Alguém nascido neste século consegue imaginar que uma mulher pudesse ser preterida na disputa por uma vaga de trabalho apenas pelo “risco” de ela engravidar – e ter o direito à licença-maternidade? Ou pelo fato de ter cromossomos XX?
Infelizmente, há empresas e empresários que teimam em se manter literalmente no século passado. Por outro lado, não é otimismo ingênuo parar e olhar o copo meio cheio (o que não pode, não deve e nem significa que não devamos fazer tudo o que for necessário para deixar o copo cheio até a boca).
É fato que as mulheres já são há algum tempo a maioria nas universidades brasileiras, conseguindo cerca de 60% das vagas, segundo o relatório Education at a Glance 2020, produzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E a taxa de conclusão é maior entre elas, também.
Hoje, no Brasil, cerca de 18% dos homens entre 25 e 34 anos possuem formação superior – enquanto entre elas a taxa chega a 25%. E isso se reflete na realidade do mundo do emprego: segundo levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), hoje as mulheres com ensino superior completo ocupam mais de 55% dos postos que exigem formação superior no mercado de trabalho – mesmo que, infelizmente, ainda com salários até 41% menores.
O que falta, então, para que caiam as inexplicáveis barreiras que não apenas levam a salários menores como à empregabilidade menor? Ou seja: o acesso ao mercado de trabalho: a taxa de empregabilidade de mulheres entre 25 e 34 anos com formação superior é de 82%, contra 89% para os homens na mesma faixa.
Isso, claro, se reflete (ou se comprova) pela menor presença de mulheres em posições de chefia – mesmo sendo maioria entre os profissionais. Segundo o Business Report, da Grant Thorton, com dados de 4.812 empresas de 32 países, no Brasil elas representam 34% dos cargos de liderança sênior (direção executiva) e 32% no cargo de CEO.
Se compararmos a empregabilidade para quem tem ensino médio, a discrepância fica em 63% x 76% entre quem tem ensino técnico e 45% x 76% entre quem não tem nenhuma formação superior ou técnica.
Daria para ficar aqui até 8 de março de 2022 elencando as questões: o descarte por idade, mulheres mães que abandonaram seus empregos durante a pandemia (para se dedicar à casa e os filhos, por exemplo).
Torço muito para que isso mude definitivamente quando quem nasceu neste século chegar aos postos de decisão. Afinal, parece que ainda há quem tema a presença feminina no mundo do trabalho…
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