Visto de nômade digital: entenda o que é e como funciona

Você já pensou na possibilidade de trabalhar enquanto viaja para diferentes destinos? Alguns profissionais já adotaram esse tipo de prática, conhecida como nomadismo digital. De acordo com o relatório Global de Tendências Migratórias 2022, divulgado pela empresa especializada em serviços de imigração mundial Fragomen, 35 milhões de trabalhadores no mundo se encaixam no perfil de nômade digital. O levantamento também aponta que esse número deve chegar a 1 bilhão até 2035. 

Nômade digital é um termo utilizado para definir profissionais cujas demandas de trabalho podem ser cumpridas de forma remota, ou seja – por meio de um computador que tenha conexão com a internet –, sem a necessidade de comparecer a um escritório. Para quem escolhe atuar dessa maneira, a localização não é um empecilho. Por isso, outra característica muito associada a esse estilo de vida é o hábito de viajar. 

“O nômade está sempre em movimento. Não tem uma casa fixa. O nômade, quando digital, é digital porque se apropria da internet para executar seu trabalho de qualquer lugar do mundo – mantendo sua carreira ou criando uma nova. O nômade digital trabalha de forma remota, mas nem todo trabalho remoto necessariamente é feito por nômades digitais”, explica Matheus de Souza, 34 anos, que já atuou como nômade digital.  

Matheus é escritor e educador. Natural de Imbituba, Santa Catarina, hoje, ele tem uma residência fixa em Paris, França. No entanto, durante os últimos seis anos, o profissional viveu como nômade digital e até chegou a escrever um livro sobre esse estilo de vida. “Vivi uma vida nômade em 30 países. Comecei a viajar porque queria conhecer novas culturas, pessoas e sabores. Para mim, esse é o principal benefício. Você aprende que, independentemente da cultura, da crença, do idioma, dos costumes, da criação, pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo. Tem os mesmos sonhos, ficam felizes, ficam tristes. Sua cabeça fica mais aberta na estrada”, conta. 

Rafael Carneiro, 33 anos, é jornalista e atua como correspondente internacional. Mas não trabalha como nômade digital. O repórter vive em Santiago, Chile, há quatro anos, e presta serviços para veículos locais e do Brasil. “Eu me mudei para o Chile em 2019 para cursar uma pós-graduação em comunicação digital. Naquele ano, decidi seguir no país porque eu vi que aqui teria um espaço interessante para me desenvolver profissionalmente”, comenta.  

Segundo o jornalista paulistano, existem vantagens e desvantagens em construir uma carreira fora do Brasil. “Fora o desenvolvimento profissional e ter que começar tudo praticamente do zero, o fato de estar em contato com outra cultura é o principal benefício. Além disso, aprendi a valorizar ainda mais o Brasil. Há muitas coisas boas no nosso país e que não valorizamos ou reclamamos. Quando você vive em outro país, você passa a ter um olhar de fora”, avalia. 

Para Matheus, o maior desafio para quem sonha em trabalhar no exterior é dar o primeiro passo. “O maior desafio é fazer a primeira viagem. A preparação, os medos, a ansiedade. Tudo é novo, tudo é uma página em branco. Com o tempo você se acostuma e vê que é muito mais simples do que parece. Para viver como nômade digital, basta ter um passaporte, um trabalho remoto, uma passagem e um lugar para ficar”, completa. 

Em poucas palavras, trata-se de um documento que permite que profissionais de países estrangeiros e que podem realizar os seus respectivos trabalhos de forma remota passem períodos curtos ou prolongados atuando de maneira independente no exterior. 

Além do Brasil, outros países também já adotaram o visto de nômade digital. De acordo com o relatório Global de Tendências Migratórias 2022, realizado pela Fragomen, essa lista é composta por pelo menos 23 destinos. Entre eles, estão Argentina, Barbados, Costa Rica, Croácia, Dubai, Estônia e Grécia. 

Trata-se de um visto destinado a estrangeiros que queiram viver no Brasil trabalhando para empresas de outros países. Para conseguir esse tipo de documento, o estrangeiro precisa cumprir alguns requisitos. Entre eles, estão apresentar uma declaração que afirme a capacidade de executar as suas atividades profissionais de forma remota, o contrato que certifica o vínculo do requerente com um empregador estrangeiro, e uma comprovação de meios de subsistência que seja equivalente a um montante mensal igual ou superior a US$ 1,5 mil ou que corresponda a uma disponibilidade de fundos bancários no valor mínimo de US$ 18 mil. A resolução que regulamenta a concessão de visto de nômade digital no Brasil foi publicada em janeiro de 2022. 

LEIA TAMBÉM: 

Intercâmbio: orientadora de carreiras esclarece dúvidas que vão te ajudar a escolher o tipo e o destino 

8 dicas para conquistar uma oportunidade de trabalho presencial ou remoto fora do país 

6 passos para planejar sua carreira