Você já se deu conta do quanto informações da sua vida estão armazenada em equipamentos como smartphones, assistentes de voz e até mesmo em sua smart TV? Como os fabricantes desses gadgets guardam essas informações e o que fazem com elas? Para proteger os dados dos usuários, as corporações trabalham com um conjunto de medidas técnicas chamadas de privacy by design.
“Privacy by design é pensar na privacidade do usuário ainda na concepção de um projeto de produto, levando em conta os cuidados que o fabricante deve ter em termos da privacidade para preservar o cliente”, explica Patricia Peck Pinheiro, professora da graduação em Direito da ESPM.
Para ilustrar, a advogada cita como exemplo um poste inteligente, que acende conforme o fluxo de pessoas em uma rua. Há um sensor que regista por meio de imagens a quantidade de pedestres que passam e essa imagem vai ser armazenada pela empresa como dado estatístico. Em um projeto baseado em privacy by design, provavelmente a imagem das pessoas não vai mostrar seu rosto, mas sim borrar sua face para proteger a sua identidade.
Quem aponta a necessidade de não mostrar o rosto dos indivíduos é o advogado especializado da empresa, conhecido por Data Protection Officer (DPO). Trata-se de um cargo novo, que alia direito digital à segurança da informação. O DPO zela pela proteção das pessoas para atender à Lei Geral de Proteção de Dados. Afinal, a legislação não diz respeito apenas aos dados de cadastro de usuários em sites, e-commerce e apps. Ela salvaguarda o consumidor em qualquer tipo de situação que armazene seus dados, até mesmo em uma smart TV.
O privacy by design se baseia em 7 princípios:
Desde a sua concepção o projeto tem de ser pensando para proteger os dados do usuário, antecipando possíveis invasões ao sistema para que elas não aconteçam.
O próprio nome do princípio já o explica, ou seja: deve ser padrão fazer tudo o que for possível para manter a privacidade do indivíduo.
A arquitetura do sistema da informação de um projeto precisa privilegiar a segurança e a privacidade.
Privacidade e eficiência têm que caminhar juntas; não se privilegia uma em detrimento da outra.
A captura dos dados pessoais tem que proteger a privacidade e garantir a segurança da informação desde a sua configuração pelo usuário até o seu descarte.
Ser transparente na elaboração e comunicação da política de privacidade e uso de dados dos clientes.
A empresa deve avisar a pessoa quanto às opções amigáveis de configuração de dados, a fim de que ela entenda o que vai ser utilizado das informações fornecidas.