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Por que a comunicação de massa não é a principal estratégia para mobilização social?

Natália Gonzales
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Para que haja a mobilização de pessoas, elas precisam de informações, compartilhar visões, emoções e conhecimento diante da realidade que as circundam

Qual a relação esforço x retorno de pautar uma causa em grandes veículos de comunicação de massa? Qual o impacto disso na mobilização efetiva de pessoas em determinada causa?

Na minha trajetória do mestrado, pude encontrar literaturas que traziam à tona o debate sobre a comunicação como fator preponderante para a mobilização social. Nesse artigo, compartilho com vocês alguns dos pontos refletidos ao longo desse processo.

Ao considerar os projetos mobilizadores como iniciativas de caráter aberto, dinâmico e descentralizado, a comunicação tem o papel muito além de apenas informar, compreendendo também a criação de uma interação entre os projetos e suas causas com seus respectivos públicos por meio do compartilhamento de sentidos e valores.

Com isso, espera-se que os vínculos dos públicos com os projetos sejam fortalecidos e, assim, eles sejam “capazes de tomar iniciativas espontâneas de contribuir à causa dentro de suas especialidades e possibilidades”, como descrito no livro Comunicação e Estratégias de Mobilização Social, de Márcio Simeone Henriques.

Estratégias de comunicação para criar vínculos

A proposta é compreender a comunicação mobilizadora como uma coordenada de ações, e não somente como uma ferramenta ou instrumento de controle de ações. O grande desafio de pensar a comunicação como uma coordenação de ações é o de gerar e manter canais livres para a comunicação, para que assim, os públicos possam interagir entre si e com a causa do projeto.

Como descrito na obra de Henriques, o planejamento da ação comunicativa deve existir no sentido de permitir a tomada de posições a respeito de questões críticas e estratégicas e de motivar, associar e integrar os diversos públicos através da criação, da manutenção e do fortalecimento dos vínculos de cada público com o projeto instituído.

Para que haja a mobilização de pessoas diante de determinada causa, elas precisam, no mínimo, de informação, porém também precisam compartilhar visões, emoções e conhecimento diante da realidade que as circundam e, assim, podem gerar uma reflexão e debate para mudança.

Comunicação de massa, macrointencional e microintencional

A comunicação de massa é fundamental para difundir, dar legitimidade à causa, contribuindo para aumentar a sua força de convocação. A mídia pode ser considerada como uma importante opção para a divulgação de informações referentes a determinadas causas, principalmente no que diz respeito ao alcance que ela proporciona. Porém, não pode ser considerada como a única e nem a principal estratégia a ser utilizada, principalmente por considerar como objetivo a busca da identificação dos públicos com determinado projeto e, com isso, atingir uma participação efetiva.

“O conhecimento e o desenvolvimento da comunicação são fundamentais para projetos de mobilização, principalmente no novo cenário social, onde as lutas pelo reconhecimento tornam-se lutas por visibilidade”, como descrito no livro Comunicação e Estratégias de Mobilização Social.

Já a comunicação macrointencional compreende um fluxo contínuo de informações. Este fluxo deve existir para que as ações locais permaneçam atualizadas e coerentes com a causa, considerando que um processo de mobilização é algo dinâmico e está suscetível a mudanças em seu percurso.

A comunicação dirigida (ou microintencional) pode ser compreendida como o processo que busca transmitir ou conduzir informações, ao estabelecer uma comunicação frequente com um determinado público, promovendo uma maior proximidade entre os indivíduos e possibilitando ações mais coesas. Todas as ações de comunicação precisam sempre estar alinhadas e coerentes ao caráter próprio da mobilização.

Em Visões de futuro: responsabilidade compartilhada e mobilização social, Henriques considera ainda que um projeto mobilizador necessita produzir e divulgar uma grande quantidade de informação de qualidade, com o objetivo de circular os conhecimentos produzidos entre os diferentes atores envolvidos e instruir a ação para mobilização. Consideramos informação de qualidade aquela que informa e orienta de forma a permitir os sujeitos a se posicionarem e agirem dentro do projeto.

Diante dos desafios de mobilizar os públicos na conjuntura contemporânea, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de que a comunicação seja tratada de uma maneira estratégica.

É necessário ver a comunicação não apenas sob o ponto de vista técnico, como um campo de conhecimento específico, mas enxergá-la de modo mais amplo como uma competência fundamental a que todos devem ter direito e sem a qual não podem os sujeitos coordenar suas ações, posicionar-se no mundo e transformá-lo como sugere Henriques.

Tratando-se da atuação estratégica da comunicação, um de seus princípios é estabelecer vínculos entre as organizações e seus diferentes públicos por meio da criação e manutenção de uma rede que estruture e acompanhe os elos criados, permitindo assim uma melhor compreensão do processo comunicativo.

Como você está facilitando espaços para criação e manutenção desses vínculos de pessoas com a sua causa?

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Natália Gonzales

Co-founder da Nuclear.HUB cujo propósito é conectar pessoas, causas e marcas. Relações Públicas e mestra em comunicação pela Unesp, atuando com comunicação em organizações como Amcham, Mondelez International, Fundação Abrinq e Oracle.

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