Pesquisas

Pesquisas eleitorais: 7 perguntas e respostas para entender a importância

Baseadas em diferentes metodologias, elas ajudam o eleitor a decidir o voto, especialmente em campanhas com ausência de debates de ideias e plataformas de governo

Pesquisas de opinião não são algo novo: elas existem desde o século 19, impulsionadas pela presença da imprensa. Com o passar dos anos, as metodologias e técnicas aplicadas para a coleta de dados foram se aperfeiçoando, de modo a diminuir as margens de erro perante os resultados, transmitindo maior credibilidade. No entanto, muita gente ainda discute seu papel.  

A professora Denilde Holzhacker, coordenadora Geral de Pesquisa e Pós-graduação Stricto Sensu da ESPM, explica que ainda há a necessidade de melhorar a apresentação desses resultados, especialmente porque o público leigo desconhece os modelos estatísticos e como elas são feitas.  

“Pesquisar também é algo muito caro, ainda mais as presenciais, e tem toda uma questão da análise da coleta de informação, feita por profissionais especializados. Uma melhor apresentação também serve para a opinião pública ganhar confiança nelas e não apenas para serem utilizadas como ferramenta de campanhas, com leitura parcial”, observa a especialista, que lançará um livro em parceria com o Canal MyNews sobre a importância das pesquisas eleitorais nos contextos democráticos. 

Confira a seguir 7 perguntas e respostas para entender as pesquisas eleitorias:  

O que é uma pesquisa de opinião?

É uma ferramenta que utiliza diferentes metodologias para refletir a opinião das pessoas sobre qualquer assunto em um determinado momento. No caso da pesquisa eleitoral, ela pode começar um ou dois anos antes, mostrando como as pessoas mudam de opinião, o que pode refletir também em um resultado muito diferente. 

Pesquisas eleitorais são confiáveis?

Para quem vota, ainda persiste uma grande dúvida se uma pesquisa feita com duas mil pessoas reflete um eleitorado de milhões. Para dirimir questões como essa, é preciso esclarecer que todas as pesquisas utilizam metodologias e técnicas para ter a maior acuidade possível dentro dos resultados, que incluam uma amostra de qualidade para apresentar as tendências. Além disso, os próprios institutos se autorregulam para minimizar as margens de erros. 

Dessa maneira, para o eleitor não deveria se importar com quem realizou a pesquisa (mesmo que tenha sido financiada por um banco, por exemplo a responsabilidade pela metodologia é do instituto e são os pesquisadores que vão a campo para a coleta de dados). 

Neste momento de polarização, fica muito claro que as pesquisas desfavoráveis a um candidato podem ser questionadas e alvo de ataques. Soma-se a esse cenário, um elevado número de pesquisas falsas divulgadas nas redes sociais.  

O importante é que o eleitor saiba que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obriga que todas as pesquisas divulgadas sejam registradas, com a explicação da metodologia utilizada, de modo a garantir a qualidade da informação.  

Como os candidatos e as campanhas utilizam as pesquisas?

Da mesma forma que servem para acompanhar as percepções e as demandas do eleitor, as pesquisas também vão modulando os discursos, as estratégias e os posicionamentos de cada um dos candidatos. É um material para entender as propensões do eleitorado e determinar diretrizes a cada semana. 

Por que o mercado financeiro investe em pesquisas eleitorais?

Desde 2014, cresceram as pesquisas patrocinadas por bancos e outras entidades para análises de risco e entender os impactos das campanhas — e, embora patrocinadas e utilizadas antes internamente, elas se baseiam em metodologias de institutos reconhecidos. Isso porque o Brasil apresenta um cenário de risco elevado para investidores, além de incertezas já que o momento político sempre impacta nos investimentos. É a forma que os bancos se “preparam” para os diferentes tipos de riscos a curto, médio e longo prazos. 

Pesquisas influenciam o eleitor?

De acordo com a especialista, não existem estudos conclusivos, mas percepções: pode ser que um eleitor indeciso com simpatia por um candidato com pouca chance faça um voto útil para outro melhor posicionado. Ou então, faça o voto útil para quem está na frente para que ele vença logo no primeiro turno. Outros ainda escolham o de menor alcance para aumentar a competitividade ou no que tem maior possibilidade de barrar outro candidato. “Em casos de uma campanha definida por dois, não votar em um terceiro que não apresenta qualquer chance nessa equação”, observa Denilde.  

“Os críticos das pesquisas entendem que esse movimento aconteça pela divulgação desses resultados semanais. Ela é mais uma ferramenta para o eleitor e não necessariamente decisiva. Por isso, as falsas pesquisas visam criar um ambiente de descrédito para o leitor, diminuindo o peso de um grupo nos debates.” 

A professora ainda explica que as campanhas no Brasil estão cada vez mais “pobres” em termos de discussão de ideias e plataformas, com pouco ambiente para debate. “Mas isso também é um fenômeno global. Sem rádio e sem TV, o que se vê são cada vez mais bolhas que não conversam entre si. Então, as pesquisas passam a ser importantes para ajudar o eleitor fazer a sua lógica de decisão e entender como podem ser os futuros cenários.”  

Enquetes nas redes sociais podem ser consideradas pesquisas?

Utilizar a página do Facebook e propor testes para os usuários não tem a validade de pesquisa. Os seguidores podem postar 100 milhões de respostas, mas isso não significa a mostra representativa da população, trazendo resultado enviesado dentro de uma bolha. 

Como acompanhar as pesquisas?

O eleitor pode se informar por meio dos agregadores de pesquisas — uma ferramenta que calcula estatisticamente a média ponderada para mostrar a evolução, semana a semana, dos resultados de diferentes pesquisas registradas, mostrando a variação e as curvas de cada candidato. Conheça alguns agregadores:  

Estadão 

Poder 360 

Uol  

CNN 

Quer ver mais conteúdos sobre tecnologia, negócios e comunicação?

Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

Recent Posts

Retrospectiva 2024: confira 20 fatos que marcaram o ano

Relembre os principais acontecimentos, descobertas e surpresas do ano de 2024.

16 horas ago

11 livros incríveis recomendados por Bill Gates

Lista traz leituras aprovadas pelo cofundador da Microsoft. Veja o que Bill Gates tem a…

19 horas ago

6 ferramentas gratuitas para manter a organização no trabalho

Lista reúne indicações de diferentes tipos de plataformas digitais que podem ajudar na organização da…

1 semana ago

A importância do descanso para a saúde e qualidade de vida

Saiba o quão importante é descansar e como se desligar em meio à agitação diária…

2 semanas ago

Marketing social: conheça o trabalho de uma consultoria especializada

Conheça a história e o trabalho da Rubi Group, fundada por Kelsey Flitter, que usa…

2 semanas ago

O que é CX e como usar na publicidade

Professora da ESPM explica o que é CX, como se relaciona com a publicidade e…

3 semanas ago

This website uses cookies.