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Por que resolvi cancelar minha TV a cabo

Murilo Moreno
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Medi durante um mês o meu consumo de TV. Percebi que meu tempo está dividido em 75% de streaming, 15% de TV a cabo e 10% de TV aberta. Só que os custos são completamente inversos

Resolvi que vou cancelar minha assinatura de TV a cabo. Demorei né? Sou assinante desde 1992, quando me mudei para o Rio e assinei a antiga TVA, criada pela Editora Abril. O sinal era ruim, saia do ar de tempos em tempos, tinha poucos canais, mas finalmente a gente tinha opção aos pouquíssimos canais de TV aberta no Brasil.

Sempre fiquei na dúvida se as distribuidoras são fiéis a mim o tanto que sou fiel a elas. Já tive problemas com alguma delas, nas várias mudanças de planos e endereços que fiz ao longo dos anos. Depois de assinar, a sensação que sempre tive é que somos mais um. Não me lembro de qualquer uma delas me ligando para rever meu plano, fazendo um plano mais em conta com o mesmo pacote, como as operadoras de celular fazem de tempos em tempos. E vivo vendo ofertas de planos muito melhores do que os meus. Na mesma operadora! Fora quando um funcionário deles não me liga e me convida para trocar de operadora. Deles para eles mesmos… Só rindo.

Agora, cheguei à conclusão de que tenho jogado meu dinheiro fora. O prazer de ter 266 canais à minha disposição não vale o preço que é cobrado. Mas não ache que antes eu já não tivesse pensado nisso. A diferença é que agora o mercado está me libertando das algemas da TV por assinatura.

Deixe-me ser mais claro: por causa do #TMJ, medi durante um mês meu consumo de TV. Deu streaming na cabeça: Netflix em primeiro lugar, Amazon Prime em segundo, com a AppleTV crescendo assustadoramente na minha preferência. Com uma característica muito clara – ao abrir os streamings e a busca de filmes ou séries, vejo cada um deles funcionando como uma grande emissora pronta para me atender. Após essa escolha, vez por outra sigo para a TV a cabo onde, dos 266 canais, somente uns 20 e poucos me interessam. Hoje, passar por todos eles me cansa. E olha que já gostei disso.

Neste um mês de pesquisa assisti, na TV a cabo, Globonews, CNN, Telecine, ESPN e um pouco de HBO e Universal. Talvez um ou outro canal no zapping tenha me segurado, mas nada que não possa viver sem o conteúdo que me atraiu.

No fim meu tempo está dividido em 75% de streaming, 15% de cabo e 10% de TV aberta. Só que os custos são completamente inversos. Pago R$ 41,70 pelo streaming e R$ 234,99 pelo cabo. 15% do meu tempo me custa 85% do meu dinheiro! Tenho que ser muito burro para continuar desperdiçando meu dinheiro. Como eu sou quase um engenheiro, fiz os cálculos. Peguei o preço de todos os aplicativos dos canais que gosto, acrescentei o Disney Plus que vai ser lançado e cheguei a R$ 174,40. Cento e dois reais mais barato do que meus atuais 266 canais. R$ 1.224,00 no ano. Sem o risco de pagar a multa de fidelidade se resolver cancelar no meio do caminho.

A questão até pouco tempo atrás era que se você cancelasse sua TV a cabo, seus canais preferidos iriam embora com ela. Com o lançamento dos aplicativos dos diversos canais de conteúdo, esse risco deixou de existir. Com uma grande vantagem para as produtoras de conteúdo. Elas agora passaram a ser donas das bases de cliente. Não dependem mais da Claro TV, Vivo TV, Sky ou qualquer outra para chegar nos clientes. Chegam direto também, pois abriram seus próprios streamings.

As empresas precisam aprender que o consumidor não é burro. Ele compra de quem o trata bem e respeita o seu dinheiro. E só não troca de fornecedor se não existir opção. Essa é minha conclusão vendo o que está ocorrendo com o número de assinantes de TV por assinatura no Brasil. Depois de alcançar quase 20 milhões de assinantes em 2014, seu melhor resultado no país, os números se estabilizaram e desde 2018 vem despencando vertiginosamente. Hoje estão abaixo de 15 milhões e a Netflix sozinha já é maior do que todas as operadoras somadas.

Tenho passado por todas as revoluções que a TV brasileira tem passado. Primeiro sofri no oligopólio dos quatro canais de TV aberta. Fiquei feliz com a liberdade da TV a cabo, mas descobri que ela era outra cadeia, com a chegada dos streamings. Quem sabe no futuro a liberdade total seja pagar somente pelo que consumo?

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Murilo Moreno

Proprietário da Sequoia Estratégia e Marketing, consultoria de gestão, e professor da ESPM no curso de Publicidade e Propaganda.

1 Comentários

  1. Eduardo Zech 12 de novembro de 2020

    Meu dilema diário, Murilo. Já consegui desapegar de uma relação de 20 anos com uma operadora (por total falta de apego dela por mim) e mudar para outra que centralizei tudo. Para minha vergonha ainda maior, me submeti aos frágeis argumentos de minha esposa e mantive o telefone fixo (sim, sou eu que ainda tenho isso). Ainda chego no seu nível de largar esse grilhão com uma centena de canais absolutamente inúteis. Abraço

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