Pesquisas de opinião não são algo novo: elas existem desde o século 19, impulsionadas pela presença da imprensa. Com o passar dos anos, as metodologias e técnicas aplicadas para a coleta de dados foram se aperfeiçoando, de modo a diminuir as margens de erro perante os resultados, transmitindo maior credibilidade. No entanto, muita gente ainda discute seu papel.
A professora Denilde Holzhacker, coordenadora Geral de Pesquisa e Pós-graduação Stricto Sensu da ESPM, explica que ainda há a necessidade de melhorar a apresentação desses resultados, especialmente porque o público leigo desconhece os modelos estatísticos e como elas são feitas.
“Pesquisar também é algo muito caro, ainda mais as presenciais, e tem toda uma questão da análise da coleta de informação, feita por profissionais especializados. Uma melhor apresentação também serve para a opinião pública ganhar confiança nelas e não apenas para serem utilizadas como ferramenta de campanhas, com leitura parcial”, observa a especialista, que lançará um livro em parceria com o Canal MyNews sobre a importância das pesquisas eleitorais nos contextos democráticos.
Confira a seguir 7 perguntas e respostas para entender as pesquisas eleitorias:
É uma ferramenta que utiliza diferentes metodologias para refletir a opinião das pessoas sobre qualquer assunto em um determinado momento. No caso da pesquisa eleitoral, ela pode começar um ou dois anos antes, mostrando como as pessoas mudam de opinião, o que pode refletir também em um resultado muito diferente.
Para quem vota, ainda persiste uma grande dúvida se uma pesquisa feita com duas mil pessoas reflete um eleitorado de milhões. Para dirimir questões como essa, é preciso esclarecer que todas as pesquisas utilizam metodologias e técnicas para ter a maior acuidade possível dentro dos resultados, que incluam uma amostra de qualidade para apresentar as tendências. Além disso, os próprios institutos se autorregulam para minimizar as margens de erros.
Dessa maneira, para o eleitor não deveria se importar com quem realizou a pesquisa (mesmo que tenha sido financiada por um banco, por exemplo a responsabilidade pela metodologia é do instituto e são os pesquisadores que vão a campo para a coleta de dados).
Neste momento de polarização, fica muito claro que as pesquisas desfavoráveis a um candidato podem ser questionadas e alvo de ataques. Soma-se a esse cenário, um elevado número de pesquisas falsas divulgadas nas redes sociais.
O importante é que o eleitor saiba que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obriga que todas as pesquisas divulgadas sejam registradas, com a explicação da metodologia utilizada, de modo a garantir a qualidade da informação.
Da mesma forma que servem para acompanhar as percepções e as demandas do eleitor, as pesquisas também vão modulando os discursos, as estratégias e os posicionamentos de cada um dos candidatos. É um material para entender as propensões do eleitorado e determinar diretrizes a cada semana.
Desde 2014, cresceram as pesquisas patrocinadas por bancos e outras entidades para análises de risco e entender os impactos das campanhas — e, embora patrocinadas e utilizadas antes internamente, elas se baseiam em metodologias de institutos reconhecidos. Isso porque o Brasil apresenta um cenário de risco elevado para investidores, além de incertezas já que o momento político sempre impacta nos investimentos. É a forma que os bancos se “preparam” para os diferentes tipos de riscos a curto, médio e longo prazos.
De acordo com a especialista, não existem estudos conclusivos, mas percepções: pode ser que um eleitor indeciso com simpatia por um candidato com pouca chance faça um voto útil para outro melhor posicionado. Ou então, faça o voto útil para quem está na frente para que ele vença logo no primeiro turno. Outros ainda escolham o de menor alcance para aumentar a competitividade ou no que tem maior possibilidade de barrar outro candidato. “Em casos de uma campanha definida por dois, não votar em um terceiro que não apresenta qualquer chance nessa equação”, observa Denilde.
“Os críticos das pesquisas entendem que esse movimento aconteça pela divulgação desses resultados semanais. Ela é mais uma ferramenta para o eleitor e não necessariamente decisiva. Por isso, as falsas pesquisas visam criar um ambiente de descrédito para o leitor, diminuindo o peso de um grupo nos debates.”
A professora ainda explica que as campanhas no Brasil estão cada vez mais “pobres” em termos de discussão de ideias e plataformas, com pouco ambiente para debate. “Mas isso também é um fenômeno global. Sem rádio e sem TV, o que se vê são cada vez mais bolhas que não conversam entre si. Então, as pesquisas passam a ser importantes para ajudar o eleitor fazer a sua lógica de decisão e entender como podem ser os futuros cenários.”
Utilizar a página do Facebook e propor testes para os usuários não tem a validade de pesquisa. Os seguidores podem postar 100 milhões de respostas, mas isso não significa a mostra representativa da população, trazendo resultado enviesado dentro de uma bolha.
O eleitor pode se informar por meio dos agregadores de pesquisas — uma ferramenta que calcula estatisticamente a média ponderada para mostrar a evolução, semana a semana, dos resultados de diferentes pesquisas registradas, mostrando a variação e as curvas de cada candidato. Conheça alguns agregadores:
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