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15 erros das empresas ao falar de sustentabilidade

Patrícia Rodrigues
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Marcus Nakagawa, professor de ética, empreendedorismo e responsabilidade socioambiental da ESPM, ensina a identificar as principais práticas que levam à confusão, especialmente por parte das organizações

Preocupar-se com a pegada de carbono, economizar água e papel, utilizar meios de locomoção menos poluentes são, sem dúvida, atitudes sustentáveis. Porém, falar em sustentabilidade não se restringe e vai muito além da questão ambiental. Esse é um erro clássico que as pessoas cometem no dia a dia em relação a esse tema. “Não só indivíduos, mas muitas empresas também, por desconhecimento ou motivos diversos que levam a consequências mais sérias, como o greewashing, que tenta dissuadir o público a crer que seus produtos são amigáveis ao meio ambiente”, explica Marcus Nakagawa, professor da Graduação e MBA da ESPM, nas questões de ética, empreendedorismo e responsabilidade socioambiental.

Há um movimento muito grande em relação a essa questão, parte importante do conceito ESG — em inglês, environmental, social and governance, os três principais pilares que analisam o posicionamento da organização e medem o seu índice de sustentabilidade e impacto social. A seguir, aprenda a identificar os 15 enganos mais comuns — muito importante para saber, de verdade, se a empresa que você aprecia, compra e segue nas redes sociais, está agindo dentro dessa conformidade.

1. Encarar a sustentabilidade apenas como “matéria”

Um erro clássico. Reciclar, cuidar de resíduos são, de fato, importantes para a questão ambiental. Pode-se até começar por aí para promover mais adesão, obter mais aderência aos projetos. Mas, mais uma vez, sustentabilidade não se restringe aos cuidados ambientais.

2. Falar de responsabilidade social e sustentabilidade somente de uma maneira tática e operacional

Especialmente se esses conceitos não são estratégicos e alinhados à missão, visão e valores da corporação. “Ambos tornam-se apenas projetos, que até são necessários para dar início ao processo. Mas o erro está em justamente achar que basta fazer um e acabou. Definitivamente, não é só isso.”

3. Restringir o tema às hierarquias superiores ou somente ao “chão de fábrica"

Projetos relacionados à sustentabilidade devem envolver todos os funcionários, fazer parte de todas as esferas do negócio, dos processos, da escolha de seus fornecedores e com todos os stakeholders.

4. Não atrelar sustentabilidade à bonificação dos funcionários

Além de ser um estímulo, também mostra a importância desse tema para a empresa. A isso, algumas empresas ainda colocam a sustentabilidade como parte da meta individual.

5. Em relação à diversidade, contratar pessoas de grupos “minoritários” mas não incluí-las verdadeiramente no trabalho

Não bastam contratações e comitês, também muito importantes, mas essa pessoa precisa ter condições de se integrar. “Assistimos muito a isso com as cotas para pessoas com deficiência: não havia nem a questão física da acessibilidade, de plataforma, de elevadores. Nada era adaptado para recebê-las e ninguém à volta também era treinado para uma conduta de acolhimento.”

6. Falta de transparência, interna ou externamente

Aqui temos os extremos, o das empresas que adoram “aparecer” e de outras que não querem revelar suas ações e números em relação ao tema.

7. Falar mais do que fazer

Por meio da comunicação e de várias outras ações, criar uma falsa aparência de sustentabilidade. São práticas conhecidas como greenwashing (“lavagem verde”, “pintura verde”, “maquiagem verde” de produtos e serviços), social washing (melhorar a reputação da empresa por meio filantropia ou ações não eficazes) e diversity washing (fala de diversidade e inclusão, mas esses grupos estão fora das empresas).

8. Não medir, não mensurar, não ter indicadores auditáveis

Não ter o controle dessas ações também não permite conhecer o real impacto delas na sociedade, além de aumentar (e muito) a probabilidade de comunicá-las de forma errada.

9. Adotar ações e projetos sem frequência

Acontecem uma vez por ano ou de maneira pontual, muitos sem continuidade.

10. Comunicação errada

Pode estar relacionada ao greenwashing, mas pode também não ter o peso suficiente. “Não deve ser a mais nem a menos, ser somente correta, transparente e com parcimônia. Por isso, o controle, os números e os indicadores são importantes para essa divulgação.”

11. Não possuir uma gestão para o ESG dentro da empresa

Não necessariamente um funcionário específico, mas um comitê, um conselho, um grupo de trabalho multidisciplinar para poder liderar esses pontos. “É importante também envolver o alto escalão — muitas vezes essa questão é delegada a um departamento, uma área etc. e o CEO não está dentro ou a par do processo como um todo.”

12. Acreditar que a cultura de sustentabilidade é papel apenas das grandes corporações

Independentemente do porte, todas podem e devem desenvolver esse tipo de cultura, trazendo funcionários com essa mentalidade e com o treinamento dos que lá já estão.

13. Não treinar, não estabelecer metas de ESG e métricas pessoais

Assim como acontece com as demais metas — qualidade, financeira, de gestão etc. — é preciso traçar as do ESG com engajamento, planejamento, bonificação e/ou conquistas para que elas também sejam “batidas”, dentro de um objetivo maior, do ESG da empresa.

14. Achar que sustentabilidade é mais difícil em tempos de pandemia

Deve ser o contrário! Em sustentabilidade também entram questões sociais: a pandemia, por exemplo, escancarou muitos problemas com funcionários, relacionados à gestão, necessidade de acompanhamento médico para a saúde psíquica e emocional, entre outros. “Muitos fornecedores receberam apoio de organizações maiores para o seu desenvolvimento, principalmente as médias e pequenas empresas, como adiantamentos de seus fluxos de caixa. Sustentabilidade também é a parte financeira, a humana e a solidária.”

15. Não incluir a sustentabilidade como parte importante para a sobrevivência dos negócios

A má gestão dos recursos naturais, da fauna e da flora, o desmatamento, as queimadas e a pouca importância do tema na esfera governamental — inclusive no gerenciamento de crises e da própria pandemia — impactam (e prejudicam) nossos negócios a médio, curto e longo prazos. Hoje o mundo não está preocupado apenas com o aspecto financeiro, mas como você trata seus cidadãos e funcionários. “Os investidores estão cada vez mais atentos às questões ligadas ao ESG, entendendo que não adianta só ter o lucro a qualquer custo e qualquer preço, à base de vidas humanas, de trabalho infantil ou escravo, de não gestão de seus públicos e relacionamentos e o tratamento dado aos recursos naturais. Por isso, muitos priorizam investimentos em empresas e startups que levam em consideração não só os lucros, mas também os impactos positivos e negativos, ambientais e sociais do negócio.”

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Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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