Não há consenso de quando nasceu o live marketing. O que se sabe é que, mesmo antes da era digital, criar experiências memoráveis para engajar o consumidor já era uma ferramenta de vendas. Com o advento da internet, concursos, degustações, eventos e outras experiências interativas tornaram-se ainda mais populares.
Desde então, o termo live marketing — marketing ao vivo e “de experiência” — passou a fazer parte do dia a dia das agências especializadas e ganhou grande impulso desde a pandemia de covid-19 para as marcas se conectarem com consumidores de forma mais profunda e inovadora.
“Com todo mundo em casa, as redes sociais tornaram-se ainda mais importantes e as transmissões de streaming explodiram em larga escala no Brasil, algo que já era mais frequente em alguns países, como, por exemplo, a China, que faz transmissões o dia inteiro”, explica o professor Artur Motta, coordenador do MBA em Marketing da ESPM. “Foi a forma de dar continuidade aos negócios.”
Não é qualquer transmissão via rede sociais que pode ser chamada de live marketing. Como a própria tradução adianta, tem de ser ao vivo, mas não é só apresentar o produto: a finalidade dessa programação tem o objetivo de despertar o desejo no consumidor.
Diferentemente de programas como o Shoptime, que dá toda a informação sobre o produto de uma só vez, o formato do live marketing necessita, obrigatoriamente, permitir a interação do público em tempo real. “E de maneira ágil, com alguém para responder às perguntas para ser eficiente”, acrescenta o especialista.
Para Motta, é importante entender que não é só uma questão de uma “transmissão.” “Deve incluir espaços para a interação constante com o participante e, ao mesmo tempo, prender a atenção, despertar a curiosidade, cativar apresentando os motivos pelos quais o item mostrado é interessante e relevante”, observa. “Diferentemente de um e-commerce, cuja compra muito funcional e muito mais próximo da loja física, sem das desvantagens das dificuldades e barreiras espaciais, já que atinge o mundo inteiro, com outros e novos públicos, mesmo que a logística de distribuição seja apenas nacional.”
Todas as estratégias devem ser mostradas de forma programada para gerar “conversa”, em uma linguagem que provoque reações com determinado público. Além disso, não há um tempo de transmissão “ideal”: “Os ciclos são cada vez mais curtos porque o live marketing fala muito com as gerações mais novas, já acostumadas com o ambiente digital”, alerta. “Então, a duração depende do conhecimento que se tem desse público, de bom senso”, explica Motta. “Indico ciclos em torno de um minuto com tópicos distintos e um pouco mais de tempo para gerações mais experientes, mas que têm ainda certa dificuldade de lidar com novas tecnologias.”
Alguns produtos também podem ser mais “beneficiados” pela ferramenta. “É o caso de itens de moda, que rendem além da interação a respeito de informações básicas, como tamanho, a experiência de contato e uso do que outros mais funcionais”, observa o professor. “Mas você pode despertar novos interesses até com uma commodity. Tome o exemplo do arroz quando você propõe uma nova receita ou apresenta novos usos para algo já conhecido.”