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7 princípios do desenho universal aplicados na comunicação

Suzeli Damaceno
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Conheça o conceito e veja como essa técnica pode ser aplicada na comunicação de forma prática

Você já ouviu falar em “desenho universal” ou, em inglês, “universal design”? Essa expressão surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos em 1985. Na época, o arquiteto Ronald Mace, que era cadeirante, iniciou um movimento para mudar paradigmas na concepção de projetos urbanos, na arquitetura e no design em geral.

Ele e mais um grupo de profissionais, pesquisadoras e pesquisadores de áreas diversas (arquitetura, design de produto, engenharia, design ambiental) se juntaram e criaram os “7 princípios do desenho universal”. O objetivo era orientar designers para melhor integrar recursos que atendam às necessidades do maior número possível de pessoas. Sua filosofia era projetar coisas e serviços para todas as idades e habilidades.

O Universal Design Institute, criado por Mace, orienta que designers também incorporem aos 7 princípios questões econômicas, ambientais, culturais, de engenharia, de gênero, entre outras. Ou seja, devem ser integrados recursos que atendam às necessidades do maior número possível de pessoas.

Costumamos nos orientar muito por esses princípios também em acessibilidade digital. E, agora, trago essa inspiração para a área de comunicação corporativa.

Cito a seguir esses princípios com uma breve explicação do conceito e sugiro como pode ser aplicado também em comunicação de forma prática e factível. Tenho certeza de que cada um deles renderia uma boa roda de discussão e várias outras ideias surgiriam facilmente.

Mas a ideia aqui é gerar inspiração, abrir sua mente para as muitas possibilidades de melhoria que podemos fazer em nossas relações interpessoais e nas ferramentas de trabalho.

Conheça os princípios do desenho universal

Princípio 1 – Igualitário – uso equiparável

Espaços e objetos projetados para serem utilizados por pessoas com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais para todas as pessoas.

Na comunicação: as ferramentas ou canais de comunicação e de colaboração devem ser de fácil acesso para todo mundo e sem barreiras de navegação, se forem digitais. As informações ali contidas devem estar dispostas de forma que as pessoas as encontrem e as compreendam.

Princípio 2 – Adaptável – uso flexível

Produtos ou espaços que atendem pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso.

Na comunicação: informações (textos, e-mail marketing, vídeos, slides em reuniões etc.), campanhas de comunicação ou reuniões devem ser projetadas para que todo conteúdo seja compreendido pelas pessoas, mesmo que haja necessidade de alguma adaptação em seu formato, como aumento da fonte, contraste, inclusão de legenda, entre outras.

Princípio 3 – Óbvio – uso simples e intuitivo

De fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender independentemente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem, nível de concentração.

Na comunicação: a mensagem deve ser organizada com linguagem simples, em tópicos, com sequências lógicas e que ajude a pessoa a construir seu raciocínio em relação àquela informação. Para isso, devemos sempre considerar a variedade de perfis do nosso público-alvo.

Princípio 4 – Conhecido – informação de fácil percepção

A informação é transmitida de forma a atender as necessidades de quem a recebe, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição.

Na comunicação: é preciso prever redundância para as informações essenciais, ou seja, comunicá-la de diferentes modos usando desenhos e símbolos universais, emojis e gifs sem ironia, áudio, relevos etc. Leve em consideração a variedade de tecnologias assistivas que as pessoas com limitações sensoriais podem utilizar em seu dia a dia. Também é essencial neste princípio a preocupação com o contraste, tipo e tamanho de fonte.

Princípio 5 – Seguro – tolerante ao erro

Previsto para minimizar os riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não intencionais.

Na comunicação: seus pedidos e orientações devem ser feitos da maneira mais clara possível, com linguagem simples e na ordem direta. Se for feito de forma oral (como em mensagens de áudio), preveja um reforço por escrito de modo que a pessoa possa checar mais facilmente o que lhe foi pedido. Mesmo assim, é importante sempre deixar o canal aberto para que ela se sinta à vontade para tirar eventuais dúvidas sobre a tarefa que deverá executar. Praticar a escuta ativa aqui é essencial!

Princípio 6 – Baixo esforço físico

Para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.

Na comunicação: organizar as informações de modo que ajude o nosso cérebro a pensar em uma coisa por vez, reduzindo nosso esforço mental. Inclua todos os elementos de contexto e histórico necessários no mesmo e-mail, por exemplo, conduzindo a linha de pensamento de quem está recebendo aquela informação e terá que tomar alguma atitude em relação a ela.

Princípio 7 – Abrangente – dimensão e espaço para aproximação e uso

Que estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho o corpo, da postura ou mobilidade do usuário.

Na comunicação: aqui vale especialmente para os comunicados internos que a empresa tem que fazer de forma massiva. Eles devem ter audiodescrição e layout, cores, tipo e tamanho das fontes que sejam fáceis de serem compreendidos e acessados por todas as pessoas. Esse princípio também vale para apresentações em slides e em relatórios de resultados, entre outros materiais. Importante também prever a inclusão de Libras (Língua Brasileira de Sinais) caso haja alguém na equipe que se comunique prioritariamente neste idioma. Todo mundo precisa acessar com facilidade a informação e poder fazer uso dela.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre desenho universal, que tal fazer este mesmo exercício aplicando esses conceitos em sua área profissional atual ou futura?

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Suzeli Damaceno

Suzeli Damaceno é jornalista com especialidade em comunicação acessível e em acessibilidade digital. É consultora, palestrante, professora na ESPM e na MDG Academy, e coordenadora do Movimento Web para Todos.

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