Todo negócio precisa de planejamento, porque com ele o empreendedor consegue ter uma visão geral do mercado e de tudo o que vai ser necessário para tirar uma ideia do papel e colocá-la em prática. Isso serve não apenas como um roteiro, mas também é um material de apoio balizador para que o empreendedor possa utilizá-lo em sua argumentação numa rodada de investimento. Por esse motivo, o plano de negócios deve ser feito com seriedade. “O investidor analisa o documento como se estivesse numa banca examinadora de uma tese de doutorado. Ele é rigoroso, que saber os porquês, pergunta detalhes, esmiúça e espera que a apresentação do projeto traga todas as respostas”, explica Letícia Menegon, coordenadora da Incubadora de Negócios da ESPM em São Paulo.
O plano de negócios é um documento que especifica, em linguagem muito bem escrita e formal, a organização de vários elementos que compõem um negócio. É uma ferramenta que estrutura o pensamento e ordena as informações que o empreendedor necessita para refletir sobre as etapas para a concretização da sua ideia a curto, médio e longo prazos. Ele é feito com base em seis pontos, explicados a seguir por Letícia Menegon.
É o texto que apresenta o produto ou serviço e as ações que serão feitas em termos de produção, atendimento, inserção no mercado, investimento e estimativa de lucro. Empreendedores que buscam investidores têm de preparar o sumário executivo com muito cuidado e atenção. É a partir dele que o prospectivo parceiro vai se interessar ou não pelo serviço ou produto e, portanto, sua descrição deve ser atraente, destacar os diferenciais, as oportunidades do negócio em seu segmento e no mercado de maneira geral, as características, os diferenciais e as vantagens frete à concorrência, os recursos necessários para a sua produção e distribuição. Esse descritivo é um resumo do que e como vai ser feito e seu propósito é chamar a atenção de possíveis investidores.
Aqui se explica como vai ser a administração da empresa. Sua constituição legal, a composição dos cargos-chave e as responsabilidades de cada uma dessas posições, se existem membros de conselho consultivo e o que é esperado deles, a quantidade de funcionários e as linhas gerais da remuneração da equipe. Os gestores devem ser apresentados juntamente com suas experiências anteriores, o que dá credibilidade, e as pessoas mais novas devem ser apresentadas por sua formação acadêmica e cursos complementares de aprendizado.
Tudo o que se refere a um produto ou serviço é contemplado neste capítulo. As informações são detalhadas e descrevem de onde vem a matéria-prima, seu processo de produção e impactos ambientais, possibilidade de reciclagem, ciclo de vida, maquinário e tecnologia necessária para a fabricação, entre outros. O texto também aponta se o produto traz uma solução pela qual o mercado ansiava ou se a partir dele podem surgir subprodutos que darão continuidade ao projeto.
Um plano de marketing precisa se basear em dados e informações que vão nortear toda a estratégia de desenvolvimento e lançamento de um serviço ou produto. Deve conter um perfil do setor, apresentando o tamanho do mercado, seu potencial de crescimento e as tendências relacionadas a esse segmento. Isso traz consistência para a descrição do negócio e para a própria análise da penetração no mercado, e permite definir e conhecer o perfil do cliente e sua representatividade. Outros fatores que devem constar no plano de marketing são alcance geográfico do projeto, a precificação que pode variar conforme a região do país, a campanha publicitária e as mídias escolhidas para a divulgação, além da distribuição.
É necessário saber quais são os processos mínimos de operação para produzir o produto ou desenvolver o serviço e como vai ser o trabalho de atendimento a clientes. Quais serão os canais de atendimento escolhidos, qual será o tempo médio de resposta e quem vai fazer esse trabalho, uma equipe própria ou terceirizada? No tratamento com fornecedores, qual vai ser o fluxo mínimo de pedido e recebimento de materiais? Quais serão os agentes e as etapas de distribuição de um produto ou de atuação na prestação de um serviço?
Investidores querem entrar em um negócio para ganhar dinheiro. Portanto, a apresentação de dados financeiros tem de ser consistente, realista e verdadeira. Os investidores que foram seduzidos pela explanação do sumário vão olhar os números antes de se inteirarem sobre os detalhes do trabalho. Eles querem saber se as projeções de venda e lucro fazem sentido, se o pressuposto financeiro está bem fundamentado e considera variantes como inflação e crescimento ou retração da economia. O ideal é fornecer o máximo de informações, incluindo projeção otimista, realista e pessimista para um desenho adequado dos possíveis cenários.
A Endeavor Brasil, uma rede de apoio ao empreenedorismo, disponibiliza um guia em PDF de onde extraímos os dados que devem constar em cada bloco do Canvas, reproduzidos abaixo:
1. Segmentos de clientes: Que clientes (mercados, segmentos, nichos) sua empresa quer atingir?
2. Proposta de valor: Qual (is) benefício (s) sua empresa oferece a seus clientes?
3. Canais: Como a sua empresa atinge (se comunica com) seus clientes (ou segmentos de clientes) e entrega sua proposta de valor?
4. Relacionamento com o cliente: Quais relacionamentos sua empresa estabelece com os seus (segmentos de) clientes?
5. Fontes de receitas: Quais são as fontes de receitas de cada segmento de clientes?
6. Recursos-chave: Quais são os recursos (ativos) mais relevantes demandados para que o modelo de negócio planejado funcione?
7. Atividades-chave: Quais são as atividades mais importantes que devem ser feitas para que a empresa consiga implementar seu modelo de negócio?
8. Parcerias-chave: Quais são os fornecedores e parceiros necessários para que o modelo de negócio seja adotado?
9. Custos: Quais são os custos (despesas, gastos) que a empresa terá ao colocar o modelo de negócio planejado em prática?
O Sebrae possui um site para criação de modelos de negócio, que já tem um template com blocos específicos.