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Guia do mercado pet: tudo o que você precisa saber

Confira tendências do setor, os números do mercado pet no Brasil e as oportunidades de negócios e trabalho que o segmento oferece

A pandemia aqueceu o mercado pet em todo o mundo e não foi diferente no Brasil. O país, inclusive, aproveitou muito bem essa onda e hoje é o terceiro do planeta em faturamento depois da China (segundo lugar) e dos Estados Unidos. De acordo com relatório da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o Brasil participa com 4,95% de um faturamento global de 149,8 bilhões de dólares.

“O mercado pet vem acompanhando as mudanças na sociedade e os pets entraram na casa como um membro da família multiespécie”, explica Marcelo Pimenta, professor de Criatividade e Inovação em cursos de graduação e de pós da ESPM, incluindo o Inovação no Trade Marketing do Varejo Pet. “Esses animais ocupam um espaço que transcende a relação de companhia como antigamente. Hoje é mais ligado a sentimento e emoção e tem mais protagonismo”.

Como resultado, há uma mudança significativa na maneira como são consumidos produtos desse segmento e muitas possibilidades de crescimento ou empreendimento de novos negócios na área. Confira:

O que é o mercado pet?

O setor é composto por produtos e serviços destinados a animais de convívio humano. Os principais são gatos, cães, peixes ornamentais, aves ornamentais, pequenos mamíferos e répteis. De acordo com o relatório da Abinpet, a maior população de pets no Brasil são os cachorros (67,8 milhões), seguidos pelos gatos (33,6 milhões), as aves (41,3 milhões) e outros animais (2,7 milhões).

A presença animal nos lares do país mudou o modo de vida doméstico e dos pets. “As práticas sociais mudam e por isso surgem novas necessidades e novos produtos e serviços”, afirma Helton Leal, gerente de Merchandising da PremireRPet e professor do curso Inovação no Trade Marketing do Varejo Pet da ESPM.

Para se ter ideia do que essas alterações de comportamento e convívio significam, hoje existem móveis como sofás, poltronas, camas específicas para pets e detalhes funcionais como lâmpadas fotossensíveis colocadas em pontos estratégicos para acenderem e iluminarem o caminho de animais idosos que circulam pelos ambientes da casa de madrugada. Se a ideia for distrair os peludos quando o tutor não está em casa, pode-se recorrer à Dog TV, canal a cabo para telespectadores pet.

De acordo com o relatório da Abinpet, a maior população de pets no Brasil é de cachorros (67,8 milhões) Foto: iStock

Como é o mercado pet no Brasil

Em 2023, o faturamento desse mercado foi de 47 bilhões de reais no Brasil. Desse montante, 78% se refere ao setor de alimentos, 15% correspondem ao segmento de medicamentos e 7% ao nicho de pet care, que compreende serviços como banho, tosa, tratamento de beleza, roupas, brinquedos e outros itens.

Pimenta explica que a tendência é o aumento desses números, porque há muitas oportunidades a serem exploradas nesse mercado. “Há cerca de 30 anos um veterinário era mais zootecnista e hoje tem especialidades veterinárias para pets”, comenta.

Quais são as oportunidades do setor pet

1. Alimentos

O mercado tem muito potencial de negócio. Os alimentos são cada vez mais pesquisados, inclusive como coadjuvantes terapêuticos no tratamento de doenças renais, diabetes e alergias, por exemplo. De acordo com Leal, esse segmento ainda tem muito o que crescer no Brasil, porque os fabricantes estão sempre se atualizando em busca de produtos adequados às necessidades dos animais. “A PremieRPet tem um centro de pesquisas onde estuda as raças e suas predisposições para doenças e entrega uma nutrição adequada conforme a raça”.

Esses alimentos são nichados nas categorias Premium e Super Premium, focadas na oferta de produtos balanceados e fabricados com ingredientes de primeira qualidade para garantir o melhor aproveitamento para o bom desenvolvimento do animal e a manutenção da saúde. Na esteira das rações Premium surgiram as Super Foods, que são a trend do momento: comida feita com frango korin, cranberry, cúrcuma, linhaça e batata doce, entre outros ingredientes naturais.

“A tendência é a alimentação natural, um nicho a ser explorado no Brasil. Atualmente, cerca de 20% do mercado nacional é de alimentação natural, enquanto nos EUA é de 80%”, afirma Pimenta, sinalizando um caminho com muito potencial.

2. Saúde e estilo de vida

O pet de hoje integra o núcleo familiar e tem importância afetiva para os tutores, que querem prover a melhor qualidade de vida para seus amigos. Isso se traduz no investimento em tratamentos de saúde física e oral, fisioterapia, adestramento, psicólogo, tosas específicas de acordo com a raça, brinquedos e acessórios conforme o tipo e tamanho do animal e especificidades para pets idosos terem mais conforto ao final da vida.

Nesses segmentos existem várias oportunidades e o segredo é ser criativo e fazer diferente. Um empreendedor pode, por exemplo, abrir uma clínica de fisioterapia aliada a cuidados estéticos, oferecendo serviços de banho e tosa, hidratação de pelos, massagem e roupas. Hospitais veterinários poderiam criar seus próprios planos de saúde e odontológicos, enquanto uma creche poderia ter uma loja de brinquedos e acessórios. De acordo com os professores da ESPM, o segmento de pet lifestyle oferece uma gama maior de possibilidades de novos negócios. Aliás, foi nesse nicho que surgiram as vendas recorrentes, funerárias e crematórios.

3. Lojas

Em cidades pequenas ainda hoje os alimentos são vendidos em casas de ração naquele modelo rural e com pouca variedade de marcas e produtos. “Quando se leva uma loja especializada para regiões onde não existia esse tipo de negócio, ela muda o mercado, deixando-o mais premium, e mostra para as pessoas produtos de qualidade que elas não conheciam”, explica Leal.

Pimenta explica que a maior rede de produtos para pet do Brasil tem cerca de 350 lojas distribuídas pelo país. Nos Estados Unidos, a líder de varejo pet possui cerca de 2.500 filiais. Levando-se em conta que o Brasil é o terceiro maior mercado mundial do segmento, há muito espaço para quem tiver espírito empreendedor para conquistar praças e consumidores.

4. Segmento de luxo

Coleiras, roupas e acessórios de grife já têm seu lugar garantido no universo pet, especialmente fora do Brasil. Marcas como Gucci, Louis Vuitton, Moschino, Céline e Zara possuem linhas pet que, além de roupas, incluem móveis como camas e poltronas para os peludos. No Brasil, a Tok&Stok comercializa tapetes, camas, casas e acessórios, e várias empresas de pequenos empreendedores produzem kits para a gatificação de casas, compostos por degraus, cubos, arranhadores, pontes e escadas fixadas na parede.

Em setembro do ano passado, a K9 Jets fez seu primeiro voo internacional para pets. A aeronave partiu de Dubai com destino a Farnborough, próximo a Londres, com todos os assentos vendidos ao custo de cerca 10 mil dólares só de ida. Em operação desde 2022, a empresa já transportou mais de 220 pets em jatinhos nos Emirados Árabes.

Tendências do mercado pet

“No Brasil existem mais pets do que crianças nas casas”, afirma Leal. Partindo dessa realidade, empreendedores e empresas devem se perguntar de que forma podem prever tendências a partir das práticas sociais do mercado pet para projetar futuros possíveis.

Segundo o especialista, o pet vai ser protagonista na hora da compra, por mais estranho que possa parecer. Por meio de eye tracking será possível detectar a vontade do animal a partir do que chama a atenção dele na escolha de produtos em uma loja ou site. “Ele poderá escolher a partir de uma tecnologia que decodifica o comportamento dele”.

O segmento de alimentação também pode se abrir para o que já é realidade nos Estados Unidos: o uso de proteínas de insetos na fabricação de ração. “É um proposta sustentável e de altíssima qualidade nutricional”, explica Leal. Fora isso, as possibilidades são muitas quando se tem mentalidade inovadora a partir de uma observação investigativa desse setor.

Mercado de trabalho

Além de veterinários, zootecnistas e nutricionistas especializados, o segmento pet tem demanda de profissionais que atuam no varejo, na indústria, em marketing, operações e trade marketing, além, claro, de empreendedores que desejam trabalhar nesse segmento. Para isso, vale buscar especializações como o curso Inovação no Trade Marketing do Varejo Pet da ESPM.

Roberta De Lucca

Jornalista colaboradora do Trendings.

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