Empreendedorismo corporativo e intraempreendedorismo são termos diferentes para definir a atitude de um profissional que se vale das suas competências empreendedoras para sugerir inovações dentro da empresa em que trabalha. A pessoa se sente dona do negócio, independentemente do cargo e da área em que atua, e propõe alguma mudança para melhorar processos na companhia.
“Atualmente, não basta fazer bem-feito. As organizações têm convergência competitiva e têm que se diferenciar cada vez mais e trabalhar com inovação para atender nichos. Portanto, é cada vez mais relevante a demanda por uma capacidade de inovação que também acontece dentro da empresa”, explica Artur Motta, professor de Marketing Estratégico e coordenador do MBA de Marketing EAD e do Master Custom Class da ESPM em São Paulo.
Uma ação de empreendedorismo corporativo parte do questionamento do indivíduo que se pergunta se algo que é feito há tempos não pode ser executado de maneira diferente, pensando no que é melhor para a empresa e que pode criar uma melhoria de valor, como redução de custos. “Empreender tem a ver com inovar e executar, não é só ter a ideia. Há os dois lados”, diz Motta.
O professor cita dois exemplos clássicos de empreendedorismo corporativo, mencionados no livro Oportunidades Disfarçadas, de Carlos Domingos. Nos anos 1990, a brasileira Soraya Bittencourt, então funcionária da Microsoft, teve a ideia de criar um site de viagens na internet. Ela deixou um disquete com o projeto na mesa de Bill Gates, com um bilhete pedindo para ele avaliar a ideia. Depois de alguns meses ela foi convocada para ir à sala de Gates, que a escalou para coordenar o projeto que originou a empresa de viagens Expedia.
No final do século XIX, o norte-americano Harry Gordon Selfridge trabalhava na loja de departamentos Marshall Field, em Chicago. Sua visão engajada e comprometida com a empresa mudou a maneira de atrair a atenção dos clientes. Foram dele o pioneirismo de colocar perfumes na entrada da loja para atrair consumidoras mulheres, de promover liquidações e de chamar as pessoas para as vendas natalinas, colocando cartazes na vitrine com os dizeres: “Faltam X dias para o Natal”.
Embora esses exemplos mostrem a receptividade das empresas em relação às propostas apresentadas, não significa que toda corporação é aderente a sugestões. Motta destaca que esse tipo de atitude pode ser incentivada ou inibida pela empresa, especialmente as mais tradicionais, que têm estrutura mais hierárquica e preferem segurança e certeza, em vez de correrem riscos.
“Com as startups já é diferente, porque elas questionam modelos existentes e em seu DNA a inovação é muito presente. As pessoas que são empreendedoras arriscam e querem conquistar o seu espaço”, afirma Motta, dizendo que no Google todos os funcionários podem usar 20% do seu horário de trabalho para desenvolver novos projetos, e que empresas como Adobe, IW Group e Microsoft estimulam, reconhecem e premiam as ideias de seus colaboradores. “As pessoas se engajam não pelo prêmio, mas porque normalmente o indivíduo gosta de reconhecimento e de deixar a sua marca”, conclui.
Confira a seguir obras recomendadas pelo professor da ESPM para inspirar os intraempreendedores
Documentário e série
De volta ao Espaço (2022)
Mr Selfridge (2013-2016)
Livro
Você intraempreendedor: monetize suas habilidades, crie várias fontes de renda e tenha sucesso, de Dorie Clark