Ponto de Vista

Experiência e inovação: precisamos buscar o equilíbrio

Quem chega tem a energia e o frescor. Quem já está tem o background. Que tal juntar as duas coisas para trilhar os caminhos da inovação?

Quando eu tinha 26 para 27 anos, tive uma oportunidade de ouro na minha carreira: me tornei um dos mais jovens diretores de redação da história da maior editora de revistas de então, assumindo o timão de uma importante publicação. Mas sei que o meu mérito pessoal foi a menor fração dessa conquista: de nada adiantaria qualquer talento que eu tivesse – ou até mesmo a energia e o frescor de um jovem profissional – se, antes de chegar lá, eu não tivesse tido a mentoria e a preparação de quem me precedeu.

Conto essa história pois, ainda hoje, é difícil encontrar lideranças que tenham essa generosa capacidade de acolher e formar – igualmente jovens talentos (não que me considerasse um…) dispostos a ouvir e aprender, sem achar que têm o dom de saber tudo e de ter todas as respostas que os “mais antigos” não encontraram.

Hoje, a tecnologia pode nos tornar obsoletos a todos (jovens ou nem tanto). Difícil se manter “up to date” em todos os campos, sobre todas as novidades, tecnologias, processos e métodos. E com um agravante: a precarização de muitas carreiras também fez com que posições de chefia fossem “juniorizadas” por salários menores (muitas vezes fazendo com que o estagiário de ontem se torne o chefe de hoje, sem escalas pelo que antes chamávamos de carreira).

Muitas empresas já entenderam que a convergência é a chave para o equilíbrio: não adianta ter apenas decanos ou apenas jovens mentes brilhantes. É como água e sabão. Uma não limpa sozinha e o outro não produz espuma sozinho. Apenas o contato de ambos é que vai promover limpeza de verdade.

Aí, termino contando mais uma história pessoal: durante muitos anos, minha família se consultou com o mesmo médico, o Dr. Airton. E assim foi até pouco antes de ele morrer. Quando minha irmã estava grávida, a acompanhei a uma consulta. Fiquei encantado quando vi que ele usaria um estetoscópio de Pinard para os auscultar os batimentos do bebê.

Era ainda pouco usual fazer exames de ultrassom a cada um ou dois meses, como hoje, mas eles já existiam (e se fazia apenas dois ao longo da gravidez à época). Perguntei por que não pediria o então moderníssimo exame de imagem. “Exames são como remédios: é preciso saber por que prescrevemos”, explicou. “Tudo o que eu preciso saber esta cornetinha me informa. Se eu notar algo errado, peço o exame para saber o que é: somamos esforços sem cometer desperdícios.”

Tudo é questão de achar o ponto de equilíbrio – e saber reconhecê-lo…

Para quem não conhece, esse é um estetoscópio de Pinard Foto: Shutterstock
Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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