Levante a mão quem nunca se deparou com uma proposta de trabalho indecente! Elas costumam ser tantas e tão descabidas que o assunto rende sites, piadas, memes e grupos para discutir a “falta de noção” de empresas, recrutadores, empreendedores e particulares na hora de anunciar suas vagas. Por trás do exagero e do bom humor dos comentários, elas só mascaram a precarização do trabalho — ainda mais em tempos de pandemia.
Número excessivo de horas, salários (ou até a falta dele), ausência de benefícios mínimos e exigências que não condizem com o perfil do trabalho encabeçam a lista de queixas. E não estamos falando de anúncios no ponto de ônibus, no elevador ou no grupo do condomínio, feitas por pessoas sem qualquer informação sobre Recursos Humanos — até certo ponto “desculpáveis”. “Por necessidade, por currículo, por amor ao trabalho, pela oportunidade de aprender as pessoas aceitam e se sujeitam a certas condições”, observa a coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM.
A produtividade do candidato pode ser até alta no começo, mas decai a médio prazo e deteriora a saúde física e mental do colaborador, que está em um ambiente tóxico e marcado por relacionamentos abusivos. “O próprio anúncio da vaga já costuma antecipar um pouco dessa realidade, cuja repercussão pode parecer ‘engraçada’ em um primeiro momento”, acrescenta. “Mas devemos estar atentos a esse tipo de tirania, que pode partir tanto de jovens gestores manipulados por necessidade de resultados quanto de grandes investidores.”
Não quer ser motivo de piada, críticas e ataques? Conheça os principais erros ao anunciar vagas:
Exige habilidades que mais se assemelham às do Super Homem, da Mulher Maravilha e de superprofissionais em termos de qualificação e competência, mas com um salário totalmente incompatível “para baixo” (ou sem anunciar a remuneração);
Desconhecimento da dimensão adequada das competências necessárias para a vaga (quer tudo e mais um pouco para “se garantir”);
Descrever e exigir habilidades que nada têm a ver com a proposta da vaga ou ao cargo. Exemplo: o anúncio é para a área de vendas, mas precisa fazer café às 9h e passear com o cachorro quando necessário;
Oferecer salário muito abaixo do praticado pelo mercado ou trabalho em troca de hospedagem, aprendizado, “experiências edificantes”, viagens, participação no lucro (se e quando houver), entre outras;
Adianta, logo de cara, que se o candidato não está a fim de virar madrugadas, ele é preguiçoso, não pode fazer parte do time, não apresenta postura engajada ou não é comprometido, entre outras afirmações. A vida profissional exige certos sacrifícios, mas a vaga já denota que essa prática é política contumaz da empresa;
Destacar “agradinhos” como geladeira cheia de guloseimas, videogames, salas de atividades lúdicas para “desestressar” e equipe “bacana e acolhedora” para mostrar como é legal trabalhar nesse lugar “informal”, em detrimento de direitos adquiridos por lei, como o vale-refeição e alimentação, entre outros;
Por exemplo, buscar um estagiário para realização de atividades compatíveis com cargos superiores na hierarquia;
Iniciar a entrevista com frases do tipo: “aqui não tem sábado, domingo ou feriado” e “esqueça que tem uma família”;
Prometer bancos de horas compensáveis no lugar do pagamento de horas extras: que jamais serão “devolvidas” (ou até mesmo remuneradas), especialmente quando a rotatividade dos funcionários costuma ser alta;
Destacar todas as vantagens do home office (não precisa deslocamento, almoço em casa etc.), mas não oferecer ajuda de custo com internet, energia elétrica, não determinar a hora para acabar (até cumprir a demanda ou projeto) ou intervalos, mas o candidato tem que estar sempre disponível por WhatsApp ou e-mail — inclusive para reuniões fora do horário “combinado”, o que vem acentuando as síndromes e fadigas por excesso de telas.
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