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Futurismo e mapeamento de tendências: o que é, como é feito e quem faz

Roberta De Lucca
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Especialistas nesses temas explicam como é possível prever o comportamento das pessoas para ofertar produtos adequados às suas necessidades

Imagine um mundo em que 25% dos casamentos será entre humanos e robôs. Embora esse prognóstico pareça roteiro da série Black Mirror, trata-se de uma antevisão que a maga em futurismo, a norte-americana Faith Popcorn, fez para nada menos que o ano de 2025. Ou seja, daqui a 4 anos vai ter gente no mundo optando por uma união estável com uma máquina em vez de se relacionar com outro humano.

Se essa aposta causa espanto e talvez dúvidas, ela é sustentada por estudos sérios, embasados em dados e na análise da evolução da tecnologia e do comportamento humano. É dessa forma que se descobre quais serão as tendências e os movimentos do futuro, conforme comentam Gabriel Rossi e Betty Wainstock especialistas em futurismo e tendências. Ele é pesquisador e professor de Comportamento do Consumidor da ESPM e ela é sócia-diretora da Idea Consumer Insights e professora de Consumer Insights do curso de Cool Hunting da ESPM.

“Embora tendência e futurismo pareçam a mesma coisa, são diferentes. Tendência projeta algo que vai acontecer em breve e futurismo vê bem mais adiante”, explica Rossi. Para exemplificar, Betty cita como futurismo o desenho dos Jetsons, lançado em 1962, que já antevia chamadas de vídeo, robôs fazendo a faxina da casa e a câmara de bronzeamento. “Já o mapeamento de tendência vem da observação do que já está acontecendo na sociedade”, explica ela.

O que define a tendência

A investigação de comportamentos emergentes das pessoas revela indícios que sugerem cenários que serão desenhados. Antes do tsunami de 2004 no Oceano Índico já se falava em sustentabilidade, mas depois deste desastre aumentou a percepção de que a sociedade e as empresas não estavam cuidando da Terra. Esse foi o ponto de mutação para uma preocupação maior com o meio ambiente. “Já haviam expressões dessa preocupação nas artes, cresceu com a tsunami e hoje esse tema é um paradigma do futuro, que foi impulsionado mais ainda pela pandemia”, afirma Rossi.

O que define a futurologia

Bola de cristal não se usa para prever o que vai acontecer num futuro distante – 20 ou 50 anos à frente. Quem revela o que vai acontecer é a tecnologia, já que hoje é difícil olhar para o futuro sem pensar nela. Para vislumbrar cenários distantes é preciso observar as tecnologias de ruptura que estão surgindo e analisar o contexto econômico, político, cultural e social. “Faith Popcorn previu a tendência de as pessoas se enclausurarem em casas com medo da violência e suas consequências, como crescimento de fábricas e vendas de eletrodomésticos, aumento do consumo de pijamas e tudo o que se refere ao conforto do lar, inclusive as varandas gourmet”, diz Betty.

O que se observa

No futurismo os profissionais projetam novas oportunidades em vários mercados. A preocupação com o meio ambiente e os animais aumentou a aderência ao veganismo. Com isso cresceu consideravelmente a oferta de produtos de todo o tipo para contemplar esse consumidor. Estatísticas de aumento da longevidade deram o empurrão para a queda do ageísmo e a levaram à reinvenção das pessoas com mais de 60 anos, e o impacto disso no mercado de trabalho e na sociedade de maneira geral, e a diversidade fez nascer roupas sem gênero e maquiagem para peles negras, por exemplo.

Porque traçar tendências e futuro

As marcas que conseguem mapear as tendências saem na frente dos concorrentes e agradam o consumidor. Quem tiver ideia e insight vai inovar e ser inovador, e inovação é garantia de perenidade. “O trabalho é interpretar o zeitgeist (o espírito de uma época) e as manifestações que vêm dele, e essa interpretação depende da matriz ideológica de cada um”, diz Rossi. Mas para fazer bem feito é preciso pesquisar muito e se basear em dados nacionais e internacionais confiáveis.

Quem pode trabalhar com isso

“Não tem uma área especifica para trabalhar com futurologia e tendência. Basta ter interesse genuíno no comportamento humano e querer desvendar esses indícios. Profissionais das áreas de ciências sociais, marketing e pessoas de artes gostam muito de tendências”, afirma Beth. O mais importante segundo ela são as características da pessoa, de ter capacidade de fazer uma escuta ativa para entender o lado do outro isolando preconceitos e crenças, colocando-se numa posição de observador agnóstico.

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Roberta De Lucca

Jornalista colaboradora do Trendings.

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