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ESG impulsiona setor de energia renovável

Matheus Noronha
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Setor passa a receber centralidade nas discussões e a protagonizar um papel relevante para os bancos e empresas que buscam a transição energética 

Por Matheus Noronha e Isabelle Carvalho 

As energias com baixo impacto ambiental como as fontes solar e eólica oferecem menor risco ambiental e custos para as organizações. Estes são atributos que têm sido visualizados e valorados pelas instituições financeiras e governos rumo ao desenvolvimento sustentável e a descarbonização.  

Tal valoração, tem perpassado, nos últimos anos, a visão estratégica do setor de energia a partir do acrônimo ESG (Environmental, Social and Governance), ou em português, ASG (Ambiental, Social e Governança), que significa um conjunto de padrões normativos e práticas para as operações das organizações e que os diferentes tipos de investidores utilizam para balizar e avaliar os potenciais investimentos. 

A denominação ASG possui suas raízes no tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line), que observa a perspectiva econômica dos negócios sob um viés socioambiental, a partir dos direcionamentos do meio ambiente, sociedade e economia. As diretrizes ASG exercem um papel importante nos relatórios de sustentabilidade das organizações, em especial no setor de energia ao redor do mundo, bem como os investimentos que visam tomadas de decisões que possam gerar um retorno duplamente favorável, tanto do ponto de vista financeiro, quanto de promoção de impacto social.  

Deste modo, o acrônimo ASG carrega fatores ambientais e sociais relacionados a utilização de tecnologias de energia renovável que emitam menos gases nocivos e poluentes, bem como mecanismos para controle dos impactos ao efeito estufa e mudanças climáticas. Além disso, devem ser consideradas práticas responsáveis em cadeias produtivas e de suprimento, preservação das florestes, capacitação de mão de obra, títulos de financiamento verde (green bonds) e outras iniciativas que estão diretamente conectadas com o setor de energia.  

Abaixo os fatores balizadores do acrônimo ASG: 

Fatores Ambientais 

Os fatores ambientais levam em conta critérios que estão associados a premissas sustentáveis e de menor impacto ao meio ambiente. Dentre estas premissas, algumas que podem ser citadas são a utilização às fontes renováveis, financiamentos verdes (emissão de green bonds), tecnologias para captura de carbono, gestão do ciclo de impacto nos processos produtivos, atenção e realização de inventários de carbono para as emissões de gases causadas pelas cadeias produtivas, preservação de florestas e da biodiversidade. 

Fatores Sociais 

Os fatores sociais levam em consideração a adoção de políticas inclusivas, visando a diversidade e equidade de gêneros, direitos e garantias trabalhistas, certificações de trabalho e qualidade de vida, índices de impactos sociais e modificação do bem-estar social. Além disso, condições de trabalho, projetos sociais e impactos inclusivos a sociedade que uma fonte de energia ou tecnologia pode acarretar, bem como a capacitação e democratização da educação em diferentes comunidades. 

Fatores de Governança  

Já os fatores de governança estão relacionados a transparência das organizações, visando a edificação de políticas e compliance empresarial para mitigação de riscos que envolvem as esferas sociais e ambientais. Adicionalmente, consideram-se políticas de anticorrupção, proteção de dados e interesse dos agentes econômicos. A governança deve transparecer a ética dos conselhos administrativos e dos boards de gestão, objetivando a sincronia com o acrônimo ASG. 

O documento Guia ASG – Incorporação dos aspectos ASG nas análises de investimento, da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro), apresenta de forma resumida algumas ações que abrangem o acrônimo.

Nesta perspectiva de ASG, o setor de energia passa a receber centralidade nas discussões, e protagonizar um papel relevante para os bancos e empresas que buscam a transição energética. A decisão de alocar os recursos financeiros das corporações para planejamento estratégico considera tecnologias de energia renovável para que sejam destravados gargalos sociais, ambientais e econômicos.  

No estudo Rating ESG: o socioambiental vem primeiro publicado pelo Instituto Escolhas no ano de 2022, foram observadas tecnologias de energia que são atrativas e direcionadoras para a seleção criteriosa do investimento das organizações. Nesta perspectiva, foram avaliadas fontes como solar, eólica, térmica a gás natural e óleo, e hidrelétricas na região da Amazônia.  

O estudo indicou que os pesos de relevância do ASG para as tecnologias se dão da seguinte maneira: Ambiental (40%), Social (35%) e Governança (25%). Nota-se que dentro deste percentual, as fontes solar fotovoltaica e eólicas foram consideradas adequadas em termos sociais e ambientais quando destacamos a discussões de ASG, reforçando que a transição energética traça um caminho de sustentabilidade disposto a reduzir o impacto ambiental por meio da tecnologia. 

Os critérios ASG são extremamente relevantes para trilhar o caminho da transição energética pois irão direcionar os fluxos de investimento estrangeiro para aliviar a dependência energética de estados que estão fadados a compra e venda de energias poluentes. O ASG não é apenas um critério que emerge dentro das corporações, e sim um mecanismo balizador para as estruturas regulatórias que irão corroborar com a valoração dos atributos ambientais das fontes de energia renovável.  

O ASG impulsionará investimentos em um sistema elétrico mais limpo e confiável permitindo direcionar a mentalidade de empresas com disposição financeira a visualizarem a energia renovável como saída alternativa, considerando tecnologia de armazenamento, eficiência energética e até redes inteligentes. Ademais, estas empresas focarão na renovação de seus portifólios de ativos para destravar novas formas investimento, passando de usinas de carvão e óleo combustível para fontes de energia limpa de forma estratégica. 

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Matheus Noronha

Head de Energia Eólica Offshore (ABEEólica). Doutor e Pós Doutor na ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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