Atualmente, quase tudo o que uma pessoa lê no ambiente digital passa pelo UX Writing. Mas o que é isso? Vamos começar pela sigla, que significa user experience (experiência do usuário). Associada ao “writing” (escrita), nomeia uma técnica de escrita que consiste em usar palavras simples, redação objetiva e clareza de informações para facilitar ao máximo a experiência do usuário de uma plataforma.
Mas, para entender o que é e como funciona UX Writing na prática, é preciso compreender a diferença entre isso e copy writing. O copy consiste em redigir textos como os de sites de notícias, blogs, informações corporativas e todo tipo de conteúdo que informe. Já o UX Writing se refere a microtextos como os de menus de sites e apps, formulários, botões e outros recursos de texto para orientar a navegação, além de chatbot.
“O trabalho de UX Writing é desenvolvido para proporcionar tranquilidade na navegação a partir da clareza das informações”, explica Magerson Bilibio, professor de UX Writing em cursos de extensão da ESPM. “E as empresas que se preocupam com isso sabem que é importante facilitar a vida dos clientes.”
Na prática, significa, por exemplo, explicar “antes” de cadastrar uma senha em um site ou app que ela deve ter letras (uma delas maiúscula), números e caracteres especiais. Assim evita-se o incômodo de a senha ser recusada porque não se encaixa no padrão necessário. “Se o usuário sabe o que tem de fazer, ele faz certo de início e não se irrita porque a informação veio depois”, comenta Bilibio. O resultado disso é a satisfação do cliente e a conclusão da compra ou contratação do serviço, que é o que as empresas desejam.
Para que tudo funcione bem, o UX Writer tem que conhecer a persona para quem a plataforma se destina – e levar em conta que sempre há mais de uma persona. É importante entender quem são essas pessoas, como pensam, como veem um site ou aplicativo e como leem as informações. Nesse sentido, a linguagem tem que ser simples e sem palavras rebuscadas para facilitar o entendimento. Também é importante pensar se é empírico para o usuário que um ícone com três tracinhos horizontais seja o “menu”, ou se é necessário escrever a palavra abaixo do ícone para ajudar a compreensão.
A mesma ideia serve para a descrição de um produto em um e-commerce. “Se você faz um site específico para profissionais do setor químico e escreve cloreto de sódio, ok, porque eles sabem o que é”, exemplifica Bilibio. “Mas no site de um mercado ou empório é mais fácil escrever sal.” Segundo o professor, a observação frequente do comportamento do usuário, mesmo em sites ou aplicativos bem conhecidos, é necessária para que sempre haja adaptações para melhorar a experiência. Afinal, estamos falando de user experience.
Para exemplificar, Bilibio cita quando o Instagram iniciou a publicação de posts com áudio. No período de lançamento do recurso, um microtexto ensinava o usuário a clicar no ícone para ouvir o som. Hoje isso já não é mais necessário e o ícone do alto falante apenas sinaliza se o som está ligado ou não.
“O objetivo é entregar tudo pronto para que a pessoa não precise pensar no que tem de fazer”, reforça o especialista. Por conta disso, a atuação da equipe de UX Writing é muito estratégica e requer profissionais que se coloquem no lugar do usuário para resolver ou evitar problemas durante a navegação. Além disso, é preciso que mantenham relação estreita com a equipe de UX Design, que é responsável pela interface do site ou app, pois o profissional de texto pode sugerir uma alteração visual ou a criação de um microtexto para melhorar a usabilidade.
Também é função do UX Writer fazer adaptações constantes para sempre facilitar a navegação, a partir da análise constate dos dados de comportamento nas plataformas. A observação de como as pessoas navegam permite descobrir porque X indivíduos não concluem a aquisição quando chegam em determinada etapa do site, enquanto outros X finalizam a compra.
Bilibio cita um exemplo comum em e-commerce, que é o botão “continuar”. Muitas vezes a pessoa já conferiu os itens do carrinho, inseriu os dados do cartão de crédito e dá de cara com o botão “continuar” em vez do “finalizar” e fica na dúvida sobre o que fazer. “Para quem faz o site, pode parecer óbvio que “continuar” finaliza a compra, mas para muitos usuários isso não faz sentido. Por isso é importante o profissional de UX Writing estar sempre atento aos indicadores de usabilidade e às métricas do site ou aplicativo e fazer alterações sempre que necessário”, explica.
Para trabalhar com UX Writing é importante gostar de escrever e de trabalhar em equipe, ter empatia e se colocar no lugar do usuário para entendê-lo e traduzi-lo, ter curiosidade de aprender sobre tecnologia e seus recursos e também sobre o negócio do cliente, além de saber ler e interpretar dados. Esse conhecimento é adquirido em cursos oferecidos a qualquer profissional interessado no tema.
Segundo Bilibio, além de jornalistas e redatores, há grande procura por publicitários e bibliotecários – ou até mesmo arquivistas e pessoas em transição de carreira. “Quando comecei a trabalhar com isso, não havia cursos e aprendi lendo muitos livros estrangeiros, mas a possibilidade de fazer um curso é o melhor caminho para aprender, porque ensina a pensar estrategicamente”, conclui.
UX Writer R$ 4,9 mil
Fonte: Glassdoor. Salários médios no Brasil em 19 de janeiro de 2023