no mundo corporativo

Jorge Tarquini
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Até onde a empresa pode avançar na investigação de “competências emocionais”, de sua personalidade e de suas características pessoais – e torná-las públicas ou um componente de sua avaliação profissional? Ou ainda, quanto isso deve pesar no seu enquadramento dentro de categorias e níveis de maturidade emocional – ou da exposição de seu humor? Nesse campo, as relações podem se tornar bem tóxicas…  

Sempre me senti meio invadido e exposto quando alguma atividade pensada para melhorar a integração da equipe ou aprimorar o team building me colocava numa caixinha e colava na minha testa uma definição, um adjetivo. Caótico, criativo, acolhedor, conflituoso…

Esses treinamentos comportamentais e outras atividades propostas por consultores nas empresas nas quais trabalhei, na minha experiência, sempre foram desconfortáveis.

Primeiro porque eu prefiro resolver minha vida psicanalítica em outro contexto, de forma privada e com um profissional que pode contribuir para eu me conhecer melhor.

Segundo que ninguém me consultou sobre qual o nível de intimidade que eu gostaria de ter com (ou que tivessem comigo) os colegas de trabalho.

Terceiro porque me soa um reducionismo cruel.

Quarto porque, depois que colam o post-it na sua testa, muita gente vai preferir avaliar você e seu trabalho por isso – em vez de pelo que você realmente realiza dentro da empresa.

Poderíamos ficar nessa lista até a posição 1000 – e o desconforto só aumentaria.

Nada contra exercitar e incentivar a inteligência emocional das pessoas no ambiente de trabalho e na melhora da composição e do desempenho de equipes. Mas há poréns: quem disse que socializar muito é bom? Ou que timidez é sinal de algo ruim? E quem mediu o quanto a característica A ou B prejudica ou aprimora o resultado do trabalho de alguém?

Na minha vida profissional, cansei de ver gente se aproveitando exatamente dessas panaceias-psicológicas-públicas-profundas-como-um-pires para diminuir ou anular alguém menos fulgurante, mas competente, e para (auto)promover nulidades que demonstravam muita competência emocional para hipnotizar a plateia de incautos.

Não vou generalizar: há coisas muito sérias nesse campo. Mas elas também não podem se tornar um machado pendendo na cabeça das pessoas acima de suas competências ou se tornar ingrediente na promoção do bullying corporativo ou da invasão da privacidade.

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Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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