Macroambiente: o que é e como afeta os negócios

Quando se começa a fazer um planejamento estratégico mercadológico para uma empresa, é fundamental levar em conta o ambiente externo, que é onde a organização interage com seu público e, portanto, está em constante adaptação para oferecer produtos e serviços alinhados com as transformações do mercado. Esse espaço se chama macroambiente e é a partir dele que se começa a compor cenários, tendências e elementos que de alguma forma impactem positivamente os negócios.

“Em cima desse macroambiente e da observação do comportamento das pessoas e das tendências, uma empresa começa a traçar estratégias de oferta de produtos e serviços, e o que mais for preciso para melhorar o meu negócio”, explica Bruno Araujo, coordenador do MBA Executivo em Marketing da ESPM.

Existem seis fatores do macroambiente que são observados para o desenvolvimento do planejamento de uma empresa:

1. Demográfico: se debruça na análise da região em que a organização atua ou pretende atuar. Avalia como é a população daquela localidade em termos de idade, gênero, escolaridade, nível de emprego e de renda, entre outros fatores.

2. Sociocultural: acompanha as mudanças de comportamento da sociedade ao longo do tempo e o que pode ser ofertado a partir disso. “Antes, o sonho de uma pessoa era fazer 18 anos para tirar carta de motorista e depois ter um carro. Hoje isso mudou. Os jovens não se importam tanto mais com ter um carro, então a indústria automotiva tem que pensar em produtos e campanhas para vender veículos para famílias e não mais voltadas para o primeiro automóvel, como se fazia”, exemplifica Araujo.

3. Político-Legal: as leis mudam conforme a região e o país, e isso tem de ser observado. Recentemente, o filme “Lightyear” da franquia Toy Story teve sua exibição proibida em 14 países, entre Oriente Médio, Ásia e África, por causa de uma cena de um beijo gay, mas nem por isso a Pixar retirou a cena do filme. O estúdio preferiu arcar com o boicote em benefício da inclusão. A análise do ambiente político-legal é muito importante também em um processo de internacionalização de uma empresa, o qual pode levar a uma adaptação do produto para a sua entrada em determinado mercado.

4. Tecnológico: permite pensar em como a tecnologia pode ser usada para ampliar as possiblidades de um negócio, no sentido de como fazer uso dela para facilitar a entrega, os serviços, reduzir custos e gerar percepção de valor. “Pouca gente sabe ou se recorda, mas a locadora Block Buster foi a primeira empresa de streaming do mundo. Mas como ainda não havia tecnologia de internet adequada para a demanda, a conexão era ruim e as pessoas não conseguiam assistir os filmes direito e o produto morreu. Hoje o streaming é algo popular”, conta o professor.

5. Econômico: está voltado ao entendimento sobre como esse macroambiente afeta o negócio. Inflação, taxa de juros, câmbio e disponibilidade de crédito, entre outros fatores, causam que tipo de impacto no produto e na sua comercialização?

6. Meio Ambiente: refere-se à observação das ações da empresa e o seu reflexo na natureza, como poluição, pegada de carbono e qualquer outra coisa que cause impacto na ordem natural. Sempre que necessário, a empresa faz as adaptações para reduzir danos e trabalhar de acordo com práticas como ESG.

A observância e análise de todos esses fatores fornece as informações que gestores de marketing precisam para trabalhar um produto. Isso leva ao posicionamento ou reposicionamento de marca alinhado com as tendências de mercado, sempre buscando bons resultados em vendas, proximidade com o cliente e fidelidade. É por isso, por exemplo, que grandes redes de supermercado criaram lojas menores, semelhantes às de conveniência, para que as pessoas tenham perto de casa a comodidade de comprar alguns itens sem precisar se deslocar de carro até as unidades maiores.

“O macroambiente em marketing não é novidade para os profissionais das áreas de Comunicação e Publicidade, mas de uns anos para cá passou a despertar o interesse de profissionais de outros segmentos”, conta Araujo. Ele explica que atualmente até médicos buscam cursos de pós-graduação sobre o tema, a fim de aperfeiçoarem o atendimento em suas clínicas. Afinal, diz o professor, ampliar a eficiência do negócio a partir do mapeamento das tendências conquista consumidores e isso é essencial.