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As tendências do mercado da moda pós-pandemia

Filipe Oliveira
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Valorização dos negócios locais e consumo consciente. Especialistas do setor falam sobre essas e outras tendências do mundo da moda

Lojas fechadas, indústrias paradas, desfiles cancelados. Assim como outros setores, a indústria da moda foi duramente impactada pela pandemia de covid-19. Mas em meio ao caos, alguns empreendedores do setor conseguiram reinventar seus negócios no ambiente digital. “Muitas pequenas empresas estão ganhando visibilidade e espaço porque já utilizavam recursos digitais ou conseguiram se adaptar rapidamente. Assim conseguiram potencializar seus negócios e estão atendendo o mercado de outra forma”, comenta Antonio Rabàdan, professor do curso de Design de Moda da ESPM.

Um exemplo é o Brechó Agora é Meu, que conseguiu recuperar o fôlego após uma queda de 50% no faturamento durante o período de isolamento social. Seguindo o exemplo de grandes redes do varejo, a loja de São Paulo lançou o Projeto Brechó Amigo, que possibilita que parceiros divulguem seus produtos e recebam até 12% de comissão com as vendas. O sistema de parceria fez o faturamento crescer 30% em abril em relação a março. E, em maio, aumentou 45% em comparação a abril. Os números foram divulgados em uma reportagem do programa Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

Parte do sucesso dessa estratégia, pode estar relacionado a uma maior aproximação da marca aos consumidores. Visto que os parceiros costumam divulgar os produtos entre amigos e familiares. E é justamente por estar perto dos consumidores, que Rabàdan acredita que a produção local deverá ganhar ainda mais espaço. “As marcas regionais vão ganhar cada vez mais força, porque elas têm uma proximidade maior e o consumidor quer saber de quem está comprando.”

Outra tendência para o mundo pós-pandemia que deverá impactar diretamente a indústria da moda é a valorização de bens duráveis. É o que comentou Fah Maioli, analista de tendências e coautora do livro Manual de Coolhunting Métodos e Práticas, que palestrou em um evento online da ESPM no final de maio. “Estamos finalmente falando de slowfashion. É real agora o consumidor comprar roupas e objetos para durar. As coisas vão ter que ser feitas para durar”.

É o que também acredita Rabàdan. “Se em outros momentos tínhamos um descarte desenfreado, essa nova estrutura faz com que essas peças possam passar de novo de pai para filho”, diz o professor. “A minha mãe tinha roupas no armário com mais de 35 anos que pertenceram a mãe dela e ela usava. O que aconteceu da geração da minha mãe para a minha é que os processos de produção foram acelerados. Obviamente, isso gerou mais produtos no mercado e uma maior poluição do planeta.”

Segundo Antonio, essa mudança de comportamento do consumidor também poderá beneficiar os pequenos, já que esses negócios costumam produzir roupas com um processo mais lento e consciente. “É uma peça que tem uma durabilidade maior. Leva o mesmo material que as grandes empresas usam, mas é feita com calma, não é feita correndo. Quando vai terminar de costurar, por exemplo, ela é bem finalizada. Já no mercado da moda desenfreado, não se deixa a peça descansar, corta direto. É por isso que muitas vezes aquela roupa P vira PP após a lavagem”, explica o especialista. “Não acredito que em um curto espaço de tempo a gente vá transformar o mundo e construir roupas totalmente ecologicamente corretas. Mas acredito que roupas mais conscientes sim. E esse nicho está se fortificando com a pandemia e com certeza vai avançar.”

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Filipe Oliveira

Editor do #Trendings.

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