A Black Friday é uma das datas mais aguardadas do ano por consumidores e comerciantes. Esse período é marcado por promoções e descontos que prometem transformar desejos em realidade, além de ser a oportunidade perfeita para quem quer economizar. Para entender como funciona esse dia de tão importante para o comércio, conversamos com Ricardo Pastore, professor e coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM.
Segundo Ricardo, os principais gatilhos que impulsionam as pessoas a realizarem compras durante esse período estão atrelados à experiência emocional e à busca por conveniência. “As ofertas limitadas criam uma sensação de urgência e escassez que mobiliza os consumidores a agirem mais rápido. E além de apelo com os descontos, há outros fatores emocionais em jogo, como a busca por experiências positivas e prazerosas”.
Os consumidores quando compram na Black Friday estão desejando um processo de compra ágil, com facilidade de pagamento, disponibilidade imediata do produto e uma experiência sem atrito, seja no ambiente digital quanto no físico. “A integração omnichannel se torna um fator decisivo, muitas vezes superando a importância do produto ou da marca. A conveniência de poder escolher onde e como finalizar a compra, e de contar com um atendimento que flui entre canais, é fundamental para influenciar a decisão de compra”, finaliza o coordenador.
De acordo com Ricardo, eletrônicos e eletrodomésticos são as categorias de produtos mais procuradas durante a Black Friday, seguidos por itens de moda e beleza.
“A expectativa para 2024 é de que produtos relacionados à casa e bem-estar tenham um destaque significativo, impulsionados pelo aumento do tempo que os brasileiros passam em casa e pela crescente busca por conforto e qualidade de vida. Itens como smartphones, televisores, e dispositivos inteligentes para casa estão entre os campeões de venda, por serem anunciados com uma promoção “agressiva” e por se tornarem produtos mais acessíveis durante a Black Friday”, explica o professor.
O consumidor brasileiro se caracteriza por ser informado e exigente durante a Black Friday. Antes de realizar uma compra, os consumidores fazem comparações de preços e avaliações de outros compradores. Além disso, os consumidores valorizam um atendimento rápido e eficiente, especialmente em canais digitais.
“A digitalização ampliou o acesso a ferramentas de monitoramento de preços e à possibilidade de verificar históricos, fazendo com que os consumidores se tornem mais cautelosos em relação a promoções que pareçam “boas demais para ser verdade”. Muitos consumidores trocam informações em grupos de WhatsApp com amigos e familiares, além de seguir para identificar as melhores oportunidades, e avaliam cuidadosamente os riscos de golpes e promoções enganosas”, comenta Ricardo.
Promoções enganosas ainda fazem parte da Black Friday no Brasil. Essa prática ocorre quando as marcas elevam os preços previamente para que o desconto aparente ser maior.
“As motivações para isso são diversas: marcas de menor credibilidade se sentem pressionadas a competir com grandes varejistas e acabam optando por meios enganosos para chamar atenção. Outro fator motivacional é a falta de um controle mais efetivo sobre a transparência das ofertas. No entanto, é importante notar que esse tipo de prática prejudica a confiança do consumidor e tende a ter um impacto negativo a longo prazo”, afirma o professor.
“A projeção de vendas para a Black Friday de 2024 é otimista, apesar dos desafios macroeconômicos. Seguindo as tendências dos últimos anos, é esperado um crescimento de 8% a 12% em relação a 2023, com um volume total de vendas superior a R$ 5 bilhões, considerando tanto o e-commerce quanto as lojas físicas. Estratégias mais focadas em personalização e ofertas exclusivas para clientes recorrentes deve ajudar a impulsionar esse crescimento”, comenta o coordenador.