Guia: tudo o que você precisa saber sobre o Qatar

Considerado uma das nações mais ricas do mundo por suas reservas naturais (petróleo e gás), por seu crescimento econômico, produção de bens, altíssimo padrão e renda (porém concentrada) e um sistema bem estabelecido de serviços sociais, o Qatar é o primeiro país do Oriente Médio a sediar uma Copa do Mundo de Futebol. A nação abrigará 64 jogos em cinco cidades Doha, Al Khor, Al Rayyan, Al Wakrah e Lusail (esta última criada especialmente para o evento).

A Copa do Qatar será realizada entre 20 de novembro e 18 de dezembro de 2022, em razão das altas temperaturas da região nos meses de junho e julho (média de 42ºC), período tradicionalmente adotado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).

O Qatar espera cerca de 1 milhão de estrangeiros e, para ser palco dessa atração esportiva, desde 2010 vem investindo fortemente no setor de turismo e também no transporte terrestre para permitir melhor circulação entre as cidades onde acontecerão os jogos, bastante próximas entre si. Além disso, o país prepara uma moderna infraestrutura para os eventos, sendo que os oito estádios preveem sistemas de climatização (Al Thumama, Al Janoub, Al Bayt, Ahmad bin Ali, Cidade da Educação, 974, Internacional Khalifa, Internacional Khalifa).

Vai para o Qatar ou quer apenas conhecer um pouco mais sobre o país que sediará a Copa de 2022? Confira nosso guia!

A população do país foi formada por tribos nômades beduínas que habitaram a península Arábica ao longo dos séculos. A primeira tentativa de formação de um Estado nacional foi por meio da ascensão da família Al Thani, no século 19. Por sua vez, a região passou por algumas ocupações estrangeiras, como o Império Otomano e o Reino Unido. A dinastia Thani buscou patrocínio britânico contra grupos tribais concorrentes e contra o Império Otomano — que ocupou o país no final do século 19 e início do século 20 — e em troca o Reino Unido controlou a política externa do Qatar como um desdobramento da Primeira Guerra Mundial como um protetorado britânico de 1916 até a independência, em 1971. Porém, mesmo com as influências de outras nações, a família Al Thani manteve o seu poderio político ao longo dos últimos tempos, sendo a única família que governou o país desde a sua formação.

Localiza-se Ásia Ocidental, na Península Arábica, e estende-se até o norte do Golfo Pérsico.  A península do Qatar, em forma retangular, tem cerca de 160 km de norte a sul, 80 km de leste a oeste e faz fronteira com o leste da Arábia Saudita, onde a península se conecta ao continente, estando a norte e a oeste dos Emirados Árabes Unidos.

A maior parte da área do Qatar é um deserto plano e baixo, que se eleva do leste até um planalto central de calcário. As colinas se elevam a cerca de 40 metros ao longo das costas oeste e norte, e a Colina Abū al-Bawl (103 metros) é o ponto mais alto do país. Dunas de areia e salinas, ou sabkhahs, são as principais características topográficas dos setores sul e sudeste. O Qatar tem mais de 560 km de costa e sua fronteira com a Arábia Saudita possui cerca de 60 km de comprimento.

Doha, uma cidade costeira oriental, que já foi um centro de pérolas e hoje é a maior cidade e centro comercial do Qatar, com cerca de metade da população do emirado.  É lá que estão as mais importantes indústrias, organizações e centros de cultura do Qatar, além de restaurantes que oferecem cozinhas de todo o mundo.

Combina arquitetura pré-moderna com novos edifícios de escritórios, shopping centers e complexos de apartamentos. Possui um porto de águas profundas e um aeroporto internacional. O principal porto petrolífero e centro industrial é Umm Saʿīd, ao sul de Doha, na costa leste.

Principais pontos turísticos de Doha

Aziziya Street: movimentada área comercial entre Salwa Road e Al Waab Street, que abriga alguns restaurantes e lanchonetes muito populares, de diferentes culinárias.

Souq Waqif: um dos mercados mais antigos do Qatar, que se assemelha a um labirinto de barracas cheias de tecidos, joias, especiarias e artesanato local.

Souq Al Deira: vende tecidos de alta qualidade, incluindo rendas, pashminas de cashmere e seda.

MIA Park Bazaar: acontece no terreno do Museu de Arte Islâmica todo fim de semana e oferece uma versão mais moderna do souq tradicional, com obras e criações culinárias de artesãos locais e internacionais.

A riqueza do Qatar está relacionada à extração e exportação de petróleo – descoberto em 1939 e produzido pela primeira vez em 1949 – e gás natural. O país possui enormes depósitos de gás natural e seu offshore é um dos maiores campos de gás do mundo. As reservas de petróleo, encontradas tanto em terra ao longo da costa oeste em Dukhān e ao largo da costa leste, são modestas para os padrões regionais.

Antes da Segunda Guerra Mundial, a economia era baseada na extração de pérolas, pesca e algum comércio (com poucas exceções, as únicas ocupações disponíveis) e era uma das mais pobres do mundo. Atualmente, a pesca e a extração de pérolas diminuíram muito em importância: a perolização é quase inexistente e, desde o final da década de 1990, a ênfase é dada à pesca comercial e à de camarão.

Na década de 1970, no entanto, o país figurava entre as maiores rendas per capita do mundo, apesar dos declínios subsequentes na renda devido às flutuações nos preços mundiais do petróleo. A concessão petrolífera original do Qatar foi concedida à Iraq Petroleum Company (IPC), um consórcio de empresas europeias e americanas. Esta e as concessões posteriores foram nacionalizadas na década de 1970. Enquanto estatais A Qatar Petroleum (anteriormente Qatar General Petroleum Corporation) supervisiona as operações de petróleo e gás, as empresas privadas continuam a desempenhar um papel importante como empresas de serviços.

Na tentativa de reduzir sua dependência do petróleo, o Qatar começou a desenvolver seus recursos de gás natural em meados da década de 1990 tomando empréstimos pesados. No entanto, os altos preços do petróleo no início do século 21 colocaram o país em uma base financeira mais firme. A estratégia do Qatar tem sido desenvolver agressivamente suas reservas de gás natural por meio de projetos conjuntos com grandes empresas internacionais de petróleo e gás, com foco no Campo Norte. O gás natural superou o petróleo como a maior fatia das receitas do governo e do PIB do país na primeira década do século 21.

Houve tentativas por parte do governo para modernizar os setores de pesca e agricultura oferecendo empréstimos sem juros; no entanto, a produção de alimentos continua a gerar apenas uma pequena fração do produto interno bruto (PIB). A escassez de terras férteis e água impõe severas limitações à agricultura, e grande parte dos alimentos do país é importada. O uso de efluentes de esgoto tratados e água dessalinizada para irrigação, no entanto, ajudou a expandir a produção de frutas como tâmaras e melões e vegetais como tomate, abóbora e berinjela, que o Qatar agora exporta para outros países do Golfo Pérsico. A produção de carne, cereais e leite também começou a aumentar no final do século XX.

São cerca de 3.059.000 habitantes (estimativa para 2022). Os nascidos no Qatar constituem apenas um nono da população. O crescimento econômico a partir da década de 1970 criou uma economia dependente de trabalhadores estrangeiros – principalmente do Paquistão, Índia e Irã – que agora superam os nacionais. Os qatarianos são em grande parte moradores urbanos e menos de 1% da população vive em áreas rurais. Sindicatos e associações trabalhistas são proibidos. Como na maioria dos países da região, a semana de trabalho padrão é de sábado a quarta-feira.

Sua taxa de migração líquida é a mais alta de qualquer país da região do Golfo Pérsico e a terceira mais alta do mundo. Os homens superam as mulheres em mais de três para um — em grande parte devido ao número desproporcional de homens expatriados. Da mesma forma, devido à alta taxa de migração, a população está em grande parte em idade ativa, com mais de 70% da população concentrada nas faixas etárias de 15 a 29 e 30 a 44 anos. A expectativa média de vida é de cerca de 77 anos para homens e 81 para mulheres.

O árabe é a língua oficial, e a maioria dos qatarianos fala um dialeto do árabe do Golfo semelhante ao falado nos estados vizinhos. O árabe padrão moderno é ensinado nas escolas, e o inglês é comumente usado. Entre a grande população de expatriados, o persa e o urdu são frequentemente falados.

A moeda oficial do Qatar é o Rial Catarense (QAR). Alguns estabelecimentos aceitam dólares (QR 1 = US$ 3,64), com cobrança de taxa a mais.

O país é considerado um emirado constitucional com um órgão consultivo, tendo seu território administrado por um membro da família dominante (monarquia absolutista) — um emir hereditário da Āl Thānī desde o século 19, com seus membros ocupando quase todos os principais cargos ministeriais, que são nomeados pelo emir. Não há partidos políticos no Qatar. Os qatarianos podem votar nas eleições municipais desde 1999, e a primeira eleição parlamentar foi realizada em 2021. O voto é restrito a cidadãos com 18 anos ou mais cujo avô paterno nasceu no país. As mulheres podem concorrer a cargos públicos.

O islamismo é a religião oficial, e os qatarianos são em grande parte muçulmanos sunitas. Há uma pequena minoria xiita. A família governante Thani (Āl Thānī) adere à mesma interpretação Wahhābī do Islã que os governantes da Arábia Saudita, embora não tão estritamente. As mulheres, por exemplo, têm mais liberdade no Qatar do que na Arábia Saudita. A população não-qatarense tem uma composição religiosa mais diversificada (muçulmanos, cristãos e hindus constituindo os maiores grupos religiosos).

É uma culinária com forte influência indiana. A cozinha do Qatar apresenta muitos pratos à base de peixe fresco e arroz cozido com especiarias indianas. Uma refeição típica pode incluir peixe grelhado servido em uma cama de arroz temperado com curry e batatas. O café é a bebida preferida e costuma ser servido forte, fervendo e sem açúcar.

Conheça alguns pratos típicos:

Majboos: prato nacional do Qatar, em geral feito com cordeiro ou frango, o prato é cozido bem lentamente para aprofundar o sabor. É servido sobre arroz temperado, acompanhado de salada e molho de tomate caseiro.

Saloona: ensopado árabe clássico, geralmente feito em casa para jantares em família, com carne de boi, cordeiro ou peixe, além de legumes da estação temperados com alho e gengibre. O prato deve ser consumido com uma generosa porção de pão para absorver o caldo.

Warak enab: folhas de parreira recheadas com carne bovina moída ou cordeiro e arroz, temperadas com alho, pimenta e coentro, servidas com fatias de limão.

Madrouba: mingau de arroz que pode ser consumido em qualquer refeição, feito com leite, manteiga, cardamomo e frango (às vezes feijão) e fervido por horas até ficar na consistência ideal. Servido com manteiga clarificada com cardamomo ou cebola frita.

Kousa mahshi: abobrinhas recheadas com cordeiro moído, legumes e temperadas com salsa e hortelã ou na versão vegetariana, com grão-de-bico para os vegetarianos. Servidas com molho de tomate ou iogurte.

Luqaimat: bolinho doce, frito, com sabor de cardamomo e açafrão, coberto com calda de açúcar, lembrando um donut.

Além da passagem (cerca de R$ 8 mil, ida e volta), com voo direto de 14 horas operado pela Qatar Airways a Doha, saindo do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, é preciso pensar na hospedagem (com diárias de R$ 600 a R$ 26 mil), alimentação, deslocamento e outras despesas. E, de última hora, para quem não pesquisou e se programou com antecedência é claro que esses números sobem ainda mais — mesmo que a intenção seja assistir apenas aos jogos da seleção brasileira e às finais!

Não é preciso visto para entrar no Qatar, porém os visitantes precisam ter passaporte em dia, seguro viagem obrigatório e um comprovante de vacinação internacional completo, com as vacinas contra a covid (até o momento, quem tomou a Coronavac também deve apresentar o teste PCR negativo contra a covid e realizar um teste antígeno ao chegar em Doha. Para as vacinas da Pfizer, Moderna e Janssen é exigido apenas o PCR negativo).

• A legislação local é a Charia, com a vida política, jurídica e cultural sob forte influência dos preceitos do islamismo;
• O Qatar não cobra impostos sobre a renda pessoal, nem tem um imposto geral sobre vendas;
• Proíbe a ingestão de álcool (com exceção de alguns hotéis que atendem, principalmente, a estrangeiros);
• São rigorosos quanto à vestimenta: homens não podem mostrar peitos e coxas, enquanto mulheres devem usar vestidos longos, roupas sem decotes e não justas;
• Proíbe manifestações públicas de afeto e casamento de pessoas do mesmo sexo;
• Também é proibido filmar e fotografar pessoas sem autorização;
• A Qatar Public Telecommunications Corporation é a única provedora de serviços de telecomunicações no País;
• A educação é gratuita, mas não obrigatória para todos os cidadãos entre 6 e 16 anos. As classes são separadas por sexo;
• Cuidados de saúde e serviços médicos são fornecidos gratuitamente a todos os residentes por meio de programas governamentais;