Por Filipe Oliveira e Jorge Tarquini
Já ouviu falar em NFT (ou Non-Fungible Token)? Trata-se de uma tecnologia baseada em blockchain que está revolucionando o mercado de arte digital. “O NFT é um meio de você colocar sua arte à venda através de um contrato cravado na blockchain, o que dá uma autenticidade para o seu trabalho, algo que até então não tinha”, explica o criptoartista Uno de Oliveira. “Quando você bota uma arte no Instagram, por mais incrível que ela seja, rola um certo preconceito: ‘Ah, é só apertar um botão que isso fica pronto’. O que está acontecendo agora primeiro é um entendimento da complexidade do trabalho. E mais do que isso, uma oportunidade de vender e comercializar a arte através da blockchain”.
Em março deste ano, a obra digital Everydays: The First 5000 Days, do artista norte-americano Beeple, foi leiloada por 69,3 milhões de dólares (mais de R$ 390 milhões). A NBA também investiu no NFT, lançando a plataforma NBA Top Shot, onde são comercializados em blockchain cards colecionáveis com jogadas marcantes da liga de basquete norte-americana. Em apenas um fim de semana, 37,8 milhões de dólares (mais de R$ 210 milhões) foram movimentados na plataforma.
Para entender mais sobre o assunto, o Trendings conversou com Uno de Oliveira e o músico Andre Abujamra, que estão se aventurando juntos no mundo do NFT. Os dois lançaram juntos a obra Coélhek, ilustrada por Uno e sonorizada por Abujamra, que foi vendida num leilão de um marketplace especializado em artes em NFT. “Meu último disco teve 100 mil views e eu ganhei 8 centavos no Spotify, com o trabalho que fiz em uma semana com o Uno, eu ganhei uns 500 dólares”, comemora Abujamra.
✨SOLD✨
— Uno de Oliveira (@unodeoliveira) March 3, 2021
"Coélhek" from the TROPICALFUTURISM collection was sold to "NFT Girl" for 2 ETH ($ 3230)
I am deeply grateful for being valued as an artist and for showing a little of my country's culture. Thanks @makersplace and the whole #cryptoart community. pic.twitter.com/IOgscW5ysy
Uno: O NFT é um contrato, um meio de você colocar sua arte à venda através de um contrato cravado na blockchain, o que dá uma autenticidade para o seu trabalho, algo que até então não tinha. Quando o Abu coloca uma arte dele para vender, o Abu está colocando um vídeo ou um JPEG, anexado a um contrato. Quem compra essa dupla, arte mais contrato, tem o direito de comercializar essa arte ou guardar dentro da carteira e esperar o Abu valorizar.
Uno: Existe uma comunidade internacional que compra e vende arte. Em sua maioria, muitos dos que compram são os próprios artistas, que acabam investindo em outras pessoas. E existem investidores de tudo que é tipo, tem o baleira, como chamamos o cara que comprou Ethereum e Bitcoin lá atrás, tem muita criptomoeda na carteira e está diversificando investimento. Também aqueles que estão olhando como uma inovação e estão investindo. O cara que investe em criptomeda, está ligado em todos esses movimentos e ele vai investir. Vai colocar um dinheiro, porque dentro da gama de investimentos dele, algumas coisas valorizam muito, o que compensa a não valorização de outras.
Uno: Estou falando de um grupo de pessoas que já faz arte digital há muito tempo e nunca foram valorizados, por a arte não ser tangível. Não estou falando de quadro, não estou falando de arte contemporânea, estou falando de ilustração digital. Quando você bota uma arte no Instagram, por mais incrível que ela seja, rola um certo preconceito: ‘Ah, é só apertar um botão que isso fica pronto’. O que está acontecendo agora primeiro é um entendimento da complexidade do trabalho dessas pessoas, até então isso não acontecia. E mais do que isso, uma oportunidade de vender e comercializar a arte através da blockchain.
Abujamra: Meu último disco teve 100 mil views e eu ganhei 8 centavos no Spotify, com o trabalho que fiz em uma semana com o Uno, eu ganhei uns 500 dólares.
Abujamra explica que as vendas podem ser feitas de diferentes formas, dependendo de onde está o seu NFT. Alguns sites, como o Foundation, funcionam com sistemas de leilão, e em outros, como o Makersplace, artistas podem expor suas obras e as negociar com interessados.
Uno: Você fica com a obra dentro da sua carteira, vira um Token. É como se fosse um valor em Ethereum. A melhor forma de você expor é dentro dos sites mesmo, porque dentro das comunidades as pessoas entram para ver o que você tem dentro da carteira. Vira e mexe, eu vou ver a carteira de colecionadores e vejo as obras que tem lá dentro. Os colecionadores se tornam relevantes com o portfólio que eles têm dentro da carteira deles.
Uno: Sim. Se eu compro a arte do Abu e entendo que ele vai valorizar daqui há um tempo, vou vender a arte dele pelo dobro, triplo, ou quíntuplo, isso aconteceu comigo. O investidor ganha nessa, na valorização do Abu, porque revende a arte, e o Abu continua ganhando, porque nesse contrato o Abu tem royalty.
Uno: Já vi vários exemplos de pessoas que estão começando, gente que saiu da faculdade, que está começando a ilustrar, e está entrando e está conseguindo se virar de um jeito interessante. Mas é caro, imagina ter que pagar 100 dólares para colocar uma arte em um site. O que sugiro sempre é que não tem que entrar e colocar uma arte para ver o que é isso [o NFT]. Faz um projeto, pensa em quantas artes vai colocar e levanta o dinheiro para pagar as taxas. É um investimento. Foi o que eu fiz, só que em dezembro, quando o Ethereum estava mais barato.
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