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3 perguntas e respostas de ‘O Dilema das Redes’ sobre a era digital

Jorge Tarquini
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A produção da Netflix reúne ex-altos executivos de empresas como Google, Facebook e Twitter para mostrar que o vício em redes é obra das empresas – e como os algoritmos terminam o trabalho levando à polarização

PERGUNTA 1
Você já se perguntou como alguém pode acreditar em algo que, para você, está na cara que não é verdade – ou como alguém pode ter uma leitura completamente diferente da sua sobre determinado fato?

PERGUNTA 2
Por que passamos cada dia mais e mais tempo grudados nas nossas “chupetas digitais” via celular?

PERGUNTA 3
Como assim as redes podem me fazer pensar e agir como elas querem?

ALERTA DE SPOILER!!!

RESPOSTAS QUE O DOCUMENTÁRIO “O DILEMA DAS REDES” OFERECE

RESPOSTA 1

As pessoas que pensam diferente de você se fazem a mesma pergunta – mas com relação a VOCÊ. Isso porque o que você vê não é a mesma coisa que o outro vê. Ao dar “aquilo que você quer”, eles criam as bolhas de concordância (onde nos sentimos confortáveis, pois todo mundo pensa como nós e, claro, as notícias que nos chegam nem pensam em nos questionar ou propor uma visão diferente).

Trata-se de uma estratégia “mais de você em você mesmo”, parafraseando o slogan de um cursinho pré-vestibular). Ou seja: da terra plana às teorias da conspiração, passando por posicionamentos polarizados e binários A e B sobre política, tudo se resume a duas posições (basicamente a favor ou contra, acredito ou não). Eis a gênese da polaridade e do “absurdo” de acreditar em coisas que sabemos não ser verdadeiras (e ainda oferecendo a mesma sensação a quem acha que o que VOCÊ pensa/crê é o absurdo).

RESPOSTA 2

Se estou ansioso, pego o celular. Se ouço a notificação, pego o celular. Se estou meio pra baixo, posto algo para colher likes. É o substituto para os doces, o cigarro e outras válvulas de escape. Mas com um risco: se não ganhamos os likes que esperamos, ficamos frustrados. Mas calma: talvez o que você postou não esteja sendo visto (lembra dos algoritmos?).

RESPOSTA 3

Onde tudo é “grátis”, o produto é VOCÊ. Sim, a única forma de essas empresas ganharem dinheiro é entendendo mais de você do que você mesmo, se antecipando e o vendendo para anunciantes que querem vender coisas para você (ou, pior, políticos que querem que você pense de um jeito ou de outro). É um bombardeio. E como é tudo “confortável”, a gente vai se afundando nisso…

Além das respostas 

Claro que as repostas acima são apenas um “resumo bem resumido” de todas as explicações dadas com didatismo e extrema crueza pelo documentário Original Netflix O Dilema das Redes, dirigido por Jeff Orlowski.

O documentário foi atrás de ex-altos executivos, designers de navegação, engenheiros e outros profissionais que, trabalhando para Google, Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e outras redes, criaram os algoritmos e desenharam o modo como as redes atuam diretamente – naquilo que se conhece como Tecnologia Persuasiva.

Ou seja: você apenas “parece” estar no comando de o que, quando, quanto e como ver. Para ilustrar e deixar tudo bem didático, uma parte “dramatizada” mostra os efeitos do que eles contam utilizando uma família como a minha ou a sua.

O maior destaque entre as fontes consultadas fica para Tristan Harris, ex-executivo do Google na área de ética de design, que hoje se dedica ao Center for Human Technology, fundado por ele.

Antecipando o tom geral: nenhuma das fontes consultadas, todos profissionais que ajudaram a criar as redes e erguer os impérios do Vale do Silício, deixa seus filhos entrarem nas redes, indicam desligar as notificações das redes sociais e, se quiser mesmo evitar o pior (veja o documentário para saber o que é esse pior), saia das redes e desinstale aplicativos.

E mais: não haverá milagres… Se quisermos evitar o cenário tão claramente desenhado, temos de arregaçar as mangas.

Para eles, se a sociedade o fizer, a democracia e a sobrevivência da sociedade como a entendemos agradecem.

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Tags:
Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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