Carreira

Neurocientista: conheça a profissão e o mercado

Quem também é de humanas ou exatas pode se especializar nessa ampla área do saber para trabalhar no meio acadêmico ou como consultor nas empresas

A neurociência nunca esteve tão na moda, como de 30 anos para cá. Além da carreira acadêmica, profissionais dessa área são hoje requisitados por empresas que querem entender melhor o que pensam e sentem os consumidores.  Mas, o que faz um profissional dessa área? Como ser neurocientista? E onde mais é possível atuar? Tudo isso e muito mais você descobre neste conteúdo construído a partir de uma conversa com Ana Souza, professora de Neurociência Aplicada ao Marketing no MBA em Marketing da ESPM e sócia fundadora da Nêmesis Neurociência Organizacional. 

Onde um neurocientista pode trabalhar

Área acadêmica

O caminho mais tradicional é a carreira a (a partir da pós-graduação), caso o profissional esteja desenvolvendo um projeto de pesquisa. Além disso, a especialização pode abrir caminhos para a docência (também outra vertente da carreira acadêmica), que é a que mais permite testar hipóteses e desenvolver conhecimento, além de publicar artigos sobre um dos milhares de temas relacionados à neurociência. 

Empresas

A neurociência aplicada é uma área mais recente, desenvolvida pelos grupos de pesquisa e pelos laboratórios tendo como foco o mercado. Isto é, são profissionais que desenvolvem o papel de especialista dentro das organizações — na elaboração de novos equipamentos médicos, surgimento de novos fármacos e exames ou de uma arquitetura específica, entre milhares de aplicações.  

Nessa situação, o mais comum é o neurocientista ser contratado para realizar as pesquisas (como consultor) para analisar dados. “Em algum momento, as organizações — independentemente da área que atuam — vão perceber que tantas as informações para entender o comportamento humano e sua complexidade, que ‘cabe’ um especialista nesse quadro”, observa a professora. 

Consultoria

Por enquanto, grande parte das empresas contrata o neurocientista de forma pontual, por meio da consultoria de um profissional autônomo. “Essa atividade tem sido muito valorizada porque a partir dos dados e treinamentos traz um olhar mais objetivo, mais pragmático, com menos subjetividade à visão tradicional das companhias”, analisa Ana. “São interpretações à luz da neurociência para ajudar a empresa conhecer — e reconhecer —o que acontece e tomar decisões organizacionais mais eficientes perante os desafios, aos comportamentos pessoais, vivenciando uma gestão de mudança.” 

O trabalho consiste em “entender” essas informações, muitas por meio de pesquisas que medem os processos já conhecidos pela psicologia, mas com o paralelo da neurociência para determinar como está o cenário. E, do ponto de vista da emoção, o que fazer para solucionar, por exemplo, os motivadores de estresse, fatores de desmotivação, a perda de engajamento e o que falta para gerar a conexão necessária (segurança psicológica, baixa empatia da liderança etc.) para determinar novos indicadores. 

Como ser neurocientista

Durante muito tempo, para estudar o tema era preciso se especializar após uma graduação — por meio do stricto sensu, com um mestrado ou doutorado. “No entanto, há poucos anos, algumas universidades estão propondo cursos de formação básica em neurociência”, explica Ana. “A graduação abre portas para esse conhecimento, porém como é muito abrangente, assim como o vasto campo de atuação, para trabalhar nessa área serão necessárias várias especializações para dar continuidade à carreira.” 

Apesar de frequentemente associado às ciências biológicas — por quem já tem um conhecimento de fisiologia, sistema nervoso e comportamento, entre outros — a profissão também pode ser atraente para quem cursa uma graduação em humanas ou exatas.  

A neurociência é uma área em ascensão. “E, ao que tudo indica, é uma formação e uma contribuição muito importante em um mundo automatizado, onde as pessoas vão ter que mudar muitas vezes [de profissão] e viver muito mais”, acrescenta. “O neurocientista deve ser alguém que entenda de comportamento e quem ajuda a sustentar o processo humano necessário para lidar com o mundo que nós temos hoje.” 

Para ser um neurocientista, é preciso estudar profundamente a fisiologia do sistema nervoso, que pode ser considerada a base mais importante dessa formação.  “Quem já tem mais conhecimento de fisiologia consegue lidar melhor com esse tipo de conhecimento, mas não é algo impossível para quem não teve essa base, mas exige bastante dedicação”, acrescenta a especialista.  

Um neurocientista deve saber como o funcionam os processos bioquímicos celulares, a relação entre as células, os circuitos relacionados aos comportamentos, processos cognitivos, a linguagem, além das ativações e funções do corpo humano, entre outras conexões. “Todo neurocientista tem que ser capaz de varrer todo esse espectro, porém alguns se concentram mais nos estudos biológicos celulares e outros vão se dedicar às discussões no campo comportamental, trabalhando as complexidades individuais de cada pessoa.” 

Neurocientista precisa de estudo constante

Não importa a área escolhida, o que vai diferenciar o neurocientista no mercado profissional é a sua experiência e a especialização em determinado campo de atuação. Isto é, a neurociência aplicada a algo. “Essa capacidade permite lidar com a variabilidade de dados e contextos, encontrar respostas teóricas para cada situação e fazer as conexões necessárias”, complementa.  

Bons exemplos são a neurociência aplicada ao marketing, ao design, aos processos de gestão de pessoas, entre outros. “Todo mundo se beneficia ao entender comportamentos e padrões que estão diretamente relacionados ao funcionamento do cérebro e os neurotransmissores. É uma construção junto com outras áreas do saber”, avalia a professora. 

Para a especialista, essa complementariedade é saudável. “Essa contribuição é a capacidade que a neurociência tem de trazer esse paralelo da resposta fisiológica cerebral e de ativação de circuitos associados com o objetivo de aprimorar as discussões, entender os fenômenos e os processos comportamentais.” 

Conheça o Neuromarketing: 

Patrícia Rodrigues

Jornalista colaboradora do Trendings.

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