Pessimismo dos CEOs sobre crescimento global bate recorde

53% dos presidentes-executivos de 83 países ouvidos pela PwC na 23ª Pesquisa Anual Global de CEOs, divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, acreditam na diminuição da taxa de crescimento econômico para este ano

Olhar o copo meio cheio ou meio vazio geralmente tem mais a ver com o famoso feeling do que propriamente com uma análise objetiva da realidade. O pessimismo com a economia em 2020, porém, é um dado bastante objetivo: 53% dos 1.581 presidentes-executivos de 83 países ouvidos pela PwC na 23ª Pesquisa Anual Global de CEOs, divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), acreditam na diminuição da taxa de crescimento econômico para este ano. Um percentual muito maior que os 29% de pessimistas de 2019 e mais de uma dezena de vezes mais alto que os 5% de 2018.

Já a turma do copo meio cheio também sofreu baixa significativa de 20 pontos percentuais: os que apostam no aumento da taxa de crescimento caíram de 42% para 22% em um ano. Feeling, sem dúvida, mas igualmente um dado objetivo – e com resultados concretos. Afinal, é a partir de seu olhar sobre o copo que os executivos conduzirão estrategicamente suas empresas e negócios.

Entre os mais pessimistas, destaque para os executivos norte-americanos (63%) – que, curiosamente, também respondem pelos maiores índices de otimismo e confiança no crescimento (36% nos EUA e 27% no Canadá, atrás apenas de China, com 45% e Índia, com 40% – enquanto apenas 11% dos japoneses compartilham dessa positividade).

O mundo e o Brasil

Certamente que os CEOs não enxergam o mundo como um bloco único – e, mesmo dentro desse cenário não tão otimista, eles apontam os oásis da economia para 2020. Apostam na dobradinha EUA-China como os principais mercados (30% e 29%, respectivamente) e 45% deles indicam a Austrália entre os três países que mais vão crescer no ano.

E o Brasil nesse cenário? Recorte da pesquisa principal, a 16ª Pesquisa de Líderes Empresariais Brasileiros, revela um pessimismo sem precedentes entre os executivos locais: 45% cravam a diminuição do crescimento econômico mundial. O número era 0% dois anos atrás… Mesmo assim, 22% ainda se dizem “muito confiantes” no aumento de receita de suas empresas neste ano. Níveis de confiança mais baixos no país desde 2014.

45% dos CEOs brasileiros apostam em desaceleração do crescimento global

Entre as principais preocupações concretas dos CEOs, que podem contribuir para a piora do crescimento da economia no Brasil, o maior destaque é um eventual aumento das obrigações tributárias: 50% deles apontam esse como o maior entrave.

Em um cenário de menor crescimento cresce o acirramento comercial. Tanto que esses conflitos surgiram pela primeira vez na lista de ameaças globais da pesquisa em 2019, ocupando o 4º lugar. Este ano, já está na 2ª posição. Alguns países fizeram sua limonada nesse cenário, dominado pela disputa EUA/China.

Não foi o caso do Brasil, que foi ultrapassado por Austrália, Japão e França no ranking de países mais importantes para a expansão dos negócios para os executivos globais. A boa notícia para nós é que os chineses demonstram mais interesse no Brasil: nossa atratividade para eles subiu de 8% para 11%.