Quase um ano e meio depois do terremoto que varreu nossas rotinas, estamos muitos de nós bem adaptados à rotina do home office. O que lá atrás foi motivo de insônia, ansiedade, depressão e outros efeitos colaterais das incertezas à frente hoje já é uma realidade funcional. Desenvolvemos nesse tempo novos ritos e processos pessoais e profissionais. Enfim: nos adaptamos (eis o que de melhor faz nossa espécie!).
No meio desse “conforto”, bate à porta uma nova expectativa: a volta ao “antigo normal”. Ou seja: governos e empresas já estão avisando seus funcionários que em agosto começarão a promover o retorno presencial ao trabalho. Caso essa perspectiva traga hoje a mesma sensação de desamparo e insegurança vividas em março do ano passado, não se espante: é normal.
Apesar de nossa grande capacidade de adaptação, também temos uma grande tendência a se sentir inseguro – mesmo numa volta a um estado anteriormente conhecido. É assim com quem “volta” a ser solteiro no fim de um relacionamento (mesmo tendo sido solteiro boa parte da vida), a estudar depois de muito tempo (mesmo tendo estudado boa parte da vida), a fazer qualquer coisa que já tenhamos feito por um bom tempo.
Claro que, no caso da volta da pandemia, o fantasma do “risco de vida” e as dores que todos vivemos por causa da doença e da perda de pessoas próximas e queridas são um forte tempero extra…
Uma coisa é necessária (e possível) nessa volta: ao contrário da guinada de março de 2020, quando fomos todos apanhados de supetão, desta vez podemos nos preparar. E temos de fazê-lo. Se lá atrás não dava para dizer a um empregador que não estava preparado para assumir o trabalho remoto, agora é possível (e saudável) expor seus medos e preocupações.
Sim: empresas e chefias têm de dar respostas positivas a essas demandas – coisa que não puderam fazer lá atrás. Não estamos falando de mimimi, de frescura. Ninguém está voltando de um ano sabático ou de uma longa temporada na Disney. Se as empresas não estiverem dispostas e disponíveis para esse diálogo franco, certamente teremos situações tão (ou mais) traumáticas na volta quanto tivemos um ano e tanto atrás.
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