Em diversos lugares, mesmo que a pandemia não tenha sido debelada, o avanço da vacinação tem funcionado como “seguro-fiança” para o fim de algumas restrições, como horários de funcionamento ou capacidade de espaços como restaurantes, escritórios e escolas. Para quem ainda estava no “modo remoto” para todas as atividades, é hora de “retomar”.
O que poderia parecer uma redenção, para muitos tem se tornado motivo de preocupação e sinal de como a pandemia e o isolamento afetaram psicologicamente muitas pessoas.
Há os que estão sentindo até um certo pânico de sair de casa, de retomar o contato presencial com outras pessoas – e que ainda temem o contágio e a possibilidade de levar o vírus para casa.
Não faltarão os que já imaginam a piora na qualidade de vida com o tempo que vão “perder” nos deslocamentos, no trânsito. E com a ansiedade de ter de se alimentar fora de casa – o que exige retirar a máscara para poder comer…
Existem outras questões mais prosaicas: acostumados a se esparramar livremente com a liberdade de chinelos, nossos pés certamente se expandiram lateralmente sem os limites dos sapatos – o que certamente vai causar um desconforto inicial. Ou a sensação estranha de ter de voltar a vestir calças, envelopando pernas que se acostumaram plenamente à exposição das bermudas.
Na “nova contabilidade” do “vale a pena?”, até o que inicialmente pareceu um “martírio”, como trabalhar em casa, com filhos, cachorros e vizinhos barulhentos ao redor, ou fazer chamadas de vídeo sem fim parecem fazer mais sentido do que ter de “ir trabalhar” – pois trabalho é o que “eu faço” e não o lugar “onde faço”.
Bem, pode ser que você leitora, você leitor, faça parte daquele grupo que não pensa nada disso e nem sente nada parecido com o que descrevi aqui. Sorte sua. Só não pense que os que estão na outra ponta estejam de mimimi…
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