Nos anos 1990, o objetivo das grandes marcas era se tornar “global”, uma empresa reconhecida e admirada ao redor de todo o globo (ao menos para os que acreditam que a Terra é redonda…). Na lógica analógica daqueles tempos longínquos, a melhor maneira de se conseguir isso era com a presença física dos produtos ofertados em todos os países. Foi assim que carros, alimentos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, entre outros, se tornaram presença nas prateleiras do mundo todo. E, por consequência, se tornavam marcas admiradas por consumidores.
Para ver como isso funcionava então, basta dar uma espiadela na versão 2009 do ranking “Empresas Mais Admiradas do mundo”, publicado pela revista Fortune:
1.Apple
2. Berkshire Hathaway (holding de Warren Buffet com mais de 60 empresas de inúmeros setores)
3. Toyota Motor
4. Google
5. Johnson & Johnson
6. Procter & Gamble
7. FedEx
8. Southwest Airlines
9. General Electric
10. Microsoft
Com a mudança do cenário mundial para uma sociedade “pós-industrial”, serviços baseados em inteligência artificial e sistemas informatizados mudaram as relações de compra e de contato com as marcas. Veja a lista de 2019:
1.Apple
2. Amazon
3. Berkshire Hathaway
4. Walt Disney
5. Starbucks
6. Microsoft
7. Alphabet (Google)
8. Netflix
9. JPMorgan
10. FedEx
Vemos que a admiração por marcas de produtos de higiene, como Johnson & Johnson e Procter & Gamble, foi substituída por um sistema de streaming, uma cadeia de cafeterias, uma loja virtual (que hoje é muito mais do que isso…), um conglomerado de entretenimento e uma instituição financeira.
Seria leviano tentar analisar por que algumas empresas saíram desse olimpo das marcas, mas dá para pensar em algumas possibilidades:
– a presença ostensiva no universo da internet e das redes: como notícia, como publicidade, como onipresença junto a influencers (você vê uma celebridade usando um iPhone, mesmo que não seja paga para isso, mas não vê a mesma celebridade mostrando a marca de fralda de seus filhos, por exemplo);
– a mudança de imagem da indústria da qual faz parte (o setor automobilístico, por questões ligadas tanto ao meio ambiente e às questões de transporte individual x coletivo, ganhou a antipatia das novas gerações);
– a necessidade de tecnologias cada vez mais “disruptivas” (por maior que a GE contribua com setores tão diversos quanto eletrodomésticos, maquinário de diagnósticos médicos e equipamentos de ponta para indústria, por exemplo, não tem 1/5 do charme que outras empresas somam às suas marcas de tecnologia – vide Apple. Que, aliás, merece os parabéns: é a que melhor faz isso. Afinal, liderar esse ranking por mais de uma década é um feito. Segue o líder!).