Conheça a rotina de quem trabalha com jornalismo de moda

Jornalismo de moda Foto: iStock

Jornalistas da Glamour e da Vogue falaram sobre os desafios de quem atua nesse segmento e deram dicas para estudantes, durante evento na ESPM

Se você planeja seguir carreira em jornalismo de moda, provavelmente já se imaginou tendo uma rotina parecida com a da personagem Andrea Sachs, do filme O Diabo Veste Prada, ou de uma das protagonistas da série The Bold Type. Mas será que a ficção condiz com a realidade? Como é o cotidiano de quem trabalha nessa área? É o que fomos investigar em um painel no 1º Encontro Redações Glamour e Vogue na ESPM, evento exclusivo para estudantes e ex-alunos da Pós-graduação em Negócios e Marketing de Luxo Contemporâneo e da Pós-graduação em Negócios e Marketing Digital para Moda e Beleza, realizado nessa quinta-feira (25).

Veja o que descobrimos sobre o trabalho na área:

A rotina não é só “glamour”

O cotidiano de quem segue carreira em moda é preenchido por atividades que vão muito além dos estereótipos. “Quando a gente pensa em uma revista de moda, as pessoas têm essa coisa de filme. O glamour é para quem lê. A gente que trabalha é um operário da moda, conhecendo pessoas, conversando com marcas, fazendo esse trabalho de curadoria e edição”, afirmou Sam Tavares, stylist da Vogue Brasil. “O privilégio, para além dos produtos e das coisas bonitas que a gente tem acesso, é esse capital humano, trocar com as pessoas.”

As tendências estão dentro e fora das passarelas

Uma das palavras que fazem parte do vocabulário de quem atua no mercado de moda é tendência. De acordo com as palestrantes, elas devem ser observadas dentro e fora das passarelas. “Eu acredito que você precisa estar de olho nas tendências, e não só do que está na passarela. É importante acompanhar a semana de moda de Paris? Super. Mas também é importante acompanhar o que está acontecendo na rua, o que está rolando na música, no cinema, em uma série da Netflix”, disse Bárbara Tavares, redatora-chefe da Glamour Brasil.

A jornalista explicou que uma das formas de produzir esse tipo de conteúdo e conquistar o público é por meio de referências. “O mais importante é que essas referências sejam plurais. Quanto mais você conseguir trazer da sua realidade para o que você trabalha, para o que você escreve ou produz, vai ficar mais com a sua cara, vai ter a sua essência, e é isso que vai, de fato, trazer as pessoas para que te ouçam, assistam, leiam.”

O mercado da moda está aberto para novos profissionais

Segundo Paula Merlo, editora-chefe da Vogue Brasil, houve uma época em que o mercado de moda era restrito. Hoje, no entanto, esse setor está mais aberto para novos talentos. “A moda nunca foi tão colaborativa, é para todo mundo entrar, é para você fazer parte. Há poucos anos, era uma coisa muito fechada, era uma patota”, avaliou. “A gente recebe currículos de novos fotógrafos que são incríveis e, talvez, se não tivessem as redes sociais, a gente não descobriria essas pessoas.”

É preciso se adaptar às transformações tecnológicas

Diversos segmentos tiveram que se adaptar à chegada de novas tecnologias, e com a moda não foi exceção. De acordo com os profissionais da Vogue e Glamour, conhecer e utilizar essas ferramentas é uma estratégia para se manter relevante. “Nem todo mundo quer ler revista impressa, nem todo mundo tem dinheiro para pagar uma revista impressa. Então, a gente tem que usar as outras plataformas. Vogue não é só uma revista, é uma grande plataforma de moda”, afirmou Paula.

“Para se manter relevante, a gente precisa trabalhar com o que já foi feito no presente e olhar para as novas gerações, para conversar com as pessoas e ampliar essa audiência”, disse Sam. “De maneira geral, a inteligência artificial, na moda, está presente principalmente nos processos. Não necessariamente na criação, mas por trás, na gestão, não no produto final, embora tenha também”, exemplificou Renata. “[Na Glamour], a gente sempre foi se moldando conforme a chegada de novas tecnologias, novas redes, das mudanças do mundo.”