Ponto de Vista

Cuidado com o que posta nas “suas” redes sociais

As fronteiras entre o público e o privado estão caindo com rapidez no uso das redes – e, nelas nada é privado se você mesmo divulga para todo mundo. Para o bem e para o mal

A invasão do Congresso dos Estados Unidos, à parte as cenas chocantes e o que tudo isso significou para a democracia ocidental, trouxe à baila uma discussão que, se não é nova, precisa ser entendida por todos: foi justo empresas demitirem funcionários que participaram ou tiveram papel de divulgação ou incentivo a esses atos em suas redes?

Casos de pessoas que são demitidas por externar suas opiniões, como já disse, não são novos. Mesmo no Brasil, já houve casos “menos óbvios” do que esse extremo nos EUA. Um exemplo? Pessoas que fizeram comentários que podem ser interpretados como racistas, sexistas, politicamente incorretos ou em desacordo com os valores e princípios de seus empregadores perderam seus empregos por aqui.

“Ah, mas é para tanto? A pessoa fez/disse isso no seu espaço pessoal/privado…”, defendem alguns. Não faz sentido. Digamos que algum funcionário da Natura, empresa que se posicionou com relação às pessoas trans em sua campanha para o Dia dos Pais, escreva uma crítica pública à campanha. Ela não é obrigada a trabalhar lá, já que não se identifica com a alma da empresa. E, caso tenha críticas, certamente as redes sociais não são o fórum ideal para uma troca de ideias…

Mas esses são casos extremos. Temos visto outras situações que trazem à tona questões delicadas – ou até bizarras. Postar fotos de biquíni ou sunga é coisa natural – desde que as imagens estejam disponíveis apenas para sua família e seus amigos mais próximos. O mesmo serve para postagens que envolvem consumo de álcool, ostentação, polêmicas de toda espécie.

A internet não dá direito ao esquecimento: é cada vez mais recorrente que alguém desenterre seu comentário feito anos e anos atrás para expor seus escorregões. Está tudo lá. Assim como quem não gosta de você vai escarafunchar sua vida digital (e as pegadas digitais são facilmente rastreáveis), seus futuros empregadores, sócios, fornecedores, clientes, funcionários não vão perder a chance. Ou você vai querer me convencer de que nunca fez isso com outras pessoas? Vulgo “stalkear”. A recíproca, aqui, é mais do que verdadeira…

Que lição tirar disso tudo? Você não precisa deixar de ser quem você é para trabalhar em qualquer lugar que seja. Porém, se quer mesmo manter seu espaço pessoal e íntimo, troque seu “milhão de amigos” e de likes por uma atuação mais discreta – liberando geral apenas para quem é mesmo íntimo.

Sua carreira e sua paz de espírito agradecem.

LEIA TAMBÉM:

Liberdade de Expressão x discurso de ódio: quando uma rede pode banir um usuário

LGPD: tudo o que você precisa saber sobre o tema em 11 perguntas e respostas

5G: as vantagens dessa tecnologia que irá transformar o mundo

Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

Recent Posts

Como conselhos podem ajudar na gestão de talentos

Entenda como conselhos administrativos podem impulsionar o crescimento da empresa e garantir sua sustentabilidade

2 dias ago

Microagressões contra as mulheres no ambiente de trabalho

Saiba o que são, como identificar e o que fazer; e conheça alguns dos tipos…

5 dias ago

Procrastinação: saiba mais sobre o hábito e como deixar de procrastinar

Entenda as causas e consequências da procrastinação, e o quanto esse comportamento pode revelar sobre…

1 semana ago

Conheça as diferenças entre gestor e líder e como se integram

Coordenadora da área de Carreira e Mercado da ESPM explica o que diferencia um gestor…

2 semanas ago

7 erros de precificação que sua empresa não deve cometer

Especialista aponta os erros mais comuns que podem impactar negativamente o cálculo do preço de…

3 semanas ago

9 séries e filmes sobre moda para se inspirar

Produções contam as histórias de estilistas famosos, como Christian Dior, Coco Chanel e Yves Saint…

3 semanas ago

This website uses cookies.