Já ouviu falar em tecnologia social? Trata-se de elementos que os responsáveis por eventos culturais podem adotar para promover melhorias nas condições de vida das comunidades e o respeito real à diversidade étnica e racial. De aplicação simples, esses elementos podem gerar impactos econômicos – criação de renda e empregos – e promover o valor cultural a partir das manifestações da diversidade presente na sociedade brasileira.
A detecção dessas iniciativas foi realizada a partir de um estudo feito na Feira das Yabás, no bairro de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro: “Tecnologia social para a realização de feiras e eventos culturais voltados para a valorização das diferenças étnico-raciais em âmbito nacional”. Participaram do projeto três pesquisadores do LCC e estudantes do Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa (MPGEC) da ESPM-Rio.
Afinal, o que é uma tecnologia social?
Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma tecnologia social envolve um método, processo ou produto transformador, desenvolvido e/ou aplicado na interação com a população e apropriado por ela. Tal tecnologia representa uma solução para inclusão social e melhoria das condições de vida, atendendo aos requisitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e replicabilidade.
Os objetivos da tecnologia social para feiras e eventos culturais
– Valorizar saberes, ofícios, modos de fazer, expressões artísticas e locais que abarcam práticas culturais coletivas de grupos socialmente marginalizados para a geração de renda e emprego e a inclusão social.
– Tornar eventos e feiras meios de resistência às tentativas de assimilação, eliminação e subjugo das tradições de oprimidos e excluídos por grupos dominantes.
– Valorização da memória – a qual estimula o sentimento de identidade e cria bases para o respeito à diversidade cultural – e na geração de projetos que visem a combater e mitigar as desigualdades regionais e locais em termos da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços criativos no território nacional.
– Trazer respostas novas para a promoção de mudanças sociais, reunindo três atributos: a satisfação de necessidades humanas que não são atendidas pelo mercado; a promoção da inclusão social e a capacitação de agentes para fazerem frente a processos de exclusão e marginalização, o que pode desencadear uma transformação das relações de poder.
Os elementos apresentados na tecnologia social foram colocados em prática em uma edição da feira em dezembro de 2019. O objetivo não foi apenas ampliar a geração de renda, mas também preservar a cultura de matriz africana produzida na região, em especial a gastronomia e a música.
Os responsáveis pelo evento buscavam uma solução para problemas como as dificuldades de sustentabilidade financeira e de relação com o Poder Público.
Dentre as áreas impactadas, cabe destacar:
– a cultural – em particular a valorização de uma cultura popular marginalizada e a preservação de sua tradição
– a econômica – criando-se meios para a ampliação da renda gerada no evento, que auxilia no sustento dos principais profissionais criativos envolvidos
– a social, tendo em vista que as atividades culturais e econômicas permitem a melhoria da qualidade de vida de populações locais.
A inovação trazida combina conhecimentos de áreas como Administração, Economia e Sociologia como forma de agregar, na realização de tais feiras e eventos, uma diversidade de atores e ferramentas. Ela promove uma grande sinergia não apenas entre os agentes sociais e o Poder Público, mas também instituições de ensino superior, que podem prestar auxílio na implementação de soluções e na resolução de conflitos entre os participantes. Para acessar a tecnologia social para eventos culturais no site do LCC, basta clicar aqui.
A tecnologia social para feiras e eventos culturais
Os elementos que compõem a tecnologia social que possa ser apropriada por grupos étnico-raciais para a realização de feiras e eventos que valorizem a sua diversidade são:
Análise macroambiental, a qual leva em conta o contexto econômico, sociocultural, político-legal, demográfico e natural que pode impactar não somente o evento, mas todo o setor do qual ele faz parte
Análise da matriz SWOT, em que se enumeram forças, fraquezas, oportunidades e ameaças existentes (strengths, weaknesses, opportunities, threats, em inglês);
Análise das forças de Porter, que considera a rivalidade entre concorrentes, a ameaça de produtos substitutos e novos entrantes e o poder de barganha de clientes e fornecedores;
Disseminação dos produtos de inteligência, com a elaboração de um composto de comunicação;
Análise de componentes do modelo de governança do evento e suas atribuições, além de recomendações para a melhoria do modelo.