Transformação digital não é um assunto novo no mundo dos negócios. Mas com a pandemia de Covid-19, as organizações tiveram que acelerar esse processo. Pequenas, médias e grandes empresas foram forçadas a se adaptar rapidamente para se relacionar com seus consumidores no ambiente digital e colocar funcionários em home office. “Estamos em um momento absolutamente particular na história. A partir de agora podemos falar de transformação digital, antes, durante e depois do Covid”, comentou Fabio Jungues, diretor da Teevo, empresa especializada em soluções de TI. Ele participou do painel Vantagens e Riscos da Transformação Digital impostos pela Pandemia do Covid-19 promovido pelo Mestrado e Doutorado da ESPM.
“Falávamos em aulas e fóruns de um mundo VUCA, de alta volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Se compararmos aquele mundo com os últimos 45 dias, vai parecer um mar calmo. Agora temos um tsunami, uma reviravolta do ponto de vista global”, comentou Jungues. “Se antes vivíamos o VUCA, diria que hoje estamos vivendo a MUVUCA, algo totalmente fora do normal”, acrescentou Silvio Vasconcellos, professor do Mestrado em Administração da ESPM, que mediou o debate.
De acordo com Jungues, algumas empresas estão sofrendo menos neste momento porque já se relacionavam com os consumidores no ambiente digital. “Cultura e mindset a gente não muda em 30 dias. Quem conseguiu construir uma cultura digital ao longo do tempo está preparado para enfrentar esse momento de transformação. Quem não construiu, não consegue fazer isso em um mês”.
Para o especialista, a pandemia terá um impacto disruptivo nos modelos de negócio e algumas empresas não conseguirão se adaptar a essa nova realidade. “Vamos ter três tipos de empresas a partir de agora: a que vai acelerar, crescendo e crescendo muito nesse período, algumas que ficarão em posição intermediária e outras que vão ficar ainda mais para trás”.
Quem também participou da conversa foi Cláudia Bressler, especialista em direito empresarial e digital. A advogada afirma que, por falta de estratégias de educação digital, muitas organizações e funcionários não estavam preparadas no âmbito cultural e legal para o home office. “Algumas empresas estão preocupadas, por exemplo, com profissionais que não estão vestidos adequadamente para uma reunião porque estão em casa. Como estabelecer normas de funcionamento dentro daquele espaço se é a casa das pessoas?”.
O trabalho fora do escritório também pode deixar as organizações mais vulneráveis do ponto de vista da segurança da informação. “Riscos e passivos surgem com essas mudanças bruscas. Fazendo o trabalho de casa, muitas vezes não temos os bloqueios [sistemas de segurança] que temos dentro da empresa. Crianças ou outras pessoas da família podem acessar informações confidenciais”.
Segundo Cláudia, o fundamental neste momento é entender que o que é feito no mundo digital tem consequências na vida real. “A transformação digital é algo que vem para absorver a nossa rotina. É muito importante entendermos que essas novas realidades vão casar a vida real com a digital e o direito vai se adaptando a isso”.
Assista ao debate na íntegra: