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“A aproximação entre o ambiente acadêmico e o de negócios é inevitável e vai acelerar”

Filipe Oliveira
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Felipe Collins, sócio e head de startup experience da ACE, e Caio Giusti Bianchi, coordenador do DB Lab da ESPM, falam sobre empreendedorismo no ambiente educacional

Para entender as vantagens e desafios da conexão entre o ecossistema de empreendedorismo e o sistema educacional, conversamos com Caio Giusti Bianchi e Felipe Collins. Bianchi é coordenador do DB Lab, pós-graduação da ESPM para empreendedores em negócios digitais. Além de professor do mesmo curso, Collins é sócio e head de startup experience da ACE, uma das maiores aceleradores de startups da América Latina.

Como funciona a parceria da ACE com o DB Lab?

Caio Bianchi: O grande parceiro do curso é a ACE, que é a maior aceleradora de startups da América Latina. Temos algumas disciplinas ao longo do curso que são ministradas por eles. E todos os membros da diretoria da ACE são professores no curso. A metodologia de aceleração deles se tornou a metodologia do curso. Conseguimos fazer essa adaptação do que eles usam no ambiente corporativo para o educacional.

Como foi adaptar o conteúdo da ACE para o ambiente educacional?

Felipe Collins: O maior desafio nesse caso é de repertório. Quando estamos falando de dar esse conteúdo dentro da ACE, o tipo de pessoa que está lá é mais uniforme e geralmente está em um nível um pouco mais maduro como empreendedor. Quando adapto ao ambiente educacional, preciso respeitar um pouco mais a heterogeneidade de backgrounds, o quanto as pessoas conhecem sobre o tema. Também preciso me preocupar um pouco mais com a absorção de conhecimento e não só com o output de execução. Mas não é algo difícil ou complexo porque tradicionalmente já trazemos uma didática e uma metodologia que permitem essa adaptação. O contrário também ocorre. Muitas vezes, sinto que algo teve uma melhora significativa em aula e levo de volta para a ACE. Isso é muito legal.

Quais as semelhanças e diferenças entre o DB Lab e uma aceleradora?

Caio Bianchi: A semelhança é no sentido de que existe a metodologia de aceleração, mentores a disposição e não somos limitados ao horário oficial do curso. Antes de todos os encontros, o professor está disponível durante meia hora ou uma hora para mentoria aqui na ESPM. A grande diferença é que no fim das contas, somos um curso de pós-graduação. Então, a grande preocupação é com a formação do estudante. É claro que isso reverbera no projeto, mas a preocupação é pedagógica.

Você acredita que as aceleradoras vão cada vez mais se aproximar das universidades?

Felipe Collins: Acredito sim. As aceleradoras, veículos de investimento e outros atores do ecossistema empreendedor vão se aproximar de universidades, seja no nível de graduação ou pós. Essa aproximação entre o ambiente acadêmico e o ambiente de negócios é inevitável e vai acelerar cada vez mais. Até porque existe uma tendência de que bons fundadores e bons funcionários de startups estejam em boas escolas. Então veremos desde iniciativas como o DB Lab até o núcleo de empreendedorismo da USP, que tem patrocínio de grandes marcas fomentando projetos de empreendedorismo.

Em que nível educacional você acredita ser importante inserir o empreendedorismo?  

Felipe Collins: Acho que desde o nível mais básico: a pré-escola. É uma coisa que nos EUA é muito mais valorizada. Lá, desde criança as pessoas têm projetos empreendedores, como montar um estande de limonada – usando um exemplo clichê. No Brasil, começou-se a aceitar empreendedorismo como carreira e a fomentar atitudes empreendedoras muito recentemente e de uma maneira ainda dispersa. Esse é um dos motivos que nosso ecossistema empreendedor é muito menos maduro do que o americano e o europeu. Não sei se uma matéria ou disciplina, mas noções de empreendedorismo tem que ser ensinadas desde a formação intelectual de uma criança. Não só na educação infantil, mas passar pelo ensino médio, graduação e pós-graduação. A gente ainda desconsidera ou considera com pouca veemência o poder de ensinar empreendedorismo, seja para criar uma empresa ou ser um profissional liberal, ou também para intraempreender dentro de uma grande corporação.

Muitas pessoas já têm entrando na faculdade com o intuito de empreender. Em sua opinião, é uma tendência as faculdades e escolas se tornarem ambientes de empreendedorismo?

Caio Bianchi: Aí tem um ponto do que é esse conceito de empreendedorismo. A maneira que eu trabalho, tanto no ambiente ESPM quanto no profissional, é o empreendedorismo enquanto a competência do profissional em identificar e alavancar oportunidades. Não está atrelado necessariamente a um novo negócio. O DB Lab encara o empreendedorismo enquanto competência profissional, comportamento. Nesse ponto é muito positivo que escolas em geral se preocupem com essa competência, que é a proatividade, procurar problemas e trazer soluções para esses problemas.

Tenho a sensação que demorou um pouco para as escolas se aproximarem do empreendedorismo. Você concorda?

Caio Bianchi: O que tem acontecido é que com esse grande movimento de tecnologia, ficou muito mais fácil e palpável empreender. É claro que as escolas reagiram depois de um certo tempo dessa característica de mercado.

Caio Giusti Bianchi, coordenador Pós-Graduação DB Lab
Caio Giusti Bianchi, coordenador Pós-Graduação DB Lab
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Filipe Oliveira

Editor do #Trendings.

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