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Situações embaraçosas em tempos de home office

Jorge Tarquini
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Há mais coisas para se preocupar nas relações virtuais de trabalho – além de mancadas já clássicas, como falar algo comprometedor com o microfone ligado ou aparecer em roupas de baixo para todos os colegas

Já virou rotina: histórias (e vídeos…) de barulhos domésticos invadindo reuniões ou aulas e pessoas que, sem atentar para microfones ligados, falaram mal do chefe ou de algum colega – ou ainda cenas involuntárias de nudez total ou parcial (sua ou do cônjuge) no meio de uma reunião. Engraçado para quem vê, mas trágico para quem protagoniza, esses eventos estão começando a concorrer com outras situações embaraçosas no ambiente virtual de trabalho.

Na falta de pneus que furam, metrôs que param ou ônibus que quebram, não restam muitas alternativas para quando alguém aparece na reunião com alguns minutos de atraso – e cara e cabelos de quem acabou de acordar. Já ouvi diversos consultores recomendando que a melhor política possa mesmo ser a honestidade: “perdi a hora”, “estava tentando fazer meu filho entrar na aula remota”, “me atrapalhei com a agenda”.

E a justificativa para o que poderia ser um “sincericídio” faz sentido: a essência do home office não era a de que trabalho é o que você faz e não onde ou quando faz? Se o trabalho invadiu o espaço da casa (e muitas vezes atrapalhando de verdade), natural que a recíproca seja verdadeira… E, da mesma forma e com a mesma naturalidade que, mesmo com trabalho remoto e por causa dele, você tenha de dizer não para sua família por causa de trabalho, temos de naturalizar o inverso.

Outra situação que tem se tornado comum e gerado embaraços: a falta de intimidade com o novo colega, que você só conhece pelas telas, telinhas e telonas –mas que, de propósito ou não, parece boicotar você em tudo ou criticar tudo o que você faz. Ou seja: falta de cumplicidade. Depois da era do “team work”, voltaremos à era do “my work”?

Em uma reunião presencial, temos outros elementos que ajudam a atenuar determinadas situações: o body talk, o olho no olho, o “esquenta” do cafezinho – e o pós reunião, que geralmente são um breque eficiente em avanços não muito cordiais. Nas reuniões online, acabou e ponto. A menos que você queira parecer uma criança birrenta e resolva ligar para seu colega para “discutir a relação”. Ou seja: a individualidade está voltando à moda, com um figurino retrô de inspiração “me, myself and I”.

Há muitas outras coisas que podemos debater aqui, mas, para terminar, queria lembrar de uma em especial: o incômodo de se sentir “invadido” na sua intimidade. Isso mesmo: a menos que você adote aqueles fundos virtuais (que eu evito, pois, para mim, é uma enorme distração pelas falhas recorrentes no recorte de nossa silhueta), sua casa está exposta. Como é seu “escritório”? É a sua sala? Você está no quarto? Seus móveis, seus quadros, a cortina (ou a ausência dela) estão ali para quem quiser ver – assim como os barulhos da sua casa, para quem quiser ouvir.

Uma coisa posso dizer: mesmo tendo vindo para ficar, o home office nos obrigará a criar uma nova etiqueta doméstico-corporativa – além de um novo equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. A maioria de nós já provou ter se adaptado. Mas estariam as empresas e chefias?

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Jorge Tarquini

Curador do #Trendings.

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