Comunicação

10 erros comuns na divulgação de vagas de emprego

Adriana Gomes, coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM, enumera os erros mais comuns na divulgação de ofertas de emprego, cometidos tanto por empresas quanto por empreendedores individuais

Levante a mão quem nunca se deparou com uma proposta de trabalho indecente! Elas costumam ser tantas e tão descabidas que o assunto rende sites, piadas, memes e grupos para discutir a “falta de noção” de empresas, recrutadores, empreendedores e particulares na hora de anunciar suas vagas. Por trás do exagero e do bom humor dos comentários, elas só mascaram a precarização do trabalho — ainda mais em tempos de pandemia.

Número excessivo de horas, salários (ou até a falta dele), ausência de benefícios mínimos e exigências que não condizem com o perfil do trabalho encabeçam a lista de queixas.  E não estamos falando de anúncios no ponto de ônibus, no elevador ou no grupo do condomínio, feitas por pessoas sem qualquer informação sobre Recursos Humanos — até certo ponto “desculpáveis”.  “Por necessidade, por currículo, por amor ao trabalho, pela oportunidade de aprender as pessoas aceitam e se sujeitam a certas condições”, observa a coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM.

A produtividade do candidato pode ser até alta no começo, mas decai a médio prazo e deteriora a saúde física e mental do colaborador, que está em um ambiente tóxico e marcado por relacionamentos abusivos. “O próprio anúncio da vaga já costuma antecipar um pouco dessa realidade, cuja repercussão pode parecer ‘engraçada’ em um primeiro momento”, acrescenta. “Mas devemos estar atentos a esse tipo de tirania, que pode partir tanto de jovens gestores manipulados por necessidade de resultados quanto de grandes investidores.”

Não quer ser motivo de piada, críticas e ataques? Conheça os principais erros ao anunciar vagas:

1. Falta de noção

Exige habilidades que mais se assemelham às do Super Homem, da Mulher Maravilha e de superprofissionais em termos de qualificação e competência, mas com um salário totalmente incompatível “para baixo” (ou sem anunciar a remuneração);

2. Excesso de requisitos

Desconhecimento da dimensão adequada das competências necessárias para a vaga (quer tudo e mais um pouco para “se garantir”);

3. Exigências sem sentido

Descrever e exigir habilidades que nada têm a ver com a proposta da vaga ou ao cargo. Exemplo: o anúncio é para a área de vendas, mas precisa fazer café às 9h e passear com o cachorro quando necessário;

4. Confundir benefícios com salário

Oferecer salário muito abaixo do praticado pelo mercado ou trabalho em troca de hospedagem, aprendizado, “experiências edificantes”, viagens, participação no lucro (se e quando houver), entre outras;

5. Postura arrogante e julgadora

Adianta, logo de cara, que se o candidato não está a fim de virar madrugadas, ele é preguiçoso, não pode fazer parte do time, não apresenta postura engajada ou não é comprometido, entre outras afirmações. A vida profissional exige certos sacrifícios, mas a vaga já denota que essa prática é política contumaz da empresa;

6. Confundir mimos com benefícios

Destacar “agradinhos” como geladeira cheia de guloseimas, videogames, salas de atividades lúdicas para “desestressar” e equipe “bacana e acolhedora” para mostrar como é legal trabalhar nesse lugar “informal”, em detrimento de direitos adquiridos por lei, como o vale-refeição e alimentação, entre outros;

7. Buscar mão de obra barata

Por exemplo, buscar um estagiário para realização de atividades compatíveis com cargos superiores na hierarquia;

8. Esquecer que as pessoas têm vida

Iniciar a entrevista com frases do tipo: “aqui não tem sábado, domingo ou feriado” e “esqueça que tem uma família”;

9. Bancos de horas ilusórios

Prometer bancos de horas compensáveis no lugar do pagamento de horas extras:  que jamais serão “devolvidas” (ou até mesmo remuneradas), especialmente quando a rotatividade dos funcionários costuma ser alta;

10. Enaltecer home office sem dar condições adequadas

Destacar todas as vantagens do home office (não precisa deslocamento, almoço em casa etc.), mas não oferecer  ajuda de custo com internet, energia elétrica, não determinar a hora para acabar (até cumprir a demanda ou projeto) ou intervalos, mas o candidato tem que estar sempre disponível por WhatsApp ou e-mail — inclusive para reuniões fora do horário “combinado”, o que vem acentuando as síndromes e fadigas por excesso de telas.

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Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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