É preciso entender nossos altos e baixos

A maior diferença entre coisas e pessoas é que das primeiras esperamos padronização, performance e funcionalidade permanentes (e geralmente em alto padrão). Já as pessoas, por mais hábeis e bem preparadas, não têm como garantir resultados constantes. Ou seja: somos humanos.

E pudemos relembrar isso recentemente, quando a ginasta americana Simone Biles anunciou sua desistência na disputa de medalhas em equipe, depois de admitir que não estava no seu melhor. Independentemente do debate “pró e contra” (ah, a polaridade simplificante…), ela simplesmente fez um chamamento em amplitude planetária para cada indivíduo vivente repensar sua relação o trabalho, os estudos – enfim, com a vida.

“Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento”, declarou. “Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas. Somos pessoas, afinal de contas, e às vezes é preciso dar um passo atrás.”

Simplesmente o fato de estarmos preparados e reunirmos condições financeiras, técnicas e o que mais for necessário não pode garantir que vamos manter a performance impecável. As variáveis são inúmeras e infinitas. No caso de Biles, foi uma depressão. No seu ou no meu, pode ainda ser uma indisposição qualquer, uma preocupação inesperada ou simplesmente algo que não funcionou.

Claro que, diante de qualquer “falha”, a frustração será um efeito tão natural quanto a cobrança do chefe, dos amigos, da família ou do mundo. Porém, antes de “dar respostas” a quem quer que seja, busque as “suas respostas para você mesmo”. Muitas vezes inexplicáveis, esses “baixos” podem até ser um recado claro de seu corpo e sua mente: “não queremos ou não podemos mais fazer isso – ao menos neste momento: que tal prestar atenção em você mesmo?”.

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