Você já se perguntou como a tecnologia tem impactado o mercado de trabalho? É um questionamento necessário quando acompanhamos a evolução tecnológica dos últimos anos. “Entramos na indústria 4.0 e agora se fala em sociedade 5.0 e numa transferência dos meios de produção para o digital. Assim, a ideia fabril perde um pouco de sentido”, afirma Edney “InterNey” Souza, professor do curso ChatGPT e Outras IAs para Marketing Digital do Dynamic ESPM.
Antigamente, para entregar um produto era necessária uma fábrica e hoje existem muitos produtos digitais que nos mostram claramente essa mudança. Para divulgar músicas, imprimia-se um disco de vinil, depois veio o CD e hoje existe o streaming, facilitando a vida de quem não tem contrato com uma gravadora, por exemplo. O mesmo acontece com revistas, jornais e livros, que podem ser lidos em tablets ou Kindle.
Esses exemplos bem próximos do dia a dia das pessoas mostram as adaptações que esses mercados sofreram para entrega novas possibilidades de uso, e também revelam a velocidade das mudanças, que segundo InterNey, como o professor é mais conhecido, levam cada vez menos tempo para terem aderência da sociedade.
“O telefone foi criado em 1876 e demorou 75 anos pra chegar a 100 milhões de pessoas. O celular existe desde 1976 e levou 16 anos para alcançar 100 milhões de pessoas”, comenta, traçando as primeiras entradas de uma linha do tempo que ele criou para exemplificar como as empresas e a sociedade vem se adaptando com mais rapidez e facilidade à tecnologia.
Seguindo o fio dessa timeline, o celular se populariza e surge o Black Berry com a proposta revolucionária da ergonomia do teclado qwerty. O equipamento vira trend, as concorrentes correm atrás do prejuízo e em 2007 surge a Apple abalando as estruturas com o iPhone, um telefone sem teclas, veja só. Os consumidores mudam o foco, aderem à novidade e em 3 anos e meio o iPhone estava na mão de 100 milhões de usuários.
Lembra que o primeiro telefone demorou 75 anos para alcançar 100 milhões de pessoas? Agora basta ligar os fios e entender que a tecnologia acelera a entrada de novos produtos e serviços no mercado por dois motivos: as indústrias estão cada vez mais avançadas e a experiência do consumidor melhora. “O iPhone não fez as pessoas questionarem nada. Era só mais uma experiência (de uso). As pessoas já sabiam o que era celular, já tinham como entender o que era o iPhone e sua nova tecnologia”.
Três anos depois do lançamento do iPhone surge o Instagram, que só rodava nesse smartphone e conquistou 100 milhões de usuários em 2 anos e meio. Em cima dessa proposta, veio o TikTok com um algoritmo mais viciante e em 9 meses 100 milhões de jovens estavam na plataforma. Os booms seguintes foram o Pokémon Go, recordista mundial por conquistar 100 milhões de indivíduos em 23 dias, e o recente ChatGPT, que levou dois meses para ser usado por 100 milhões de cidadãos.
“Pokémon e ChatGPT popularizaram novas tecnologias de realidade aumentada e inteligência artificial e o que faz uma pessoa abraçar uma tecnologia nova como essas é a usabilidade, a facilidade da experiência”, explica InterNey. Assim, a tecnologia vai sendo construída com base em novidades e adaptações e as empresas trabalham para atender as necessidades da sociedade.
Compras online, delivery e conversas, atendimentos e agendamentos por WhatsApp são apenas três entre muitos exemplos de como esses serviços evoluíram em pouco tempo. Hoje se faz até PIX por WhatsApp. Tudo isso atende as expectativas do consumidor e pede mais tecnologia e inteligência artificial. Afinal, quem responde a mensagem que você enviou ao SAC via WhatsApp é um bot.
A popularização recente da IA com o lançamento do ChatGPT está mudando rapidamente a maneira como as empresas e os profissionais trabalham e as exigências vão aumentar. Por quê? Por que o usuário que usa essa plataforma cotidianamente vai começar a identificar carências nos outros apps e as empresas serão pressionadas a oferecer produtos, serviços e soluções com facilidades similares ao que o ChatGPT entrega.
A mudança, agora, passa a ser mais profunda e precisa ser ágil para as corporações manterem a sua competitividade no mercado. Isso se traduz em um cenário em que as empresas precisam de pessoas que dominem a inteligência artificial e é hora de todos os profissionais se atualizarem e aprenderem a usar essa tecnologia.
De acordo com InterNey, esse é o único caminho a ser percorrido. “Você vai ter que aprender a usar IA e outras novas tecnologias com realidade aumentada, porque o mercado vai demandar isso”. Outra perspectiva é que esse know-how sempre atualizado aumenta as oportunidades de empreendedorismo em tecnologia.
Uma terceira via igualmente importante é que a busca por esses conhecimentos deve ser vista como um conjunto de skills que facilitam um processo de transição de carreira. Para o especialista, as pessoas têm que tratar o desenvolvimento de carreira com essa perspectiva de agregar mais conhecimento ao seu repertório.
A IA não vai destruir o mercado, mas está acabando com posições específicas em tecnologia como humanos em call center, por exemplo. “O momento é de aprender sobre IA antes de você ser substituído por uma pessoa que sabe. Um programador bom pode trabalhar por três. É um caminho sem volta e já está na mão das pessoas”, conclui.