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Sucesso profissional não está ligado ao salário, mas sim ao propósito de vida, diz especialista

Patrícia Rodrigues
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Coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM analisa as mudanças acentuadas pela pandemia e como o autoconhecimento ajuda a pautar decisões e ações diante dos novos paradigmas

Você sabe definir o que é uma carreira de sucesso? Pode esquecer conceitos como permanecer anos em uma mesma empresa, salário atraente e uma receita infalível para seguir. “Há um bom tempo, as carreiras estão mais difusas — ninguém permanece por anos ou a vida inteira em uma organização como no passado”, explica a professora Adriana Gomes, coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM. “O que define uma carreira de sucesso é o quanto ela está alinhada com objetivos e propósitos de vida, assim como o quanto essa atividade é coerente com os anseios de cada pessoa. Hoje, o sucesso passa mais por essa percepção do que pela estabilidade”, completa.

E é justamente essa percepção, de acordo com a especialista, que sinaliza quando “chega a hora de se mexer”. O sentimento de estagnação — isto é, a vontade de querer fazer coisas novas — impulsiona para o crescimento, seja fazendo novos cursos, networking, viajando, tudo junto e misturado “Muitas vezes, as oportunidades não são sempre tão evidentes assim como a gente imagina”, alerta a professora. “Elas costumam surgir dos relacionamentos que construímos, porque a nossa identidade está em constante construção e evolução.”

Para ela, cada nova experiência (de vida ou profissional) nos municia de novas descobertas e insights — que nos levam a outros caminhos e oportunidades. Por isso, estar “aberto para se abrir ou para ouvir o novo” pode ser o primeiro passo para atingir a sua meta. “E, eventualmente, até se arriscar um pouco — especialmente porque a vida nem sempre nos apresenta garantias e certezas. A única é a de que ela acaba e temos que aproveitar esse tempo para realizarmos as coisas”, aconselha.

Não há certo nem errado

A ferramenta indispensável para a tomada de decisões, escolhas e ações — sejam elas pessoais ou profissionais — de acordo com a especialista, é o autoconhecimento. “Ele nos possibilita seguir em direção ao que é mais adequado às expectativas e também para ajudar a enxergar, avaliar e escolher as oportunidades que fazem sentido naquele determinado momento da vida.”

A especialista conta que a experiência em consultório revela que muitas pessoas se acostumam com o “a vida vai indo” ou “não é tão ruim assim” e, quando percebem, já passaram dez anos em um lugar onde não se sentem desafiadas nem atualizadas.

Novas expectativas na pandemia

Durante a pandemia, a expectativa das pessoas em relação ao trabalho mudou muito (“não quero mais trabalhar presencialmente todos os dias”, “perder duas horas no trânsito” etc.) — tanto que muitas trocaram até de casa, como se observa pela busca de moradias em cidades litorâneas ou no interior. “Houve uma quebra de barreira, porque antes existia o paradigma de que as pessoas só trabalhariam se estivessem no escritório”, conta.

Foi também o divisor de águas para as pessoas descobrirem que o que elas queriam antes não é mais a mesma coisa a partir desse período que ainda vivemos, especialmente em relação à qualidade de vida. “As pessoas continuam trabalhando, mas mais próximas de seus filhos, uma relação que, no modelo presencial, acabava nem existindo muitas vezes, além da alimentação de melhor qualidade, a possibilidade de fazer 15 minutos de exercícios. Quanto à carga horária, ninguém deixou de trabalhar ou trabalhou menos. Pelo contrário.”

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Qual é o seu combo?

Dedicar-se integralmente à carreira ou ter espaço para outras atividades e relacionamentos? Qual é o seu pacote para definir o que é ser bem-sucedido na vida? Mais uma vez, a professora Adriana explica que a resposta está no autoconhecimento, que ajuda a entender “o que é sucesso”, uma vez que cada pessoa tem a sua medida. Adriana explica que o “sucesso” hoje deixou de estar focado na questão monetária e passa pela percepção de qualidade de vida, bastante reforçada pela pandemia.

Nesse novo mindset, por enquanto, não há uma receita: hoje são vários caminhos de sucesso e, dentro das organizações, os gestores têm que aprender a lidar com essa diversidade que se reflete em tudo, inclusive nas muitas possibilidades e múltiplas escolhas. Se há vinte anos era o acúmulo financeiro, hoje pode ser o desapego, o compartilhamento, a economia colaborativa.  “as pessoas são diferentes, gostam de coisas distintas e buscam tantas outras. Algumas empresas, mais antenadas a esse movimento de bem-estar, já estão fazendo essas adaptações para tornar os ambientes mais acolhedores — como permitir levar pet, flexibilidade de horários, espaços para desestressar etc. Mas, isso não significa uma cobrança menor. Muito pelo contrário”, finaliza.

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Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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