fbpx
LOADING

Digite para procurar

Veja impactos da inteligência artificial na comunicação

Roberta De Lucca
Compartilhar

As IAs generativas são uma ameaça ou aliadas de quem trabalha com comunicação? Especialista explica e diz como utilizar a tecnologia ao seu favor

A popularização de ferramentas de IA tem levantado questões sobre os impactos da inteligência artificial em diversos segmentos e na área da comunicação mais ainda. Afinal, modelos generativos – projetados para criar conteúdos – como o ChatGPT têm sido cada vez mais usados e há quem afirme que a IA vai levar muita gente a perder o emprego. Mas será que é isso mesmo? Para responder a essa e outras perguntas, conversamos com Carlos Rafael Gimenes das Neves, professor de Web e Computação Cognitiva no curso de Ciências de Dados e Negócios da ESPM.

“Costumo dizer que a IA generativa é um liquidificador. Grandes modelos de linguagem são muito bons para achar padrões, similaridades e extrair significado, e isso acontece a partir da base de informações de plataformas como o ChatGPT”, afirma Neves.

Como funciona um modelo de linguagem

A IA generativa é treinada com uma enorme quantidade de informações e as entregas são feitas a partir desse banco de dados. O Chat GPT tem uma base com textos jornalísticos, blogs, sites e artigos científicos, entre diversas fontes de conteúdo, e cada vez que uma pessoa conversa com o modelo de linguagem e pergunta algo específico ele pode encontrar um padrão de respostas. Isso porque o trabalho é feito por meio de estatísticas para extrair significado de texto, já que essas plataformas não raciocinam como um ser humano e não têm noção do que estão produzindo.

Neves explica que existem 4 grupos de IA:

  1. Máquinas reativas: respondem a estímulos, como jogos.
  2. Sistemas de memória limitada: modelos de linguagem recordam sempre a última conversa com o interlocutor e não todos os pedidos de busca.
  3. Sistemas compatíveis com a teoria da mente: entendem que suas ações impactam no outro – um modelo de linguagem não ensina como se faz uma bomba caseira.
  4. Sistemas autoconscientes: a máquina tem consciência de que ela existe – algo semelhante ao computador Hal 9000, do filme 2001, Uma Odisseia no Espaço.

A inteligência artificial vai substituir humanos?

Os sistemas de memória limitada largamente utilizados hoje podem ajudar quem trabalha com comunicação, minando a ideia de que a IA vai deixar muitas pessoas desempregadas. “O que eu e muitos professores dizemos é que vai tirar o emprego de quem não sabe usar a IA para ser produtivo”. E como tirar o melhor proveito da ferramenta? Fazendo um prompt bem feito, ou seja, o humano tem que saber pedir para a máquina o que precisa, em vez de achar que ela fará tudo por ele.

Na vida prática, uma empresa valoriza mais o profissional que usa sua criatividade e seu repertório de conhecimento para atuar junto com o modelo de linguagem, do que aquele que não trabalha com a IA generativa e faz um planejamento de marketing do zero, no esquema old school.

Como usar a IA a seu favor?

Além de o modelo de linguagem ajudar a construir pontes de raciocínio e conexões, as coisas são feitas com mais rapidez. Um jornalista pode escrever uma reportagem e pedir para a IA editar o texto e colocá-lo no tamanho correto para publicação e obter o resultado em questão de segundos, em vez de trabalhar durante horas. Dá para escrever roteiros, e-mail marketing e até livros, entre tantas alternativas.

Para os designers existem plataformas como a Soul Machines, para criar pessoas digitais, e a Civitai, para criar pessoas, animais, cenários e outros conteúdos de design gráfico. “É uma evolução dos bancos de imagens com a vantagem de que a pessoa pode personalizar o material”. E como fica para os fotógrafos? Depende. Uma agência pode continuar investindo em campanhas com humanos e quem tiver estrutura pequena pode aproveitar a infinidade de possibilidades da IA para produzir o material digitalmente.

O ser humano sempre é necessário

Independentemente do produto de comunicação, Neves frisa que o ser humano é fundamental para dar o comando e o tom. Quem trabalha com texto precisa saber dialogar e abastecer a plataforma com informações de uma maneira muito específica, para que ela entregue o que se espera sem cair em bifurcações. Mesmo assim o humano precisa checar as informações relevantes e temperar o texto (ou a imagem) com seu estilo pessoal. “O texto até pode vir com uma piadinha, mas não tem a pegada do autor humano e pode não ter a alma que a agência queria”, comenta Neves.

Como fica o futuro dos conteúdos com a IA?

Estudos recentes apontam que se a IA usa conteúdo da internet para treino dos modelos de linguagem, e se cada vez mais blogs e produtores de conteúdo trabalharem com o ChatGPT sem nada novo e sem uma curadoria que adicione o tempero humano citado acima, daqui cerca de 10 anos o conteúdo digital pode entrar em um círculo vicioso de conteúdo e forma. Diante dessa possibilidade, uma faísca corrobora o que Carlos Neves disse: um bom prompt fará a máquina trabalhar a favor de quem utilizar a IA como parceira de trabalho.

Tags:
Roberta De Lucca

Jornalista colaboradora do Trendings.

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *