Durante muito tempo, essa frase significou olhar a empresa como “família”. E hoje?

Houve um tempo em que um emprego era “coisa para a vida inteira”, e a empresa era o lugar onde a gente entrava com a expectativa de por lá permanecer por 20 ou 30 anos – ou até a aposentadoria. Nesse contexto, o trabalho era quase que uma extensão da casa, onde vivemos quase “em família”. Por isso, vestir a camisa era natural: fosse como fosse, todos se defenderiam mutuamente. Eram tempos de empresas familiares, tudo sob o olho do dono.

Muitos empresários realmente tinham até uma postura “paternal-patronal”, enquanto outros apenas “pareciam” tê-la, mas cobrando a recíproca da fidelidade. E, nesse contexto, atender a algum convite para um processo seletivo para uma vaga melhor poderia ser (e era!) considerada alta traição. “Esse não veste a camisa…”, era o mínimo que se diria desse ser ingrato. Quando acontecia o contrário (de a empresa precisar demitir alguém), seria sempre “pelo bem da maioria”, para “salvar o negócio” ou por “merecimento” do demitido… E lá ia alguém para o sacrifício. Isso era vestir a camisa.

Hoje, essa expressão anda em desuso, diga-se de passagem. Mas não desapareceu. Chama a atenção, porém, a mudança de seu significado: quando alguém fala vestir a camisa, as empresas apenas esperam que as pessoas sejam comprometidas com o todo, com a missão, os valores e objetivos gerais da corporação e do esforço coletivo (e não apenas com “a minha parte”). A ideia de uma “grande família” foi trocada pelo pertencimento a uma equipe de alta performance – na qual é natural até mesmo a rotatividade. Não há mais a noção de “traição” quando alguém sai para outra empresa.

Vestir a camisa, então, virou sinônimo de que, como disse o “poetinha” Vinícius de Moraes, “que seja infinito enquanto dure”. E, melhor de tudo, pode significar algo que, muitas vezes, pode ser transitório: as pessoas “desvestem” a camisa, circulam pelo mercado e, se for interessante, podem voltar a vesti-la, voltando para ocupar um cargo melhor e contribuindo para a empresa.

Então, fica combinado: enquanto estamos naquela posição, seremos os melhores advogados daquela empresa, daquelas equipes e daquele trabalho. Até que tudo mude. Afinal, “o mundo gira e a Lusitana roda”. Sem ressentimentos.

Isso sim que é uma relação saudável, não?

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Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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