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Biologia e Política: professor de RI avalia os riscos desses campos para o Brasil

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Medo de novas ondas da covid e cenário político conturbado podem afastar investidores do País, avalia Rodolpho Bernabel

Por Rodolpho Bernabel*

Embora exista de fato uma subárea acadêmica que estude a influência da biologia na formação ideológica das pessoas, não é disto que trata esse texto. Aqui vamos na verdade analisar os riscos que esses dois campos fenomenológicos podem nos trazer num futuro próximo, especialmente no caso brasileiro. Quais as chances e as consequências de certos fatores para estas terras ignotas?

Comecemos pelo mais importante, a biologia. No momento em que estas linhas são escritas vivemos o medo da variante Delta do SARS-CoV-2; não que o processo de imunização da população brasileira em relação às variantes anteriores tenha sido um sucesso. As sucessivas variações virais trazem o medo de novas ondas pandêmicas que, até agora, sempre se realizaram. Tal constância na incerteza afasta de nossas praias o investidor mais avesso a risco, que vai aportar seus sonhos e ambições em outras paragens. Talvez o investidor mais propenso a risco aceite vir para cá, em busca de uma oportunidade que só ele vê, mas não sem antes passar os olhos no outro bicho desse artigo, a política.

A política brasileira não surpreende mais como um diagnóstico de doença aguda. O problema aqui é crônico e apresenta sinais de piora rápida. Caminhamos para um cenário ainda mais polarizado em 2022 do que em 2018, com facções mais radicais de lado a lado do eleitorado. A maioria silenciosa de centro, que só gostaria de viver em paz terá que optar pelo candidato que achar um pouco menos pior, e o desempate, ao que indicam os principais contendores, deve requerer o photochart. O investidor que já olhava de soslaio as perspectivas da economia brasileira dado o teimoso Coronavírus, precisará de muito sangue frio para apostar num país onde a história se repete, as primeiras vezes como tragédia e as segundas como farsas.

Sendo, portanto, provável que algo dê errado, e esperado que algo dê muito errado, podemos imaginar um futuro não muito distante em que uma economia cambaleante devido a recorrentes crises esteja sendo dirigida por alguém que não terá grande apoio e nem muito menos entusiasmo popular, independentemente de quem seja essa figura. A soma dos impactos desses fatores biológicos e políticos resulta num ambiente em que o risco é alto não só para investidores institucionais, sejam eles grandes instituições ou a pessoa física que não aguenta mais ouvir falar que poupança é coisa do passado, mas também para qualquer pessoa que por obra do destino se encontra por aqui.

Para não dizer que não falei das flores, há uma leva de novas lideranças políticas que juntam inteligência, tolerância e, o que é fundamental por estes tempos, bom humor. Provavelmente ainda baterá cabeça até descobrir que ela é a única terceira via aceitável, mas acredito que ainda há tempo para isso; será isso ou a polarização atual, pois não devemos ter muito espaço para velhas novidades.

* Professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Coordenador do Risk Analysis and International Affairs Lab. Professor de Relações Internacionais na Universidade de São Paulo. Professor de Análise de Dados na Caelum. Doutor em Politics and Government (New York University), doutor em Ciência Política (USP), mestre em Ciência Política (USP) e bacharel em Ciências Sociais (USP).

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