Tentando entender como lidar com erros no trabalho? Antes de julgar ou repreender um colaborador, a primeira coisa a se fazer é ouvir. “A primeira orientação é praticar a escuta ativa, compreender o que quem ‘errou’ está falando, mesmo em um momento de tensão”, explica Edna Rodrigues Bedani, professora da ESPM e vice-presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP).
“O que tem que ser dito precisa ser feito com respeito e, nesse sentido, os líderes têm um papel fundamental para criar um ambiente em que haja trocas de opiniões, possibilidade de perguntar e tirar dúvidas, dar sugestões”, acrescenta. “Em um círculo virtuoso, as pessoas se sentem mais seguras e acolhidas, encontra-se as soluções de forma mais rápida e fácil. Em resumo, diminuem as chances de erro porque elas não têm receio de perguntar”, acrescenta.
Confira, a seguir, como entender e lidar com os erros no trabalho:
O erro faz parte do ser humano e pode acontecer por n motivos. Porém, na maioria das vezes, é por falta de informações, de clareza, de orientação, de conhecimento de regras e de alinhamento que implicam no entendimento sobre o que está sendo solicitado. “Além disso, quem pede as coisas tem que conhecer o perfil de sua equipe para distribuir tarefas aderentes e compatíveis com o conhecimento de cada um”, explica a especialista. Falta de planejamento, prazos inadequados ou irreais, incapacidade de priorizar e escalonar as tarefas, atitudes associadas ou não a diferentes contextos, também influenciam no aumento da probabilidade de erro.
Erros inaceitáveis podem ser muito subjetivos e dependem muito das referências e contexto, mas todos têm uma consequência. Mais uma vez, estão relacionados à fata de informação sobre o que se está executando ou à falta de planejamento e organização das prioridades. Em geral, o não cumprimento dos prazos combinados é considerado inaceitável e o mais grave. “Tem a ver com confiança, ética (em avisar que está tendo problemas) e impacta diretamente no relacionamento com o cliente, indo muito além do ambiente interno”, esclarece a especialista.
No pior dos cenários, sempre há um gestor responsável. Se você for essa pessoa, converse com o funcionário individualmente (e jamais na frente dos outros) para perguntar o que houve em relação ao projeto ou à situação, procurando entender, de forma adequada, o que faltou durante o processo e de que forma deveria ter sido feito e também perceber, com humildade, onde está a sua parcela de responsabilidade nessa questão. “Esse passo é importante para entender a visão do funcionário, poder orientar e ser corresponsável para corrigir ou solucionar o que for necessário”, explica a especialista. “Depois de resolver a situação, é preciso orientar a equipe a fim de evitar a repetição do erro”, orienta Edna.
É uma situação bastante desconfortável, especialmente se não está em um ambiente seguro para admitir e contar o que aconteceu. Chefe ou não, é preciso ter autoconsciência e humildade para admitir o erro, sem negar, culpar outras pessoas ou criar subterfúgios para justificá-los. O melhor, nesses casos, é avisar o gestor e pedir ajuda e orientação e mostrar empenho em buscar soluções.
Depois de o gestor munir o funcionário de informações e certificar-se de que as orientações foram compreendidas, deve-se formalizar esse processo por e-mail, com prazos de entrega. E, claro, dar abertura para que ele faça perguntas e tirar dúvidas que podem surgir durante o processo de execução da tarefa. Para isso, é preciso ter um de ambiente de trabalho seguro psicologicamente para que, em caso de incerteza, o profissional possa se manifestar sem medo da reação do outro. Aliás, o medo também potencializa as probabilidades de erro.
Se você é funcionário e está tendo algum problema, deve comunicar ao gestor, dentro do prazo (e não no dia da entrega), suas dificuldades até chegar a um acordo que seja bom para todos.