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Tecnologia social: como realizar eventos culturais que promovam a diversidade

Diego Santos Vieira de Jesus
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É possível criar eventos que gerem impactos econômicos e, ao mesmo tempo, resgatem o valor cultural das diversas manifestações étnicas e raciais da sociedade brasileira. A tecnologia social desenvolvida pelo Laboratório de Cidades Criativas (LCC) da ESPM-Rio aponta um caminho viável

Já ouviu falar em tecnologia social? Trata-se de elementos que os responsáveis por eventos culturais podem adotar para promover melhorias nas condições de vida das comunidades e o respeito real à diversidade étnica e racial. De aplicação simples, esses elementos podem gerar impactos econômicos – criação de renda e empregos – e promover o valor cultural a partir das manifestações da diversidade presente na sociedade brasileira.

A detecção dessas iniciativas foi realizada a partir de um estudo feito na Feira das Yabás, no bairro de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro: “Tecnologia social para a realização de feiras e eventos culturais voltados para a valorização das diferenças étnico-raciais em âmbito nacional”. Participaram do projeto três pesquisadores do LCC e estudantes do Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa (MPGEC) da ESPM-Rio.

Afinal, o que é uma tecnologia social?

Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma tecnologia social envolve um método, processo ou produto transformador, desenvolvido e/ou aplicado na interação com a população e apropriado por ela. Tal tecnologia representa uma solução para inclusão social e melhoria das condições de vida, atendendo aos requisitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e replicabilidade.

Os objetivos da tecnologia social para feiras e eventos culturais

– Valorizar saberes, ofícios, modos de fazer, expressões artísticas e locais que abarcam práticas culturais coletivas de grupos socialmente marginalizados para a geração de renda e emprego e a inclusão social.

– Tornar eventos e feiras meios de resistência às tentativas de assimilação, eliminação e subjugo das tradições de oprimidos e excluídos por grupos dominantes.

– Valorização da memória – a qual estimula o sentimento de identidade e cria bases para o respeito à diversidade cultural – e na geração de projetos que visem a combater e mitigar as desigualdades regionais e locais em termos da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços criativos no território nacional.

– Trazer respostas novas para a promoção de mudanças sociais, reunindo três atributos: a satisfação de necessidades humanas que não são atendidas pelo mercado; a promoção da inclusão social e a capacitação de agentes para fazerem frente a processos de exclusão e marginalização, o que pode desencadear uma transformação das relações de poder.

Resultados na Feira das Yabás

Os elementos apresentados na tecnologia social foram colocados em prática em uma edição da feira em dezembro de 2019. O objetivo não foi apenas ampliar a geração de renda, mas também preservar a cultura de matriz africana produzida na região, em especial a gastronomia e a música.

Os responsáveis pelo evento buscavam uma solução para problemas como as dificuldades de sustentabilidade financeira e de relação com o Poder Público.

Dentre as áreas impactadas, cabe destacar:

– a cultural – em particular a valorização de uma cultura popular marginalizada e a preservação de sua tradição

– a econômica – criando-se meios para a ampliação da renda gerada no evento, que auxilia no sustento dos principais profissionais criativos envolvidos

– a social, tendo em vista que as atividades culturais e econômicas permitem a melhoria da qualidade de vida de populações locais.

A inovação trazida combina conhecimentos de áreas como Administração, Economia e Sociologia como forma de agregar, na realização de tais feiras e eventos, uma diversidade de atores e ferramentas. Ela promove uma grande sinergia não apenas entre os agentes sociais e o Poder Público, mas também instituições de ensino superior, que podem prestar auxílio na implementação de soluções e na resolução de conflitos entre os participantes.  Para acessar a tecnologia social para eventos culturais no site do LCC, basta clicar aqui.

A tecnologia social para feiras e eventos culturais

Os elementos que compõem a tecnologia social que possa ser apropriada por grupos étnico-raciais para a realização de feiras e eventos que valorizem a sua diversidade são:

Análise macroambiental, a qual leva em conta o contexto econômico, sociocultural, político-legal, demográfico e natural que pode impactar não somente o evento, mas todo o setor do qual ele faz parte

Análise da matriz SWOT, em que se enumeram forças, fraquezas, oportunidades e ameaças existentes (strengths, weaknesses, opportunities, threats, em inglês);

Análise das forças de Porter, que considera a rivalidade entre concorrentes, a ameaça de produtos substitutos e novos entrantes e o poder de barganha de clientes e fornecedores;

Disseminação dos produtos de inteligência, com a elaboração de um composto de comunicação;

Análise de componentes do modelo de governança do evento e suas atribuições, além de recomendações para a melhoria do modelo.

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Diego Santos Vieira de Jesus

É docente e pesquisador do Programa de Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa (MPGEC) e coordenador do Laboratório de Cidades Criativas da ESPM-Rio.

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