Desde a antiguidade até a idade média a criatividade era vista como um dom divino, somente durante o renascimento e, principalmente durante o iluminismo ela perdeu essa natureza mística e passou a ser atribuída como uma habilidade humana.
Mesmo no seu período místico, muitos entendiam esse processo como uma forma de descoberta e não de criação, até porque, tanto nas religiões ocidentais como orientais, somente o ser supremo tinha a capacidade de criar algo “ex-nihilo”, ou seja, a partir do nada.
Posteriormente a ação criativa foi relacionada como a capacidade intelectual e, especialmente dentro das habilidades mentais, com a imaginação. Essa era, ainda de certa forma, um atributo reservado a poucos escolhidos. Imaginação estava muito associada à genialidade
Somente no século XX, com o desenvolvimento e as pesquisas nas áreas de psicologia e neurociências é que se começou a admitir que o processo criativo poderia ser uma habilidade adquirida e treinada e, dessa forma, acessível a qualquer pessoa.
O modelo mais aceito tem os seguintes estágios:
Percepção ou identificação da situação problema: o que leva ao exercício fundamental de saber fazer perguntas. O matemático Georg Cantor já dizia que “na matemática, a arte de fazer perguntas é mais valiosa que resolver problemas”.
Costumamos identificar sintomas com muita facilidade, mas raramente pesquisamos a fundo qual é a verdadeira causa – a raiz do problema.
Nos negócios costumamos tratar os sintomas, o que não exige criatividade, com fórmulas genéricas e acabamos sofrendo recaídas frequentes.
O segundo passo é a teorização do problema. Uma vez identificado, precisamos converter esse problema em um modelo conceitual.
Muitos de nós sentem calafrios só de ouvir a palavra teoria. Outros tantos não estão dispostos a queimar neurônios. Pensar dá trabalho e é um exercício cansativo.
No entanto, sem esse exercício é impossível seguir para o passo seguinte.
Considerar possíveis soluções. Um mesmo problema com o mesmo fundamento conceitual pode ter muitas possíveis soluções. Estudar exaustivamente cada uma delas é o único caminho para se chegar à mais adequada em todos os aspectos onde ela vá impactar.
Pesar prós e contras. Identificar eventuais efeitos colaterais. Calcular custo-benefício.
A solução não virá como uma fagulha genial descida das nuvens. O impacto “eureka” só acontece quando as fases anteriores foram bem trabalhadas e será, inevitavelmente, decorrente delas.
A última fase é a de produzir a solução, transformar a ideia mental em ideia prática. Pode ser uma tarefa individual ou, como ocorre nas empresas, de forma coletiva, envolvendo diferentes conhecimentos dentro da organização.