Inovação

Entenda o design thinking e suas possíveis aplicações

Marcelo Pimenta, professor da ESPM, explica como essa abordagem centrada no ser humano é fundamental para a inovação das empresas, para o melhor engajamento das equipes e para as melhores experiências dos consumidores

Você sabia que existe uma ferramenta que faz toda a diferença nas nossas tomadas de decisões, sejam elas da vida pessoal ou profissional, nos ajudando a ser mais inovadores e assertivos? O design thinking é uma abordagem centrada no ser humano, uma nova forma de ver o mundo, podendo ser aplicada em n situações. “Não é uma ferramenta, nem uma metodologia porque pode ser desenvolvida, adaptada e exercitada a partir da ativação de três habilidades que todos já temos: a empatia, o poder da colaboração e a experimentação (prototipação)”, explica o professor Marcelo Pimenta, especialista no assunto que leciona em cursos de pós-graduação, MBA e férias da ESPM. “Já na esfera organizacional, é a maneira de ver o mundo a partir dos olhos do cliente. Não importa o tamanho da empresa.”

Em um primeiro momento, pode parecer algo um tanto “abstrato”, mas veja como é fácil de entender — e de aplicar. “Empatia é a nossa capacidade de se colocar no lugar do outro para saber o que as pessoas querem, de como posso colaborar, o que oferecer de novo ao meu cliente. Lógico que ninguém coloca todas as ideias em prática do dia para a noite. Por isso, a importância de testar, de fazer protótipos de produtos ou de ações que nos ajudam a ‘acertar’ de uma forma melhor”, detalha o especialista. “Esta é a forma de entender melhor (abordar) o mundo muito mais do que criar expectativas, além de gerar produtos e serviços que sejam desejados pelos clientes, acessíveis a eles, tecnicamente possíveis e financeiramente lucrativos para os empresários.”

Essa lição vale para a vida. Para profissão que deseja seguir ou até para aquele sonhado mochilão. Imagine que você tem interesse em cursar administração de empresas. Claro que vai pesquisar essa área. Mas, de acordo com a abordagem do design thinking, não só isso. “Ela inclui justamente essa empatia de falar com donos de empresas, de saber o que outros administradores pensam sobre a atividade. Para estar a par disso tudo, precisará da colaboração das pessoas que trabalham com esses administradores, como elas avaliam essa gestão. Isso é importante para não ter apenas um ângulo sobre o assunto, mas uma visão participativa e colaborativa. Na etapa da experimentação, passará o dia estagiando com o administrador, observando como ele trabalha”, exemplifica. “No caso do mochilão também vale: ninguém quer ficar planejando uma viagem durante um ano para descobrir, na primeira noite em uma barraca, que nada disso tem a ver com você”, comenta.

Por que o design thinking é cada vez mais importante

Para o professor Pimenta, a abordagem conquista mais espaços porque ela se contrapõe a um jeito de pensar que é dominante. Nem precisa ir muito longe assim: há 20 anos, talvez o modo mais legal de viajar seria procurar a melhor agência de viagem. Mas, e se no final, o usuário detesta a experiência? “Não tem mais aquela coisa de publicitário gênio criativo. Hoje, é inconcebível não se colocar no lugar do outro, ouvir a opinião de toda a equipe e testar antes de colocar hoje um comercial na televisão ou fazer um anúncio. Acredita-se que um produto feito no método tradicional de inovação (“cabeça de alguém”) tem apenas 8% de chance de dar certo”, revela. “Surpresas, nesse caso, não são bem-vindas. Especialmente porque o comportamento do consumidor está mudando rapidamente em um mundo cada vez mais complexo.”

Vantagens são muitas

Além da economia de tempo, de recursos e a assertividade, adotar o design thinking traz outros benefícios às equipes que o integram às suas rotinas organizacionais. O clima também pode se tornar mais leve, mais alegre, mas sem perder a seriedade e objetividade: as pessoas também apreciam trabalhar dessa nova  maneira, onde podem interagir e se expressar (contra o tradicional, onde alguém dizia o que deveria ser feito enquanto a equipe apenas executava).

“Dentre as vantagens, no âmbito mais prático, maior engajamento de todos, tanto do público quanto da equipe, maior comprometimento, sem desperdício de tempo ou de recursos, uma vez que o contexto é ajustado ao longo do caminho”, enumera o professor.  “Na esfera mais subjetiva, estão habilidades como a tolerância ao erro, o respeito às divergências. Além de desenvolver a paciência, de entender que cada um tem seu ritmo, seu grau de absorção da tecnologia, da mudança em si e de que não podemos atropelar algumas coisas, porque o usuário está no ritmo dele, entender que as pessoas pensam de forma diferente. E está tudo bem!”

E na prática?

O design thinking proporciona, sempre, melhorias. “Na verdade, ele é o caminho para a experiência positiva do cliente, tanto do que aciona a agência, quanto do cliente final daquele produto”, acrescenta Pimenta. “Essa abordagem faz com que nos conectemos com as necessidades do usuário para entender suas reais necessidades, permitindo oferecer uma boa experiência. É fácil: a festa é para o convidado; a viagem para o turista. E não para atender os desejos de alguém que teve uma ideia.”

Portanto, dizer que “conhece seu mercado e seu consumidor” pode dar muito errado. “O mercado não é homogêneo, nem todos estão querendo a mesma coisa”, explica o professor. “Existem grupos, cada um deles tem características próprias, e empresas se conectam com nichos e segmentos para atendê-los com a experiência esperada e às suas necessidades. Basta observar a oferta de produtos, pacotes e serviços diversificados e personalizados. Essa é a década do consumidor.”

Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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