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Mais atitude e menos discurso

Jorge Tarquini
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Todo mundo está falando de ESG. Mas será que estamos saindo do discurso para a ação? Só o tempo dirá…

Quando se fala de racismo no Brasil, por exemplo, pesquisas trazem números divergentes, mas que apontam na mesma direção, a da incoerência: a maioria aponta que ele existe em grande escala – mas a maioria também não se considera racista. Vejamos os números de duas pesquisas realizadas no final do ano passado.

Segundo a pesquisa do Atlas Político, para 90% dos brasileiros há racismo – e 97% não se considera racista; já no levantamento do PoderData, 81% dizem haver racismo, mas apenas 34% admitem preconceito contra negros.

Esse mesmo fenômeno de discursos que não refletem a realidade corre o risco de se repetir também no universo das empresas – no que diz respeito ao conceito ESG.

Explico: tenho ouvido, visto e lido sobre ESG de diversos executivos, das mais variadas empresas de todos os campos de atividade. E todo mundo colocando as questões ambientais, sociais e de governança como a prioridade zero – mais importante do que qualquer outra preocupação das corporações.

Não quero dar uma de pessimista (pois quem me conhece sabe que vejo o copo sempre meio cheio – às vezes até de forma irritantemente otimista). Porém, me lembro de como foi quando o termo “responsabilidade social e ambiental” era a bola da vez no discurso empresarial. A contar as “realizações” apontadas em relatórios anuais, era um mistério que o Brasil ainda estivesse em situação tão difícil nesses campos…

O que quero dizer? Não basta apenas criar programas, iniciativas, eventos, debates etc. que aliviam a consciência, mas nem sempre trazem resultados efetivos. É preciso REALMENTE mudar a mentalidade das pessoas (sim, empresas são uma abstração tangível por instalações físicas, mas que só existe pelas pessoas).

Vamos pensar em um exemplo. A empresa promoveu um programa exclusivo de contratação de trainees negros e trans. Boa! Mas o que a empresa efetivamente programou para integrá-los e permitir e incentivar o crescimento dessas pessoas dentro da empresa? Ou está todo mundo contente de apenas cumprir cota? Uma pesquisa realizada pelo site de empregos Indeed e o Instituto Guetto apontou que 47% dos profissionais negros não se sentem parte das empresas que trabalham. O mesmo pode acontecer com as duas outras medidas ESG, a ambiental e de governança.

Sim, sei que o ESG exige o estabelecimento de métricas para que se possa avaliar as boas práticas das empresas nesses três quesitos. Mas igualmente se media resultados brilhantes, apresentados em relatórios anuais… Meu ponto é outro: que, de tanto se repetir o termo, ele perca seu significado para virar apenas um placebo.

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Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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