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A transformação digital envolve muito mais do que tecnologia, diz especialista

Patrícia Rodrigues
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“No fundo essa transformação é organizacional”, afirma Sérgio Santos, consultor em estratégia para Transformação Digital e professor dos cursos de MBA e de Educação Executiva da ESPM

Muita gente imagina a expressão transformação digital como um bicho-de-sete-cabeças. Em geral, elas associam o termo somente à tecnologia de ponta, mas não é bem assim! Sérgio Santos, consultor em estratégia para Transformação Digital e professor do Master em Gestão para Inovação da ESPM, explica que a tecnologia faz parte, mas não é o mais difícil ou o mais importante. “Transformação digital é tudo que as empresas tradicionais precisam fazer para concorrer com startups, nascidas digitais, e para atender o consumidor do mundo atual”, esclarece o também colunista dos Empreendedores Compulsivos na Band News.

Para o cenário ficar mais claro, imagine alguém com um smartphone. Você sabe o que ele está fazendo? As hipóteses podem ser muitas: trabalhando, estudando, namorando, vendo um filme ou série, se candidatando a um emprego… Resumindo a um verbo: vivendo. “Hoje passamos a maior parte da vida interagindo com um artefato digital e, obviamente, isso tem impacto no nosso consumo e comportamento”, revela.

De um lado, o consumidor se transforma e adquire comportamentos adequados ao mundo digital. Do outro, surgem as startups, empresas natas deste ambiente, com outra mentalidade, outras estratégias, outra governança e maior foco na experiência do consumidor— cuja agilidade e competitividade vêm afetando os modelos de negócio tradicionais. “É preciso primeiro entender profundamente esse consumidor muito poderoso e exigente, além de desenvolver novas estratégias de negócio, novas competências, atitudes e uma nova governança”, acrescenta.

De acordo com Santos, a questão da governança é importante porque as startups praticamente não possuem departamentos, mas sim pessoas que se engatam em processos para a criação de valores. “A departamentalização é uma estrutura que tira foco na criação de valor para esse consumidor. Transformação digital envolve diferentes áreas e a tecnologia é apenas uma ferramenta (meio) para viabilizar essas tarefas.”

No fundo, a transformação digital é organizacional

Erra quem pensa que inserir-se na transformação digital é apenas contratar um novo sistema para gerenciar sua empresa. Embora isso seja bem-vindo, a estratégia não funciona sem novas posturas. “No fundo, essa transformação é organizacional. E, por mais tradicional que seja essa expressão, é disso que estamos falando”, reforça.

Além disso, ao pensar em transformação digital, muitas pessoas enxergam apenas a implementação de tecnologias muito avançadas — inteligência artificial, reconhecimento facial etc. — que nem sempre fazem sentido ao seu negócio da mesma forma que beneficiam a indústria. De acordo com o especialista, quem trabalha do mesmo jeito há anos (ou décadas), precisa implantar tecnologia para ficar melhor, mais rápido e mais confiável.  “Claro que tudo isso ajuda, mas ainda é muito pouco. O que, de fato, faz a diferença é analisar a sua forma de trabalhar, repensando-a partir das tecnologias disponíveis e naquilo que deseja entregar ao seu consumidor. É legal colocar reconhecimento facial ou biometria? Sim, é. Mas de que forma isso vai aumentar a competitividade da empresa?”, questiona.

Para o professor, o primeiro passo é analisar o propósito do negócio.  E, somente depois, buscar pessoas especializadas em tecnologias que possam ajudar na execução do que foi planejado. “Simultaneamente, devem acontecer treinamentos para desenvolver as novas competências dos colaboradores para esse mundo digital e contar com os ‘artefatos’ para por em prática essas mudanças”, explica.

Isso acontece quando o funcionário é apresentado ao novo propósito de organização, mais focado no cliente, na criação de valor. Ele recebe essa nova cultura de alguma forma, participa da implementação de novas iniciativas e treinamentos que vão desde metodologias ágeis até as novas habilidades comportamentais, necessárias para viver nesse mundo. “Então, quando ele se deparar com um novo sistema de comunicação interna, uma biometria, um novo espaço de relacionamento, a substituição de processos fabris, há a real percepção de que a empresa está em uma transformação definitiva e que ele precisa estar engajado”.

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Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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